O transtorno por uso de álcool é definido como dificuldades repetidas relacionadas ao álcool em pelo menos 2 de 11 áreas da vida agrupadas no mesmo período de 12 meses. A intensidade se baseia no número de critérios preenchidos: leve em Caso de dois ou três critérios, moderada para quatro ou cinco e grave para seis ou mais.
Dois ou mais dos seguintes critérios que ocorrem durante um período de 12 meses devem ser confirmados para o diagnóstico de um transtorno por uso de álcool: Ingestão de bebida que resulta em falha recorrente para cumprir obrigações; Ingestão de bebida recorrente em situações prejudiciais; Ingestão contínua de bebida apesar de problemas sociais ou interpessoais relacionados com o álcool; Tolerância; Abstinência ou uso de substância para alívio/evitação de abstinência.
Beber em grandes quantidades ou por mais tempo do que o pretendido; Desejo persistente/tentativas malsucedidas de parar ou reduzir o uso de álcool; Muito tempo gasto para obtenção, uso ou recuperação de seus efeitos; Atividades importantes abandonadas/reduzidas em virtude do uso de álcool; Ingestão contínua de bebida apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico causado pelo álcool; Fissura por álcool.
Leia mais:O risco ao longo da vida de transtornos por uso de álcool é de 10 a 15% para os homens, e de 5 a 8% para as mulheres. O primeiro grande problema pelo uso excessivo de álcool aparece no início da idade adulta, seguindo-se períodos de exacerbação e remissão.
A evolução não é totalmente desfavorável; após o tratamento, entre 50 e 66% dos pacientes mantêm a abstinência durante anos e frequentemente de maneira permanente. Se alcoolista continuar a beber, a expectativa de vida é reduzida em 10 anos em média pelo aumento do risco de morte por doenças cardíacas, câncer, acidentes ou suicídio.
O rastreamento para o alcoolismo é importante dada a sua alta prevalência. Questionários padronizados podem ser úteis na prática clínica, como o Teste de identificação de problemas relacionados ao uso de álcool (AUDIT, ALCOHOL USE DISORDERS IDENTIFICATIOSN TESTE).
O atendimento médico rotineiro exige atenção a potenciais doenças relacionadas com o álcool e o alcoolismo em si: Neurológicas: apagões (blackouts), convulsões, delirium tremens (DT), degeneração cerebelar, neuropatia e miopatia. Gastrointestinais: esofagite, gastrite, pancreatite, hepatite, cirrose e hemorragia gastrintestinal. Cardiovasculares: hipertensão, miocardiopatia. Hematológicas: macrocitose, deficiência de folato, trombocitopenia e leucopenia. Endócrinas: ginecomastia, atrofia testicular, amenorreia e infertilidade. Esqueléticas: fraturas, osteonecrose. Cânceres: de mama, oral e de esôfago, retal
Intoxicação pelo álcool: o álcool é um depressor do SNC que atua sobre os receptores do ácido y-aminobutírico (GABA), o principal neurotransmissor inibidor no sistema nervoso. Alterações comportamentais, cognitivas e psicomotoras podem ocorrer em níveis sanguíneos de álcool de 0,02 a 0,03 g/dL, nível atingido após a ingestão de uma ou duas doses de bebida.
A “intoxicação legal” na maioria dos estados dos EUA exige uma concentração de álcool no sangue de 0,08 g/dL; níveis duas vezes maiores que esse podem causar sono profundo, mas perturbado. Falta de coordenação motora, tremor, ataxia, confusão, torpor, coma e até morte ocorrem em níveis progressivamente maiores de álcool no sangue.
Abstinência de álcool: o uso crônico de álcool produz dependência do SNC, sendo o tremor o primeiro sinal de abstinência alcoólica, o qual ocorre 5 a 10 h após diminuir a ingesta de etanol. Isso pode ser seguido por convulsões generalizadas nas primeiras 24 a 48 h, que não requer medicamentos anticonvulsivantes. Na abstinência grave, há hiperatividade autonômica (sudorese, hipertensão, taquicardia, taquipneia e febre), acompanhada de insônia, pesadelos, ansiedade e sintomas Gastrointestinais.
* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.
Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.