Depois de sofrer com náuseas intensas e muitos vômitos durante a gestação, a pesquisadora Marlena Fejzo, da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, passou décadas conduzindo um estudo para entender exatamente o que acontece no corpo das grávidas para desencadear tantos desconfortos nos primeiros meses.
No início dos anos 2000, a comunidade científica conseguiu identificar um hormônio específico que aparecia em quantidades muito altas em gestantes, o GDF15. Desde então, dois estudos apontaram que mulheres grávidas que sofrem com náuseas e vômitos severos têm um problema em dois genes — justamente os que são responsáveis pela produção do GDF15.
Em 2022, o time de Fejzo descobriu uma variante genética rara do hormônio que também estava ligada ao risco de sofrer com os incômodos durante a gestação.
Leia mais:Foram analisadas 60 gestantes que estavam com náuseas e vômitos e um grupo de tamanho semelhante que não sentia nada. Nas mulheres que tinham o problema, os níveis de GDF15 eram consideravelmente maiores.
Também foram comparados os dados das mulheres que tinham variações genéticas do hormônio diferentes das que os fetos apresentavam — a informação sugere que o GDF15 é produzido também pelo feto e pela placenta.
Outros estudos com grávidas confirmam
Os pesquisadores também revisaram um estudo com 18 mil mulheres escocesas. O levantamento mostra que grávidas com níveis mais altos do hormônio antes da gestação tinham menos chance de desenvolver os incômodos. Ou seja, uma saída para tratar essas pacientes seria torná-las menos sensíveis aos hormônios ainda no início da gestação.
“As nossas evidências sugerem que a severidade das náuseas e vômitos durante a gravidez é resultado de uma interação entre o GDF15 que vem do feto e a sensibilidade da mãe ao peptídeo, que está ligada à exposição anterior ao hormônio”, escrevem os cientistas. O estudo foi publicado apenas em pré-print, ou seja, ainda não foi revisado pela comunidade científica.
“Nossa descoberta coloca o GDF15 no centro do problema com a náusea e vômitos, e claramente aponta para estratégias de tratamento e prevenção”, completam.
(Fonte: Metrópoles)