A causa do mieloma múltiplo é desconhecida, mas a condição é decorrente de alterações genéticas que afetam o funcionamento das células da medula óssea. Quase 27.000 novos casos são diagnosticados a cada ano.
O plasmócito é responsável pela produção de anticorpos que nos protegem das infecções, mas ao sofrerem mutações transformam-se em células malignas e produzem grande quantidade de anticorpos anômalos que se acumulam no sangue.
No mieloma múltiplo, os plasmócitos são anormais e se multiplicam rapidamente, comprometendo a produção das outras células do sangue. Por isso, os pacientes podem ter anemia e ficam sujeitos a infecções. Trata-se de uma proliferação maligna de plasmócitos na medula óssea, que notavelmente não ocorre nos linfonodos.
Leia mais:As manifestações da doença resultam da expansão do tumor, de ações locais e remotas dos produtos tumorais e da resposta do hospedeiro ao tumor. Cerca de 70% dos pacientes apresentam dor óssea, que em geral acomete as costas e costelas, precipitada pelo movimento.
A produção de citocinas ativadoras de osteoclastos pelas células tumorais leva a uma mobilização substancial de cálcio, hipercalcemia e sintomas relacionados com esse distúrbio. As lesões ósseas são múltiplas, líticas e raramente acompanhadas de uma resposta osteoblástica.
Por conseguinte, as cintilografias ósseas são menos úteis que as radiografias. Pode ocorrer insuficiência renal em 25% dos pacientes. Sua patogenia é multifatorial, como hipercalcemia, infecção, efeitos tóxicos das cadeias leves, nefropatia por urato e desidratação.
Ocorre anemia mielotísica em 80% dos casos, e inibição da eritropoiese pelos produtos tumorais. As anormalidades da coagulação podem induzir sangramento. Cerca de 10% dos pacientes apresentam doença muito lentamente progressiva (mieloma indolente) e não necessitam de tratamento até que os níveis de paraproteína se elevem acima de 50 g/L ou até que ocorra doença óssea progressiva.
Os pacientes com plasmocitoma solitário e plasmocitoma extramedular são habitualmente curados com radioterapia localizada. O tratamento de suporte inclui o tratamento precoce das infecções, o controle da hipercalcemia com glicocorticoides, hidratação e natriurese.
A administração crônica de bisfosfonatos para antagonizar a destruição esquelética, a profilaxia contra a nefropatia por urato e a desidratação. A terapia direcionada para o tumor em geral é paliativa. O tratamento inicial em geral consiste em uma de várias abordagens, com base na possibilidade de o paciente ser candidato à terapia com altas doses e ao transplante autólogo de células-tronco.
Os tumores primários da medula espinal raramente ocorrem e é mais comum que a compressão medular seja decorrente de metástases epidurais dos corpos vertebrais acometidos pelo tumor, sobretudo de próstata, pulmão, mama, linfoma e lesões primárias do mieloma.
Os pacientes apresentam-se com dores nas costas, que piora na posição reclinada, com hipersensibilidade local. Pode ocorrer perda dos controles intestinal e vesical. Ao exame físico, os pacientes demonstram perda da sensibilidade abaixo de uma linha horizontal no tronco. Observam-se com frequência fraqueza e espasticidade das pernas, além de reflexos hiperativos com os artelhos erguidos.
As radiografias da coluna vertebral podem revelar erosão dos pedículos, lesões líticas ou escleróticas dos corpos vertebrais e colapso vertebral. O colapso isoladamente não é um indicador confiável da presença de tumor. Essa é uma manifestação comum de uma doença mais frequente, a osteoporose. A Ressonância Magnética consegue visualizar a medula espinal em todo o seu comprimento e definir a extensão do acometimento tumoral.
Radioterapia mais dexametasona, 4 mg IV ou VO a cada 4 h, conseguem bloquear e reverter os sintomas em cerca de 75% dos pacientes diagnosticados enquanto ainda conseguem deambular. A cirurgia resulta em melhores taxas de recuperação, mas pode ser extensa (ressecção de corpo vertebral com estabilização espinal).
* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.
Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.