Correio de Carajás

Silêncio e omissão

Há políticos que crescem na adversidade. Superam problemas e dão a volta por cima. Outros, porém, se encolhem ou somem, mesmo no exercício de cargo relevante, como é o caso do governador Simão Jatene. A violência grassa por todos os cantos do estado, e o que faz Jatene? Não se manifesta, refugia-se na própria omissão. Chacinas, rebeliões em presídios, mortes de policiais. Nada tira o governador de sua zona de conforto. Um fim melancólico de governo.

Nero em Belém

Jatene parece viver em uma realidade paralela. Em meio a declarações de seu secretário de segurança, Luiz Fernandes, de que “se sente seguro em Belém”, o governador aparece em vários vídeos, gravados por assessores, cantando rock, samba e bossa nova. Prefere as lembranças de quem iniciou a vida como músico, tocando e cantando em barzinho, enquanto Belém, como na Roma antiga, pega fogo. É sintomático.

Leia mais:

Não é loucura, não

Comunista ferrenho, o deputado Aldo Rebelo apareceu na televisão ao lado de um aliado que se supunha improvável durante filiação ao partido Solidariedade. Com cara de sério, o deputado Wladimir Costa, que diz detestar comunista, fazia a corte ao novo companheiro. Nas redes sociais, comunistas de raiz arrancaram os cabelos, atacando Rebelo. Como na lei da física, a política também atrai os contrários. E os une. Pelo instinto de sobrevivência.

Lá não é aqui

Após quase 30 anos de polarização, PT e PSDB encerram, unidos pelo fracasso, uma fase da política nacional. As duas legendas, com seus caciques na cadeia ou processados por corrupção, colhem o que plantaram. No Pará, porém, enquanto o PT murcha, o PMDB tufa o peito, embora na linha de tiro da Lava Jato, e parte para cima do PSDB sem que os tucanos tenham sequer ainda definido quem irão apresentar como candidato ao governo.

Esquerda com Helder?

Um desenho lógico é trabalhado nos bastidores: Helder Barbalho, pré-candidato do PMDB, quer evitar problemas com candidatos de esquerda. Já conseguiu tirar a jornalista Úrsula Vidal de seu caminho. Ela acaba de ser lançada pelo Psol candidata ao Senado. Já o petista Paulo Rocha, embora jure que sua candidatura é para valer, estaria prestes a abandonar a disputada pelo governo. A conferir. Ou desmentir.

Nas redes e na rua

Quem é rico e tem dinheiro para gastar na campanha eleitoral deste ano tem mais vantagem para se eleger. Isto é fato, embora inúmeras campanhas milionárias, pecando pelo mal planejamento, tenham resultado em retumbante fracasso. Em 2018, o palco está dividido: quem souber trabalhar seu nome nas redes sociais – leia-se Facebook, Twitter, Youtube e outras plataformas digitais -, mas sem descuidar das ruas, estará com a faixa da eleição no peito.

 

________________BASTIDORES______________________

 

* Levantamento feito pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) aponta que pelo menos 14 dos 27 governadores no exercício da função estão na mira da corte, respondendo a processos por improbidade e corrupção.

* Em agosto do ano passado, o STJ decidiu retomar análise de denúncia por corrupção contra o governador Simão Jatene (PSDB). É a ação penal 827, na qual o MPF alega que, em 2003, já no cargo de chefe do Executivo estadual, Jatene teria emitido decretos para perdoar dívidas da Cervejaria Cerpa S/A em troca de vantagens indevidas.

* O próximo passo é que o STJ julgue o recebimento da denúncia, que foi retirada de pauta no dia 7 de abril. Jatene não é candidato a nada nesta eleição, mas o processo contra ele, quando deixar o cargo, voltará à Justiça paraense, já que houve a perda do foro privilegiado.

* No caso de outros governadores, alguns deles candidatos à reeleição ou ao Senado, o número de processos no STJ certamente é maior, mas é impossível precisar quantos são porque alguns correm sob sigilo – o que impede que se saiba a que tipo de investigações se referem.

* Segundo a Agência Pública, o número de ações penais, inquéritos e sindicâncias no STJ em que estão ou estiveram implicados os governadores eleitos em 2014 – incluindo os que deixaram recentemente o cargo – chega a 64. Destes, no momento, 44 estão sob sigilo.

* Nove dos 14 governadores em exercício são parte de processos não protegidos por segredo de justiça no tribunal. A Pública analisou a movimentação dessas ações penais e inquéritos e constatou que, dos nove, apenas Hartung (MDB), do Espírito Santo, e Rodrigo Rollemberg (PSB), do Distrito Federal, não são alvo do Ministério Público Federal – o primeiro é processado por supostas ofensas a um juiz federal, e o segundo, por injúria e difamação.

* Os advogados de Simão Jatene alegam que o processo contra ele já prescreveu. O STJ entende que não. Tanto que dará seguinte à ação. Até janeiro de 2019, quando o processo retorna ao Pará.

Há políticos que crescem na adversidade. Superam problemas e dão a volta por cima. Outros, porém, se encolhem ou somem, mesmo no exercício de cargo relevante, como é o caso do governador Simão Jatene. A violência grassa por todos os cantos do estado, e o que faz Jatene? Não se manifesta, refugia-se na própria omissão. Chacinas, rebeliões em presídios, mortes de policiais. Nada tira o governador de sua zona de conforto. Um fim melancólico de governo.

Nero em Belém

Jatene parece viver em uma realidade paralela. Em meio a declarações de seu secretário de segurança, Luiz Fernandes, de que “se sente seguro em Belém”, o governador aparece em vários vídeos, gravados por assessores, cantando rock, samba e bossa nova. Prefere as lembranças de quem iniciou a vida como músico, tocando e cantando em barzinho, enquanto Belém, como na Roma antiga, pega fogo. É sintomático.

Não é loucura, não

Comunista ferrenho, o deputado Aldo Rebelo apareceu na televisão ao lado de um aliado que se supunha improvável durante filiação ao partido Solidariedade. Com cara de sério, o deputado Wladimir Costa, que diz detestar comunista, fazia a corte ao novo companheiro. Nas redes sociais, comunistas de raiz arrancaram os cabelos, atacando Rebelo. Como na lei da física, a política também atrai os contrários. E os une. Pelo instinto de sobrevivência.

Lá não é aqui

Após quase 30 anos de polarização, PT e PSDB encerram, unidos pelo fracasso, uma fase da política nacional. As duas legendas, com seus caciques na cadeia ou processados por corrupção, colhem o que plantaram. No Pará, porém, enquanto o PT murcha, o PMDB tufa o peito, embora na linha de tiro da Lava Jato, e parte para cima do PSDB sem que os tucanos tenham sequer ainda definido quem irão apresentar como candidato ao governo.

Esquerda com Helder?

Um desenho lógico é trabalhado nos bastidores: Helder Barbalho, pré-candidato do PMDB, quer evitar problemas com candidatos de esquerda. Já conseguiu tirar a jornalista Úrsula Vidal de seu caminho. Ela acaba de ser lançada pelo Psol candidata ao Senado. Já o petista Paulo Rocha, embora jure que sua candidatura é para valer, estaria prestes a abandonar a disputada pelo governo. A conferir. Ou desmentir.

Nas redes e na rua

Quem é rico e tem dinheiro para gastar na campanha eleitoral deste ano tem mais vantagem para se eleger. Isto é fato, embora inúmeras campanhas milionárias, pecando pelo mal planejamento, tenham resultado em retumbante fracasso. Em 2018, o palco está dividido: quem souber trabalhar seu nome nas redes sociais – leia-se Facebook, Twitter, Youtube e outras plataformas digitais -, mas sem descuidar das ruas, estará com a faixa da eleição no peito.

 

________________BASTIDORES______________________

 

* Levantamento feito pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) aponta que pelo menos 14 dos 27 governadores no exercício da função estão na mira da corte, respondendo a processos por improbidade e corrupção.

* Em agosto do ano passado, o STJ decidiu retomar análise de denúncia por corrupção contra o governador Simão Jatene (PSDB). É a ação penal 827, na qual o MPF alega que, em 2003, já no cargo de chefe do Executivo estadual, Jatene teria emitido decretos para perdoar dívidas da Cervejaria Cerpa S/A em troca de vantagens indevidas.

* O próximo passo é que o STJ julgue o recebimento da denúncia, que foi retirada de pauta no dia 7 de abril. Jatene não é candidato a nada nesta eleição, mas o processo contra ele, quando deixar o cargo, voltará à Justiça paraense, já que houve a perda do foro privilegiado.

* No caso de outros governadores, alguns deles candidatos à reeleição ou ao Senado, o número de processos no STJ certamente é maior, mas é impossível precisar quantos são porque alguns correm sob sigilo – o que impede que se saiba a que tipo de investigações se referem.

* Segundo a Agência Pública, o número de ações penais, inquéritos e sindicâncias no STJ em que estão ou estiveram implicados os governadores eleitos em 2014 – incluindo os que deixaram recentemente o cargo – chega a 64. Destes, no momento, 44 estão sob sigilo.

* Nove dos 14 governadores em exercício são parte de processos não protegidos por segredo de justiça no tribunal. A Pública analisou a movimentação dessas ações penais e inquéritos e constatou que, dos nove, apenas Hartung (MDB), do Espírito Santo, e Rodrigo Rollemberg (PSB), do Distrito Federal, não são alvo do Ministério Público Federal – o primeiro é processado por supostas ofensas a um juiz federal, e o segundo, por injúria e difamação.

* Os advogados de Simão Jatene alegam que o processo contra ele já prescreveu. O STJ entende que não. Tanto que dará seguinte à ação. Até janeiro de 2019, quando o processo retorna ao Pará.