Carnaval é festa – mas, se o folião não estiver atento, pode acabar em tristeza também. Com muita gente desatenta (e outras tantas alcoolizadas), os golpistas aproveitam para fazer a folia deles também.
Um dos golpes mais comuns é aquele em que o cliente pede uma bebida, entrega o cartão ao vendedor, digita a senha e, horas depois, percebe que durante a compra o seu cartão foi trocado.
Troca de cartão
Leia mais:
Nesse golpe, o criminoso – que, muitas vezes, se passa por ambulante – devolve um modelo idêntico, geralmente de uma pessoa que sofreu com o mesmo esquema.
Existe uma forma simples, mas eficaz, de evitar esse golpe. Nunca entregue seu cartão para alguém inserir na máquina e realizar o pagamento. Faça isso você mesmo. A dica é da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que faz uma série de alertas para crimes financeiros.
Os criminosos são rápidos. Eles utilizam o cartão e a senha – observada no momento da digitação – para realizar compras e transações com seus dados. Nesse caso, cabe outra dica antiga, mas igualmente importante: o cuidado com a senha.
“É fundamental não deixar as pessoas vieem o que você está digitando. Tem gente especializada em memorizar [a senha] rapidamente”, explica o diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da Febraban, Adriano Volpini. “O chip é uma tecnologia bastante segura. Então, se o golpista não tiver acesso ao cartão e à senha, ele não vai conseguir transacionar.”
O especialista também alerta que, muitas vezes, os golpistas usam algum truque e desviam a atenção do folião para que a vítima digite a senha no campo destinado ao valor da compra, o que deixa os números à mostra.
“Isso permite que o bandido descubra o código secreto. É importante ressaltar que o campo de senha deve mostrar apenas asteriscos”, diz.
Alteração de valor
Outro golpe muito comum é o da alteração do valor. Nesse caso, o criminoso digita um valor diferente do que deveria ser pago.
Tendo isso em vista, se você já inseriu o cartão na maquininha e está pronto para proteger a sua senha, o terceiro passo é observar o valor que aparece no visor. Outra dica é pedir o comprovante para confirmação do valor da compra.
“Se te falarem que o visor [da máquina] está quebrado ou que não está saindo o comprovante, pode desconfiar. Ele pode passar um valor diferente, que você não consegue saber qual é, e você vai digitar a senha acreditando que está pagando determinado valor, mas será outro”, alerta.
Outro motivo de desconfiança é quando o vendedor pede para passar o cartão novamente. Nesse momento, é preciso verificar o valor e se houve alguma cobrança diferente pelo aplicativo do banco.
Também é importante não guardar senhas, especialmente de bancos, em blocos de anotação ou aplicativos no celular. O papelzinho – hoje menos utilizado – também é contraindicado.
PIX
Os mesmos cuidados valem para pagamentos via PIX. Nesse caso, é essencial confirmar se o QR Code indicado ou a transferência está com o valor correto e indo para a pessoa certa. A atenção vale não só para o Carnaval.
“Caso contrário, você acha que está comprando um café e vai transferir mil reais para alguém que não sabe quem é. Esse cuidado na transação é muito importante. É um momento em que você está com pressa, quer resolver logo o seu problema e já está ‘animado’. É aí que o golpista aproveita”, destaca.
Diminuir os limites de transação, seja do PIX ou de cartões, também é uma ferramenta que pode ajudar a evitar maiores prejuízos. “Se a pessoa vai para algum lugar de maior risco e em meio a aglomerações, é uma medida que ajuda a proteger o próprio dinheiro”, diz.
Como se prevenir?
Confira dez dicas da Febraban para aproveitar o feriado do Carnaval com mais segurança para o seu bolso:
- Proteja seu cartão e não o guarde solto em bolsos ou bolsas, pois isso pode facilitar o pagamento por aproximação em situações de aglomeração, como em bloquinhos de Carnaval;
- Ao comprar algo na rua, nunca entregue seu cartão para alguém inserir na maquininha e realizar o pagamento. Sempre faça este processo você mesmo;
- Ao digitar sua senha, garanta que não esteja visível para quaisquer pessoas ao seu redor;
- Não aceite realizar pagamentos se o visor da maquininha estiver danificado, impedindo que você veja o valor que está pagando;
- Sempre verifique o valor digitado na maquininha e peça o comprovante impresso;
- Se o vendedor informar que precisa passar o cartão novamente, desconfie. Verifique o valor e se houve alguma cobrança diferente pelo aplicativo do seu banco;
- Caso o vendedor necessite pegar seu cartão, cheque se o cartão devolvido é realmente o seu;
- Mantenha o seu celular sempre protegido em situações de aglomerações. Em bloquinhos de Carnaval, há possibilidade de furto do aparelho;
- A senha deve ser única para acesso ao banco. Também use o bloqueio de tela inicial, biometria facial/digital para acessar o celular e os aplicativos. Ative o bloqueio automático de tela;
- Em caso de roubo, comunique imediatamente o seu banco e registre um boletim de ocorrência.
Caí em um golpe e percebi instantes depois. O que fazer?
O primeiro passo é ligar para o banco e explicar a situação. Quanto antes entrar em contato, maior a chance da instituição na tentativa de recuperar o dinheiro e realizar a devolução, explica Volpini. A segunda etapa é fazer um boletim de ocorrência.
“Como a consequência maior é o uso do seu dinheiro, a recomendação é: ligue para o seu banco imediatamente e diga o que aconteceu para que a instituição já faça o bloqueio”, orienta Volpini. “O banco suspende os acessos pelo cartão e pelo celular. Assim, aquilo que está nas mãos dos golpistas já não vale mais nada.”
Em relação às políticas de ressarcimento, os processos dependem de cada instituição bancária.
Segundo o especialista, também não há diferença entre o uso de cartões de crédito ou débito. Os mesmos riscos e formas de proteção valem para as duas modalidades, com ou sem o recurso de pagamento por aproximação habilitado.
O especialista descarta que o uso de cartão por aproximação ofereça mais riscos. Isso porque o pagamento só é efetuado quando encostado diretamente nas maquininhas, ficando protegido quando está bem guardado na carteira ou na bolsa.
“O golpe e a fraude nascem da assimetria de conhecimento e informação entre o golpista e o cidadão. Quanto mais informação e consciência você tiver, e quanto mais usar essas dicas no dia a dia, mais vai estar protegido”, conclui.
(Fonte:G1/ André Catto)