Correio de Carajás

DJ marabaense concilia a vida sobre os palcos com os desafios de ser policial

Em seus shows o músico mescla a batida eletrônica com a melodia marcante do saxofone/ Fotos: Reprodução

O cenário musical de Marabá é recheado de grandes talentos e um deles é Miguel Ângelo, DJ, saxofonista e policial militar – entre tantas outras ocupações. O músico esteve esta semana na redação do Correio de Carajás para uma entrevista intimista, onde falou sobre sua carreira dentro e fora dos palcos.

Sua vivência no mundo musical iniciou lá atrás, quando ainda era criança e, desde então, seu talento vem encantando milhares de pessoas. O DJ ostenta múltiplas facetas, já atuou como professor e além trabalhar voluntariamente como psicoterapeuta em uma clínica na Nova Marabá, atualmente ele é se destaca em duas áreas profissionais: segurança pública e música. Conciliar os dois lados de sua vida é um desafio que ele tenta equilibrar.

“Na Polícia Militar a gente trabalha por escala e agora eu trabalho com o Proerd, que é o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência. A gente trabalha atualmente nas escolas e quanto aos shows, eu faço basicamente nos finais de semana. E como é escala (o trabalho na polícia), dá para dar um jeito de trocar com alguém se for necessário, então é bem flexível”. Policial militar desde 2017, ele conta que quando ingressou na corporação o trabalho como músico já estava consolidado.

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Foi em 2016 que ele tomou a decisão de se profissionalizar como DJ, propósito que lhe rendeu frutos logo em seguida: “Eu decidi virar DJ em 2016, comecei a profissionalizar o negócio e aí fui convidado para uma seletiva de um programa do Faustão, eu fui o único do Pará e fui lá tocar”, ele conta que após sua participação do programa global, sua carreira ganhou grande projeção. De lá para cá, muitos estados e cidades foram percorridos pelo músico, que já tocou em mais de 100 cidades brasileiras – de acordo com o próprio – mas que raramente realiza shows na Terra de Francisco Coelho.

Pouco depois do início de sua carreira profissional, o saxofonista fez uma participação no Domingão do Faustão

VIDA NO PALCO

Com um repertório composto majoritariamente por músicas do estilo eletrônica, sua presença é muito requisitada em boates. Outros palcos que pedem pelos talentos de Miguel são os de prefeituras, que tradicionalmente realizam grandes festas para comemorar seus respectivos aniversários. É nesse tipo de evento que o DJ garante seu público com maior número de pessoas, que já chegou a 30 mil pessoas em um único show.

Ele ressalta que um dos diferenciais de suas apresentações é a combinação entre a mesa de DJ e o saxofone tocado ao vivo: “Isso chama a atenção, é um negócio diferente”, e garante que para agradar a audiência é preciso um repertório bem equilibrado.

E sobre essa necessidade de agradar ao público, ele relembra algumas das emoções vividas ao se apresentar no último aniversário de Marabá: “Não houve atração nacional, só os artistas daqui e eu sinceramente fiquei com medo de não ter público”, o receio nasceu de comentários feitos nas redes sociais, que reclamavam da ausência de grandes nomes da música. Para a surpresa do DJ, milhares de pessoas estiveram presentes no evento, público este que no dia seguinte reverberou elogios ao seu trabalho.

“A gente tem uma equipe, produção, que tem muitos fogos, efeitos, então é um negócio bem legal. Todas as minhas roupas de show eu mesmo que desenho e mando fazer, para ser exclusividade”, ele detalha que suas referências criativas vêm de artistas internacionais.

ALCANCE

No último ano Miguel Ângelo lançou quatro músicas em uma das plataformas mais populares do mundo, o Spotify, com isso ele alcançou milhares de ouvintes dentro e fora do país. Sua conta, que é verificada pelo serviço de streaming, possui mais de 20 mil ouvintes mensais. “Eu não tinha muitas expectativas, lancei as músicas e não esperava que o retorno fosse tão forte”.

Com uma carreira consolidada, seu alcance no Instagram ultrapassa os 40 mil seguidores, entre fãs e ídolos do músico: “Tem artistas que eram minhas referências e hoje me seguem, então é uma coisa que eu via totalmente distante e hoje eles conversam comigo. Tem sido bem bacana, bem positivo”.

As redes sociais, inclusive, são uma grande janela de interação entre Miguel e seus ouvintes. “As redes sociais, hoje, nos dão uma abertura muito grande. O trabalho que é feito aqui agora é mundial, com pessoas que acompanham de todo lugar”.

E foi através desse contato, que em um momento de dificuldade, ele recebeu carinho para se reerguer: “Esse fim de ano eu passei por quatro meses parado e eu cheguei a pensar em não continuar tocando. Aí teve esse resultado da música (no Spotify) e muitas pessoas mandaram mensagem perguntando o que tinha acontecido e isso acabou sendo uma inspiração (para continuar)”.

Para além do digital, o contato olho no olho com seu público faz a total diferença para ele, que relembra o encontro comovente com uma fã, em uma cidade que ele estava visitando pela primeira vez. Miguel conta que ela o procurou muito emocionada em busca de um abraço e o gesto se tornou uma grande força para sua carreira.

Para o futuro, o artista planeja voar alto, literalmente: “Em 2023 eu penso em lançar mais músicas, que já estão preparadas, e eu tô focando para ver se consigo fechar show fora do Brasil também”. Ele revela que recebeu propostas para realizar uma turnê pela Europa e está em contato com uma agência para quem sabe visitar o continente ainda esse ano. (Luciana Araújo)