Correio de Carajás

Câncer de cólon

      Atualmente o câncer de cólon tem chamado a atenção do Brasil por acometer pessoas famosas. No entanto, é uma doença que podemos prevenir assim como o preventivo contra o câncer de mama e contra o câncer de colo uterino. Atualmente a colonoscopia é considerado “padrão ouro” na investigação deste tipo de câncer.

      Idade e história familiar são os fatores de risco mais importantes. No Brasil, o câncer colorretal (CCR) é o terceiro tumor maligno mais frequente em homens e o segundo nas mulheres, excluindo-se o câncer de pele. O número de casos vem aumentando nos últimos anos, sendo mais comum em regiões economicamente mais desenvolvidas.

      O tumor pode aparecer em qualquer idade, mas é a partir dos 50 anos que sua incidência aumenta abruptamente. A incidência varia geograficamente, com países industrializados sendo mais afetados. A etnia negra é mais acometida, independentemente do sexo, quando comparada à etnia branca.

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      As síndromes de câncer colorretal hereditário, conhecidos fatores de risco, é uma doença geneticamente heterogênea, apresentando características comuns à forma esporádica hereditária. Pacientes com retocolite ulcerativa extensa de mais de 10 anos e com doença de Crohn também têm incidência aumentada dessa neoplasia.

      Fatores ambientais, como ingestão de gordura animal, álcool, tabagismo, obesidade e diabetes melito, contribuem para o seu surgimento. O maior consumo de vegetais e frutas, a prática de atividade física moderada e o uso de ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios parecem reduzir o risco. A etiologia e a patogenia exatas do câncer de cólon não são totalmente conhecidas.

      Mais de 90% das neoplasias colorretais são adenocarcinomas. Linfomas, tumores neuroendócrinos, sarcomas, carcinoma de células escamosas e plasmocitomas são raramente encontrados. Embora ainda sejam mais comuns no reto e no sigmoide, a proporção de tumores de cólon direito tem aumentado nos últimos anos.

     Os tumores de cólon possuem melhor prognóstico que os tumores de reto. A extensão local do tumor, a presença de metástases distantes ou doença residual, o número de linfonodos comprometidos, a invasão vascular, o tipo histológico e os níveis séricos do antígeno carcinoembrionário (CEA) são sempre considerados.

      Tumores sincrônicos acontecem em 3 a 5% dos pacientes. Macroscopicamente, os tumores podem ser ulcerados, polipoides, anelares ou infiltrativos. O CCR pode disseminar-se por via linfática, por via hematogênica, por invasão direta de tecidos vizinhos, por implantes ou por meio do peritônio. No momento do diagnóstico, aproximadamente 20% dos pacientes já apresentam metástases distantes.

      De modo geral, de cada 100 pacientes com CCR, 50 serão curados pela cirurgia. Os principais órgãos envolvidos por metástases são o fígado (75%), os pulmões (15%), os ossos (5%) e o cérebro (5%). Os tumores situados abaixo da reflexão peritoneal têm pior prognóstico.

      O CCR inicial geralmente é assintomático, e cerca de 10% dos casos são diagnosticados durante colonoscopia de rastreamento. Quando ocorrem sintomas, os pacientes geralmente apresentam dor abdominal, sangramento (vivo ou melena), alteração de hábito intestinal, anemia, massa abdominal ou sintomas vagos como cansaço, perda de apetite e perda ponderal. A obstrução intestinal também pode ser o sintoma inicial.

      As queixas podem diferir conforme o local da lesão. Lesões retais causam tenesmo, dor e hematoquezia. Alteração de hábito intestinal é mais comum em lesões de cólon esquerdo, enquanto anemia ferropriva é classicamente associada aos tumores de cólon direito.

      Após suspeita, o próximo passo deve ser a realização de colonoscopia. Pela alta frequência de tumores sincrônicos e aumento da proporção de lesões proximais, a retossigmoidoscopia não é mais considerada adequada, a não ser nos casos em que uma lesão é identificada no toque retal. Por possibilitar amostra para estudo histopatológico, diagnosticar lesões sincrônicas e remover pólipos, a colonoscopia é o teste de escolha.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.

 

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.