A Prefeitura Municipal de Marabá divulgou nesta semana a soltura, na manhã de sexta-feira (23), de mais de dois mil filhotes de tartarugas e tracajás no Rio Tocantins por meio do Projeto Quelônios, coordenado por professores da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) e a Guarda Municipal de Marabá (GMM), por meio do Grupamento de Proteção Ambiental.
O trabalho de preservação consiste em coletar os ovos de tracajás e tartarugas nas praias, levar para a sede do projeto e colocar os ovos em novas covas (incubadoras) monitoradas até eclodirem, período que são colocadas em tanques para, posteriormente, ser feita a soltura nos rios. O projeto é importante para o repovoamento das espécies de quelônios no município, evitando que caçadores capturem os ovos, cuja consequência é a diminuição ou extinção das espécies.
A Guarda Municipal de Marabá auxilia o processo de preservação dos quelônios, que dura todo o ano, não só com as coletas de ovos e solturas dos animais, mas com as fiscalizações da caça ilegal. “Nós estamos sempre nos rios com a Semma fazendo esse policiamento e evitando o máximo possível que esses animais entrem em extinção”, relatou o guarda Antônio Wilson.
Leia mais:A professora de ciências naturais, Cristiane Vieira, integrante do projeto, explana que o projeto trabalha com duas espécies, a tartaruga da Amazônia e a tracajá. Ela ressalta ainda que a maior parte das coletas é no Lago do Macaco, que dá acesso a um complexo de lagos, ideal para os animais conseguirem alimentação e se protegerem de predadores. “Boa parte da produção vem de lá. E aí a gente precisa soltar os filhotes o mais próximo do local onde foram coletados os ovos, para a gente não interferir tanto na dinâmica natural do rio. E no caso da tartaruga da Amazônia, há indícios a partir de outros estudos realizados, em outras regiões, que as fêmeas e os machos adultos, depois da eclosão dos ovos, ficam na região aguardando a nova prole para poder migrar. Quando essas tartarugas forem adultas elas vão voltar, elas são fiéis às praias onde nasceram”, explica.
Os coordenadores do projeto afirmam que o número total de filhotes no manejo de tartarugas é mais de 13 mil, além de mais de cinco mil tracajás ao longo do tempo de projeto.
No próximo dia 15 de janeiro será feita nova soltura dos quelônios, dessa vez com a presença de entidades, comunidades ribeirinhas e imprensa, com o intuito de prestar contas à sociedade e conscientizar sobre a preservação desses animais.
O professor e pesquisador da Unifesspa, geólogo José Pedro de Azevedo Martins, um dos criadores do Projeto Quelônios, agora é coordenador das equipes de trabalho. Ele explica que são várias etapas de observação até a soltura.
“Nós estamos agora num período de eclosão dos ovos, na verdade, já passamos da fase de eclosão, e estamos numa fase de quarentena, ficam naqueles tanques para adquirir um pouco mais de energia, enquanto o rio sobe mais, e eles possam, quando forem soltos, ter vários espaços para fugir dos predadores. Em junho, a equipe do projeto faz algumas saídas no rio para verificar sinais de postura dos Quelônios, de saída deles, verificado isso a gente entra na fase de coleta, onde identificamos os ninhos e coletamos os ovos para trazer pra cá, isso pra proteger da predação da pesca, da caça ilegal, que ocorre com grande intensidade aqui nesse rio. Infelizmente essa prática criminosa de violentação do bem natural ainda ocorre, que é proibido por lei porque os quelônios são protegidos por lei”, destaca.
O professor explica que no segundo semestre acontece a postura dos tracajás. “Nós fazemos a simulação do ninho, cavamos o buraco, colocamos os ovos com todo cuidado que a gente tem, das técnicas, para não alterar muito a disposição dos ovos que estavam onde encontramos, são postos alí, e a gente aguarda cerca de quarenta a cinquenta dias o desenvolvimento do embrião até a eclosão dos ovos, então eles vão eclodindo, e nós vamos fazendo a biometria que são as medidas, peso, tamanho, essa coisa toda, registrando isso e marcando eles, fazendo a marcação dos filhotes e eles vão para os tanques de incubação de quarentena até o dia da soltura”, conta. (Ascom/PMM)