Correio de Carajás

Tempos de Ansiedade

      A ansiedade, quando saudável, é somente uma expectativa. Quando manifestada como distúrbio, a ansiedade prejudica a qualidade de vida, alterando o sono (insônia) e o apetite (diminuição ou aumento). Com sofrimento manifestado e a impossibilidade de manter ou controlar a rotina, o comportamento ansioso pode ser definido como doença.

      A ansiedade é caracterizada por um medo exacerbado em relação ao futuro, com uma preocupação exagerada que distorce o cenário real, alimentando diversos pensamentos negativos. Além do Transtorno de Ansiedade Generalizada, existem outros, como pânico, fobias e ansiedade social. O Estresse Pós-Traumático e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo também são classificados como transtornos de ansiedade.

      Os principais sintomas psicológicos são, angústia, irritabilidade, maus pressentimentos, insônia, apetite desregulado, inquietação constante, pensamentos catastróficos, falta de controle emocional. Os sintomas físicos geralmente associados são taquicardia, sudorese, falta de ar, boca seca, formigamento, náusea, tremores, tontura, e urgência para ir ao banheiro

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      A causa da ansiedade nada mais é que uma reação normal do corpo diante de futuros acontecimentos. É um tipo de adaptação evolutiva que o ser humano encontrou para que sua chance de sobrevivência aumentasse. De modo geral, um pouco de ansiedade é até benéfico para os indivíduos.

      Por exemplo, a ansiedade de ir mal no concurso pode levar a pessoa a estudar mais e se preparar melhor para a prova. Pensar no que pode dar errado em uma viagem pode ajudá-la a se planejar melhor para evitar possíveis perda de dinheiro e tempo. Porém, há um limite para essa ansiedade que traz algumas vantagens.

      Muitas vezes, inclusive, a linha é tênue entre o transtorno e a ansiedade comum. O sinal de alerta é quando um pequeno fato do cotidiano causa uma ansiedade desproporcional, isso certamente é um transtorno. A causa do transtorno de ansiedade não é completamente conhecida, mas há evidências científicas de que uma série de razões que podem desencadear um transtorno de ansiedade.

      São considerados fatores de risco: genética, histórico familiar de transtornos de ansiedade; ambiente, evento estressante no trabalho, rotina agitada; personalidade ou modelo de pensamento de como a pessoa encara os desafios do dia a dia; histórico de trauma, evento de alto impacto emocional como abusos; doenças físicas, hormonais, cardiopatias, diabetes, dores crônicas, depressão e abuso de drogas; sexo e gênero, mulheres têm duas vezes mais chances de desenvolver transtorno de ansiedade.

      São cinco as classificações principais da ansiedade: Transtorno de Ansiedade Generalizada é a combinação da preocupação excessiva com estresse contínuo. Ocorre quando a ansiedade passa a interferir na rotina. Síndrome do Pânico: Nesse caso, a pessoa acredita que está prestes a morrer e a perder o controle de tudo. A sensação física pode ser descrita como um ataque do coração, mesmo que não haja evidência de algum perigo.

      Fobia social: a fobia ou ansiedade social é um dos tipos mais comuns e acontece sempre quando a pessoa está em público. Outras espécies de fobia, como claustrofobia, agorafobia, medo de certos animais e de buracos também fazem parte dos transtornos de ansiedade. No entanto, esses são referentes a objetos, situações e pessoas.

      Transtorno Obsessivo-Compulsivo: é um distúrbio psiquiátrico caracterizado por movimentos repetitivos e comportamentos compulsivos. É o medo de perder o controle ou ser responsável por algo terrível para si ou para os outros. Transtorno de Estresse Pós-Traumático: é causado por um trauma ou acontecimento terrível. A pessoa passa por momentos de confusão e medo, recordando os mesmos sentimentos que sentiu durante o ocorrido.

      A ansiedade deve ser tratada com psicoterapia e em alguns casos medicação. Deve ser prevenida e controlada a partir de medidas de qualidade de vida como exercícios físicos diários; alimentação balanceada, evitando açúcar e alimentos processados; bastante hidratação, evitar cafeína; boa qualidade do sono; controle da jornada de trabalho. O tratamento se dá com técnicas de relaxamento, religiosidade, lazer, arte e música, e o cultivo de boa relação interpessoal.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.

 

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.