Com o tema “Maria, mestra do amor!”, a 18ª edição do Círio de Nossa Senhora de Nazaré teve seu encerramento na tradicional procissão de fé, realizada no último sábado (22). A concentração foi realizada na Igreja Sebastião, nas proximidades da Praça Mahatma Ghandi, na Cidade Nova, com início por volta das 17h.
Os fiéis seguiram pela Rua C e logo após pela Rua 10, onde começaram o trajeto entre bairros, começando pelo União e seguindo pelo Rio Verde e também o Da Paz. O destino foi o Parque dos Carajás, onde fica localizado o Santuário Nossa Senhora de Nazaré, que já tinha a festa pronta e uma multidão de fiéis para receber a Imagem Peregrina da Santa.
O trajeto, que durou cerca de quatro horas, foi tranquilo – a despeito dos buracos nas estreitas ruas da “Capital dos Minérios” – e os responsáveis pela segurança não tiveram dificuldade para orientar os devotos. O tempo foi agradável durante todo o percurso e a multidão pôde colorir a cidade com sua manifestação de fé.
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Seguindo a tradição do Círio, diversos féis ficaram próximos à corda que conduz a berlinda – seja para segurá-la ou apenas para tocá-la. O ato é uma demonstração de fé e também, para muitos, o pagamento de uma promessa com a Nossa Senhora.
É o caso de Ivone Lira, de 57 anos, que fez uma promessa ainda durante o auge da pandemia, quando todos os seus familiares mais próximos foram infectados com a doença. “Hoje eu só tenho que agradecer a Nossa Senhora de Nazaré pela benção. Esses dois anos a gente passou por muito sufoco na família, mas graças a Deus hoje estou aqui só para agradecer.”
Ela já paga promessa há 10 anos, e se faz presente tanto no Círio de Belém quanto em Parauapebas, sempre pedindo e agradecendo pela saúde e carregando a pesada corda da berlinda, mas mantendo sempre a animação sorriso no rosto.
Logo atrás, a família de Fabiana Zanchetta segue carregando uma imagem da Nossa Senhora de Nazaré. Naturais do Mato Grosso do Sul, sempre foram devotos à Santa, de onde carregam a tradição de acompanhar o Círio. “Sempre é muito bonito, muito emocionante”, afirma.
No colo, Evenly Silva carrega o filho vestido de anjinho, uma promessa que fez ainda durante o parto. Segundo a mãe, os médicos não detectaram os batimentos cardíacos do neném, que estava sem respiração. Naquele momento, ela pediu a Deus que a respiração voltasse e, 1 ano e 8 meses depois agradece a benção no Círio.
Ao fim do trajeto, Maria Silva, de 69 anos, posiciona uma casinha de madeira na escadaria que dá acesso ao local onde a Imagem Peregrina será disposta. É o pagamento de uma promessa que ela fez e o sonho de muitos brasileiros: a casa própria. “Se eu conseguisse comprar uma casa, eu ia fazer uma de madeira e colocar aqui na igreja dela. Só tenho a agradecer, tô muito feliz por isso.” Maria sempre participa do Círio, mas essa é a primeira vez que paga uma promessa.
DOIS ANOS DEPOIS
Já próximo do fim do trajeto, a procissão se encanta com o espetáculo pirotécnico e o altar montado por Jaymerson Sousa da Silva, que começou seu empreendimento na área justamente por conta do Círio. Em 2019, ele realizou sua primeira homenagem, mas não pôde realizá-la nos dois anos posteriores, devido à pandemia. Em 2022 ele volta a iluminar a caminhada com fogos de artifício.
Dom Vital Corbelline, o bispo da Diocese – que esteve presente também no Círio de Marabá –, realizou a missa no Santuário da Nossa Senhora de Nazaré. Antes, ele falou sobre a felicidade que vem com a volta do Círio às ruas das cidades. “É mais um Círio de Nossa Senhora de Nazaré, depois de dois anos que nós não fazíamos, então estamos muito contentes, muito felizes. É a expressão da fé, do amor que o povo tem para com a Nossa Senhora. Pedimos graças para que Nossa Senhora abençoe esse povo e leve todos os pedidos a Jesus. Tem como tema, esse ano, ‘Maria, mãe e mestra do amor’. É um tema bonito, que nos liga à campanha da fraternidade. Deus seja louvado por esse Círio, e para o Pebas.”
Dois anos depois, os devotos finalmente voltam a festejar e agradecer no tradicional Círio da Nossa Senhora de Nazaré – Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, reconhecido pela Organização das Nações Unidas Para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Um lindo espetáculo, que movimentou e coloriu as ruas de Parauapebas. (Clein Ferreira)