Um áudio atribuído à pequena Isabela Lima, que está desaparecida e cujas buscas mobilizaram Marabá nas últimas duas semanas, deixa a trama sobre o desaparecimento dela ainda mais complexa, porque mostra que tudo estava normal na família, na véspera do Dia das Mães (7 de maio). Mas quatro dias depois o corpo da mãe foi encontrado sem vida, o padrasto se matou e ela nunca mais foi vista.
No arquivo sonoro de 25 segundos, que teria sido gravado na véspera do Dia das Mães, Isabela relata para a avó que estava preparando uma surpresa para sua mãe, Gleiciane Lima Rabelo Amaral, junto com o padrasto Eliezer Almeida, a quem ela chama de papai.
Ela relata: “Vovó, eu tava achando que a gente já ia comprar o tablete já feito, mas aí papai disse que a gente ia montar porque a mamãe, ela não gosta muito do chocolate doce; ela gosta do chocolate amargo, aí a gente vai decidir os bombons pra fazer esse tablete. Eu tô muito ansiosa”.
Leia mais:Ou seja, tudo parecia em ordem na família. Mas àquela altura, Eliezer, que era servidor da Justiça Eleitoral, já não aparecia no trabalho havia cerca de 30 dias. Tudo isso só lança mais mistério sobre o caso.
Como se sabe, no final da manhã do dia 11, Gleiciane foi encontrada morta, de modo que Eleizer passou a ser o suspeito do assassinato. Mas, duas horas depois do corpo da mulher ter sido achado, ele se jogou debaixo de uma carreta no Km 6. Não se sabe o que foi feito de Isabela.
Buscas suspensas
A Polícia Civil suspendeu temporariamente as buscas por Isabela. As últimas diligências foram realizadas pela força-tarefa no domingo (22), nas proximidades da BR-155 do Distrito Industrial e Parque de Exposição. A polícia afirma ter informações de que Eliezer Almeida, padrasto da criança, esteve nessas imediações após o crime. Todavia as buscas não tiveram êxito.
Segundo o delegado Vinícius Cardoso, superintendente regional, a Polícia Civil está verificando e colhendo informações nos aparelhos celulares de Eliezer e Isabela e em um notebook encontrado na residência da família, que foram encaminhados à perícia. Vale ressaltar que o celular da menina foi recuperado, pois havia passado por uma reformatação, ao que tudo indica, realizada por Eliezer, a fim de apagar vestígios.
O equipamento está sendo verificado e será submetido à perícia, com o objetivo de reconstituir informações apagadas. O computador também está sendo alvo de coleta de informações, e após a confecção e análise desses dados, corroborado com outras diligências, as autoridades identificarão outros perímetros para realizarem novas buscas.
(Chagas Filho e Thays Araujo)