O autismo ou o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento que afeta a linguagem, interação social, processos de comunicação e comportamento social da criança. De acordo com os especialistas, outras características que podem ser destacadas são os comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.
Foi por causa de algumas dessas características que Jérsica Carla Silva começou a desconfiar que havia alguma coisa com a pequena Lia, que na época tinha apenas 10 meses de vida.
“Eu sentia a ausência das primeiras palavras, a ausência do olhar, ela ainda não sentava e fiquei com uma pulguinha atrás da orelha. Não sei nem explicar o que senti. Um belo dia, olhei pra ela, ela olhou pra mim e através do olhar vi que ela estava me pedindo ajuda. E quando ela estava com 1 ano e 4 meses conversei com meu marido e começamos o processo de investigação”, relembra.
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Alguns familiares chegaram a falar que não era nada demais e que Jérsica precisava ficar tranquila. Mas, ela não se acomodou. Sabia que precisava fazer alguma coisa. E após oito meses de consultas, exames e várias visitas à médicos especialistas, o diagnóstico final veio: autismo.
“Foi desesperador. A gente se preocupa com o futuro, com a faculdade, amizades, os familiares. Você vê o preconceito é uma coisa muito real. Os olhares são preocupantes. Dormir com essa preocupação não é fácil, mas fechar os olhos é bem pior”, diz a mãe, afirmando que perdeu o chão, mas conseguiu se reerguer.
Para o Correio de Carajás, Jérsica relembra que em uma das noites acordou desesperada e, chorando muito, começou a questionar Deus. Foi então que decidiu correr atrás das soluções. “Optei por não focar no problema e sim na solução. Abracei a causa e abracei a minha filha. Com isso, conheci e abracei outras mães e comecei a me fortalecer”.
Ao olhar para a pequena Lia – tão forte e indefesa, tão segura e ao mesmo tempo tão dependente – Jérsica afirma que quer ser a melhor mãe para a filha.
Atualmente, Lia faz terapias diariamente pela manhã e, à tarde, frequenta a escola. Com a rotina bem movimentada e várias idas ao médico, Jérsica conta que aderiu a um plano de saúde para a filha. Mas, por conta do período de carência exigido pela operadora, alguns tratamentos acabaram não sendo cobertos, o que fez o orçamento da família ficar um pouco mais apertado.
“Foi a partir daí que surgiu a ideia de vender as canecas personalizadas em prol da conscientização do autismo. Divulgo para amigos, nas redes sociais, na clínica que ela frequenta. E a venda é para auxiliar nas despesas do tratamento que ela faz”, explica Jérsica.
Sobre o tratamento, o melhor de todos sempre será o amor, e a mãe sabe disso. “A Lia me deu uma lição. Ela não pertence ao meu mundo, eu que pertenço ao mundo dela. É uma história de amor, não é só uma história de um diagnóstico. Existe uma história de superação e de aceitação, principalmente dos pais”, finaliza a mãe, com o coração transbordando de amor.
Autismo no Brasil
Adiado devido à pandemia e, depois, por falta de orçamento, o censo de 2020 já tem data marcada e vai ser feito em 2022. A partir de 1º de agosto, recenseadores do IBGE visitarão 78 milhões de lares brasileiros para aplicarem os questionários básicos do Censo Demográfico 2022. No entanto, famílias de cerca de 8 milhões de domicílios serão perguntadas também sobre o questionário de amostra, com 77 questões. Pela primeira vez, o autismo vai entrar no radar das estatísticas como forma de mapear quantas pessoas vivem com o transtorno e quantas podem ter, mas ainda não tiveram diagnóstico.
No Brasil, estima-se que existem 2 milhões de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Mas esse número é incerto e precisa ser oficializado pelo estado. Para isso foi sancionada, em 2019, a Lei 13.861 que obriga o IBGE a perguntar sobre o autismo no censo populacional. Com isso, é possível saber quantas pessoas no Brasil apresentam o transtorno e como os diagnósticos estão distribuídos pelas regiões brasileiras. (Ana Mangas, com informações de Agência Brasil)