Correio de Carajás

Menos de 25% das crianças receberam a primeira dose da vacina contra covid no Pará

Pará é o terceiro pior estado na cobertura vacinal da primeira dose, apontam dados do consórcio de veículos de imprensa. Apenas 4% das crianças de 5 a 11 anos tomaram a 2ª dose.

Com uma população estimada de mais de 1 milhão de crianças, o Pará vacinou apenas 23,97% com a primeira dose. A situação piora com a cobertura vacinal da 2ª aplicação, em que somente 3,34% das crianças do estado se vacinaram. Os dados são do sistema ‘Vacinômetro’, da Secretaria de Saúde do Estado do Pará (Sespa), desta quinta-feira (31), data da última atualização.

A vacinação de crianças entre 5 e 11 anos no Pará iniciou em 15 de janeiro de 2022. Após quase três meses, o Pará é o terceiro pior estado na cobertura vacinal da primeira dose. Em segundo pior lugar, está o Amapá, e Roraima aparece com a menor cobertura do país nesta faixa etária. O levantamento é do consórcio de veículos de imprensa, do dia 23 de março.

Apesar da vulnerabilidade das crianças, as aulas presenciais foram retomadas em fevereiro na rede pública, tanto municipais quanto estadual.

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O panorama sobre a imunização infantil contrasta com a cobertura vacinal em adultos: a cobertura vacinal do Pará está acima de 90% para a 1º dose e acima de 85% para 2ª dose. Já na terceira dose, apenas 17% da população do estado buscou se vacinar. Diante dos dados, o Governo do Pará anunciou o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes abertos.

Baixa cobertura vacinal

A infectologista Irna Carneiro diz que a comunidade médica tem se preocupado com o andamento da vacinação da covid-19 em crianças.

“Com essa baixa cobertura vacinal, nós temos a possibilidade de voltar a ter a circulação de vírus dentro desta faixa etária, podendo ter, como agravante, o surgimento de formas clínicas e graves da doença”, afirma.

 

Segundo a Sespa, a “aplicação da vacina é de responsabilidade dos municípios e que o Estado enviou um total de 894.450 doses de vacina para crianças de 5 a 11 anos”.

Além da covid-19, a baixa cobertura vacinal contra outras doenças também preocupa. Desde a pandemia, diversas vacinas infantis também estão sendo prejudicadas. Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que um número crescente de crianças perdeu as primeiras doses vitais de vacinas desde de 2020, em escala mundial. Foram 23 milhões de crianças que deixaram de receber vacinas básicas.

Principais causas

 

Em nota técnica de fevereiro de 2022, a Fiocruz avaliou que a difusão de notícias falsas tem provocado resistência das famílias sobre a eficácia e segurança da imunização para esta faixa etária, apesar de todas as evidências científicas disponíveis.

De acordo com Irna Carneiro, o processo de divulgação de notícias falsas colocou muitos pais em dúvida.

“Os eventos adversos da vacina infantil, caso surjam, são bem menores. Já há estudos com observação de crianças em vários países, mostrando que a vacina é eficaz em cerca de 90% dos casos. Por isso, as pessoas podem ter a mesma tranquilidade com essa vacina, assim como as demais”, destaca a infectologista.

 

A servidora pública Isabella dos Anjos, que vacinou sua filha de 11 anos na primeira semana de janeiro, diz que se informa com notícias confiáveis é uma forma de garantir a saúde dos filhos.

“Quando eu via que a informação não vinha de um lugar não seguro, eu nem terminava de ler. Quando é assunto que diz respeito à saúde das minhas filhas, sempre costumo ler em sites confiáveis. Como mãe, acho que isso é uma forma de proteção”, enfatiza.

Possíveis soluções

 

A infectologista Irna Carneiro diz que o Estado deveria adotar um conjunto de medidas para ampliar a cobertura vacinal em crianças, como a difusão de informação de forma segura e massificada.

“A sensibilização para a vacina passa por campanhas de vacinação. É importante que a informação volte a circular nas plataformas de mídia. Outra estratégia interessante seria colocar postos itinerantes em escolas. E lembro que vacinar é uma obrigação dos pais”, comenta a infectologista.

 

Quanto à questão de criar um passaporte de vacinas para crianças, Irna Carneiro diz que a questão do passaporte vacinal poderia ocorrer, mas não isoladamente. “Antes de enfatizar a obrigatoriedade, temos que sensibilizar os pais. Um conjunto de ações tem um resultado bem melhor do que apenas a exigência”, diz.

Em nota, a Sespa afirma que treina as equipes municipais, promove campanhas de mobilização e combate às fake news e orienta as secretarias municipais a melhorarem suas estratégias de vacinação.

(Fonte:G1)