Eu avisei – com muita antecedência – que não seria pegajoso com o rebento que meu filho Breno e a nora Gabriela estão esperando. Mas ninguém, absolutamente ninguém, acredita na firmeza das minhas palavras. Acham que, pelo fato de eu gostar muito de criança, serei um avô beijoqueiro, farofeiro, entre outros adjetivos de um babão da terceira idade.
E tento me manter alheio aos preparativos para o nascimento, previsto para maio ou até junho de 2022. Mas apenas uma coisa pedi à minha nora: o privilégio de divulgar o sexo do bebê, em primeira mão, numa crônica. Ela sorriu diante do clamor e disse que consultaria o marido.
Foram dias de espera e na noite desta terça-feira, 21 de dezembro, eu estava sozinho na Redação do Jornal escrevendo a crônica para esta edição, quanto Gabriela mandou mensagem no Whats querendo saber onde eu estava. Explique o local e o que fazia.
Leia mais:Nesta quarta-feira, bem cedinho, ela fez uma chamada de vídeo e me avisou que estava mandando um vídeo editado com a revelação do sexo do bebê. Depois de assistir ao vídeo – ela estava acompanhando minha reação – e diante da informação privilegiada, troquei o almoço pelo prazer de escrever esse texto.
Desde que soube que a esposa estava grávida, Breno passou a chamar o rebento de Pix. Explicava que era alguém que, quando nascesse, todo mundo gostaria de receber. A palavra da moda incorporou rápido no vocabulário dele e de uma legião de familiares e amigos. E o pai achava que seu primogênito seria menino.
Entre as muitas consultas com a médica obstetra, os pais divagaram em avaliar nomes para ele ou ela. E não foram poucos, não. Mas Pix mantinha-se como uma opção temerosa. Talvez – a gente imaginava – Breno quisesse escolher esse nome mesmo, como eu quase caí na tentação de colocar o nome dele Telêmaco (filho de Ulisses na mitologia grega) nos meses que antecederam seu nascimento. Agora, Pix caiu e Maria é a opção mais nova para o nome dela.
Quando Gabriela ficou grávida, minha esposa Ana Raquel disse que precisava se preparar para este evento porque ela ainda não tinha cara de avó. Já eu, acho que tenho cabelos e cara de avô, mas ainda não tenho maturidade para essa ocasião.
Às vezes me dá aquela nostalgia dos meus 28 anos. A saudade é de alguma coisa que eu tinha e me fugiu sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no meu pescoço. Choro de criança. O tumulto da presença infantil ao redor. Para onde foram as minhas crianças? Entraram naqueles adultos que hoje são meus filhos, sim, mas que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, prestações, mestrado para se dedicar.
Acho que sim, vou reencontrá-los quando Maria nascer. E por falar em Maria, quem quiser assistir ao vídeo do anúncio do sexo do bebê, lê com o celular o QR Code que aparece abaixo. (Claro, já dei spoiler).
Querida netinha, vivo no entusiasmo de conhecer você e poder assistir ao seu crescimento, com a certeza que em mim encontrará sempre amor, compreensão e apoio.
PS.: Se eu for avô babão demais, me avisa, pra eu me corrigir.
* O autor é jornalista do CORREIO há 25 anos e escreve crônica às quintas-feiras