Os 12 meninos e seu técnico do time “Javalis Selvagens” falaram na manhã desta quarta-feira (18) do medo, da fome e da alegria de encontrar os mergulhadores britânicos durante as duas semanas em que ficaram presos na caverna Tham Luang, na Tailândia.
Nesta 1ª aparição pública, eles contam como sobreviveram ao resgate dramático que mobilizou mais de 1000 pessoas, na província de Chiang Rai. Os meninos, que têm entre 11 e 16 anos, e o técnico, de 25 anos, também fizeram uma homenagem ao mergulhador Saman Kunan, que morreu durante os esforços de resgate.
Fome
Leia mais:Ake, o técnico, contou que depois de dois dias começaram a sentir mudanças no corpo, já que não comiam nada, apenas bebiam água que caía da pedra. Diferentemente do que tinha sido divulgado, eles não levaram comida para a cavidade subterrânea.
O mais novo do grupo contou que não tinha força física e que tentava não pensar em comida para não sentir mais fome do que já sentia. Segundo os médicos, os garotos perderam em média 2 kg no período em que ficaram presos e recuperaram no hospital uma média de 3 kg cada um.
Encontro com mergulhadores
Sobre a chegada dos dois mergulhadores ingleses, que os encontraram após os nove dias de buscas, Adul Sam-on, de 14 anos, o único a falar inglês no grupo e o primeiro a se comunicar com eles, disse que foi “um milagre” terem sido encontrados.
Ele contou que o usou uma tocha para ir em direção às vozes que escutavam. “Foi um choque. O técnico pediu para mantermos calma.” Ele disse que todos ficaram muito felizes por terem sido encontrados.
Os meninos disseram que perderam a noção do tempo dentro da caverna e que, por isso, perguntaram aos mergulhadores há quanto tempo estavam ali.
O técnico disse que todos concordaram em entrar na caverna em 23 de junho. Eles estavam curiosos sobre o lugar e esperavam sair logo, porque tinham uma festa de aniversário para ir. Mas a água subiu e acabaram ficando presos. Eles buscaram, então, um lugar seguro para passar a noite.
Treinador afirmou que, no início, eles não estavam tão assustados, porque imaginavam que, ao amanhecer, o nível da água teria baixado, o que não aconteceu.
Um dos meninos relatou que tentaram ficar calmos e “pensar em soluções” para sair da caverna. Eles pensaram até em tentar abrir um buraco para sair. Um dos garotos disse ter ficado “com medo de não voltar para casa”.
No hospital
Durante o período de recuperação no hospital, eles viram o jogo final da Copa da Rússia. A maioria dos meninos torceu para a França, que ganhou da Cróacia por 4 a 2. E um deles elogiou o ataque da seleção francesa.
Os meninos e o técnico foram para a coletiva, que acontece em uma sala da administração da província, com o uniforme do grupo. O clima da entrevista era descontraído e os meninos se apresentaram sob aplausos.
Sonhos e lições
Os meninos também falaram do aprendizado que tiveram durante a experiência na caverna. Um dos menores afirmou ter “aprendido o valor de muitas coisas e valorizar a si mesmo”. Outro disse que está decidido a “viver cada minuto da vida”. “Serei mais forte”, sintetizou um deles.
Entre os sonhos, muitos disseram que querem ser jogadores de futebol profissionais. Um deles quer concluir os estudos e outro quer se tornar funcionário da Marinha tailandesa, que atuou no resgate do grupo.
No início da coletiva, foram mostradas imagens do momento em que eles se despediram dos médicos. Uma médica que acompanhava o grupo afirmou que os garotos mostraram um “espírito forte” desde o momento em que estavam presos na caverna.
O governo organizou uma coletiva de imprensa com o intuito de reduzir a curiosidade do público em torno do grupo. As perguntas passam por aprovação prévia de um psicólogo contratado para a entrevista. Os questionamentos aprovados são feitos por um mediador.
O programa chamado “Enviando os Javalis Selvagens para Casa”, em referência ao nome do time de futebol dos meninos, foi transmitido pelas principais redes de televisão locais.
(Fonte:G1)