O Outubro Rosa é o mês de prevenção e conscientização contra o câncer de mama, o mais fatal entre as mulheres. Estima-se que entre as pacientes oncológicas, um quarto delas sofre com este tipo de mal; e em Parauapebas, a luta é para que mulheres conheçam seu corpo e saibam quando há algo de errado com ele.
Maria do Socorro Plácido foi diagnosticada com câncer de mama a partir do autotoque, quando verificou um caroço logo acima de seu mamilo, em 2010. Após ser submetida a exames mais complexos, confirmou o nódulo e teve que ir a Belo Horizonte realizar tratamento, pago pela empresa em que trabalhava. Foram 24 sessões de Quimioterapia, 32 de Radioterapia, e 15 procedimentos cirúrgicos, mas uma vida a ser celebrada.
Desde 2019 sem realizar nenhuma intervenção médica, Socorro transformou sua luta, sofrida e traumatizante, no projeto Instituto Vencendo o Câncer (IVECAN), auxiliando outras lutas em Parauapebas.
Leia mais:“Minha mensagem de prevenção é que todas as mulheres – e homens também, visto que homens podem ter câncer de mama – se cuidem, façam seus exames periodicamente e evitem esse mal que vem matando tanta gente. Mulheres, cuidem de sua casa, de seu esposo e de seus filhos, mas primeiro cuide de você. Só estando bem, você consegue cuidar de quem você ama”, atesta Socorro.
Outra organização que trabalha no mesmo sentido da IVECAN é a Laços Pink, ONG de amparo feminino atuante em Parauapebas há três anos, que visa trabalhar junto à comunidade as premissas do feminismo e empoderamento de mulheres. Maria Núbia, fundadora e presidente da ONG, diz que a iniciativa começou ajudando mulheres que faziam “papel de pai e mãe”, e como uma brincadeira que vai se tornando séria, foi criado um grupo de mulheres para ajudar outras.
“Levamos o conhecimento para quem não sabe, o que estiver ao nosso alcance. A gente vê muitas mulheres que não têm mais vontade de viver, que olham pra gente e falam isso. Nossa iniciativa é ajudá-las a levantar e dar seu primeiro passo. Uma palavra, um abraço, pode ajudar várias pessoas a se levantarem. A Laços Pink vem para ajudar as mulheres a terem o conhecimento de que podem ser o que quiserem”, sintetiza Maria Núbia.
Sobre o câncer de mama, visando a programação do Outubro Rosa, ela também pontua que o conhecimento a ser levado para estas mulheres gira em torno da prevenção ao mais letal tipo câncer entre o sexo feminino. “Fiquem atentas, porque o laço rosa que nos envolve é a vida. Essa é minha mensagem” diz a presidente da ONG, firmando o compromisso com o empoderamento feminino.
MÉDICO FAZ ALERTA
O médico e cirurgião oncológico Rodolfo Campos Amoury lamenta que a doença ainda seja vista como tabu por muitas mulheres e adverte que o exame do autotoque é a primeira medida preventiva contra o câncer de mama, enquanto a mamografia é indicada para rastreamento da doença a partir dos 50 anos pelo Ministério da Saúde e a partir dos 40 anos pela Sociedade Médica de Mastologia e Oncologia.
Em entrevista ao Portal Correio de Carajás, Rodolfo foi categórico ao afirmar que o principal cuidado que a mulher tem de ter parte de conhecer o seu corpo. Para isso, precisa ser avaliada pelo médico e realizar exames que demonstrem o seu “normal”. “A partir disso, qualquer alteração será um sinal de alerta. O surgimento de secreções do mamilo, nódulos palpáveis, retrações ou manchas na pele farão a paciente procurar o auxílio do médico para a elucidação do caso”, explica.
Ele alerta para fatores que podem aumentar a probabilidade do câncer de mama se desenvolver, desde não ter filhos e, portanto, não amamentar, além de tabagismo, bebidas alcóolicas e uso prolongado de comprimidos anticoncepcionais. Sobre o autotoque, Rodolfo alerta: “Fazer o autoexame, sem saber o que é normal, torna o processo sem valor prático. Pois quem não sabe o que procura, não reconhece quando encontra”.
(Juliano Corrêa)