Correio de Carajás

A fé inabalável de Alexsandra para superar uma metástase

Resignada, ela diz que desistir não faz parte do seu vocabulário. “Não faz parte da minha vida. Enquanto existir um medicamento que eu possa tomar para amanhecer viva no outro dia, vou tomar”.

O Outubro Rosa é um movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama. Criado no início da década de 1990, o período é celebrado anualmente, com o objetivo de compartilhar informações, promover a conscientização sobre a doença e contribuir para a redução da mortalidade.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca) – órgão ligado ao Ministério da Saúde e que desenvolve e coordena ações integradas de prevenção e controle do câncer no Brasil – o câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos.

Existem vários tipos de câncer de mama, e alguns têm o desenvolvimento muito rápido, enquanto outros crescem lentamente.

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A estimativa de novos casos em 2021, segundo a última atualização do Inca, no mês de setembro, é de 66.280.

O Correio de Carajás conversou com duas mulheres inspiradoras que enfrentaram – uma ainda enfrenta – o câncer de mama. Elas dividiram suas histórias e ajudam outras mulheres a encarar o tratamento da doença de forma positiva e otimista, mas sabendo respeitar os momentos difíceis.

Alexsandra em entrevista à Reportagem do CORREIO na praça São Félix do Valois, onde abriu o coração

Conheça. agora a história da Alexsandra Pessoa.

Em meados de 2012, aos 30 anos, ao se tocar, Alexsandra percebeu um pequeno caroço em um de seus seios. Nesse período, ainda amamentando a filha Thalita Pessoa, de apenas dois anos de idade, ela foi atrás para saber o que estava acontecendo.

Resolveu procurar um médico, realizou exames de ultrassom e mamografia. Foi encaminhada para um oncologista que, imediatamente, solicitou uma biopsia. “Quando fala em biopsia a gente já sente logo aquele medinho. Com sete dias o resultado saiu e, como todo mundo, eu já abri o resultado e li que estava com câncer”, relembra.

Naquele momento, Alexsandra afirma que só pensou que teria de ser forte. Uma semana antes ela havia perdido a mãe e a família ainda estava em luto.

Ao retornar à consulta médica, o oncologista confirmou o câncer de mama e explicou que o tipo era HR Positivo, que se espalha rapidamente. “Ele disse que eu teria que começar o tratamento urgente. Lembro que estava acompanhada da minha irmã e ela começou a chorar. Eu só perguntei ao médico: ‘tenho chance de cura?’, ele disse que sim, então eu fui à luta”.

A cura

O tratamento durou até 2014, quando veio a notícia da cura. Contudo, existe o pós-câncer. Alexsandra começou o tratamento de hormônio terapia, que é um comprido que precisa ser tomado por cinco anos. Além disso, a cada seis meses, exames de rotina devem ser realizados em pacientes que tiveram câncer.

“Durante esses cinco anos tive uma vida normal. Voltei para o meu trabalho em um escritório de contabilidade, terminei minha faculdade de Ciências Contábeis, meu cabelo cresceu e a vida seguiu normalmente”, relata.

Em um dos exames periódicos, em 2018, durante uma tomografia foi visto uma mancha no pulmão. Alexsandra afirma que não sentia nada. A médica, por sua vez, solicitou uma biopsia. O resultado: metástase no pulmão.

O nódulo, de 4 centímetros, já estava bem avançado e alojado em um local que não é aconselhável fazer cirurgia, bem na raiz do pulmão.

“Não me lamentei. Sabia que ia passar pela quimio de novo, que o cabelo ia cair. Mas eu tenho uma frase que sempre digo: ‘cabelo cai, cabelo cresce e a saúde permanece”.

Medo

“Não senti medo no primeiro câncer de mama. O médico falou que eu tinha chance de cura, que eu era muito jovem e confiei na medicina e em Deus. Agora, se você me perguntar da metástase, que veio em 2018, em decorrência do câncer de mama, eu confesso que tive medo”, assume Alexsandra.

Mas o medo logo deu lugar à esperança. Após conversar com sua médica, ela levantou a cabeça e decidiu lutar pela vida. “Quem me conhece sabe que não gosto de chorar. Mas como é metástase, é um tratamento longo”.

Desde 2012, Alexsandra realiza tratamento e exames em Teresina, no Estado do Piauí. Com o apoio de parentes, amigos e do Grupo Esperança, ela consegue persistir, ter forças e seguir sorrindo, inspirando outras mulheres.

Alexsandra e a amiga Elisângela Lima: duas histórias de luta contra o câncer e motivam outras mulheres

Rede de apoio

No início, em 2012, Alexsandra contava com o apoio da família e dos amigos da igreja. Anos depois, descobriu o Grupo de Apoio Esperança, que são mulheres que passam ou que já passaram pelo tratamento de câncer, que se apoiam moral e espiritualmente, dando suporte à família e ajudando com campanhas para arrecadar recursos financeiros, que muitas vezes são escassos às pacientes.

“Me inseri no grupo e é muito bom. Há encontros com as mulheres que estão passando pela mesma coisa e a gente pode conversar. Mas o meu apoio mesmo, a minha base é a família: meu esposo e minha filha”.

Casada há 12 anos com Neuton Costa, seu fiel parceiro e escudeiro, Alexsandra conta com o apoio incondicional do marido durante todo o processo de tratamento.

Aprendizado

“Aprendi a viver um dia de cada vez. Muita gente não sabe o que é isso, as pessoas já acordam apressadas. Quando a gente tem um câncer com metástase, você aprende que acordar é um milagre. Você aprende que deve viver o hoje da melhor forma possível. Eu não penso no que vou fazer amanhã, vivo o hoje. Desistir não faz parte do meu vocabulário, não faz parte da minha vida. Enquanto existir um medicamento que eu possa tomar para amanhecer viva no outro dia, vou tomar. Amo viver, amo sorrir. Por que vou desistir?”, finaliza Alexsandra, emocionando a equipe de reportagem. (Ana Mangas)

https://www.youtube.com/watch?v=Wb42uMmFEaY&ab_channel=CorreiodeCaraj%C3%A1s