Após brilhar nas Olimpíadas de Tóquio e se tornar a medalhista olímpica mais jovem do Brasil, Rayssa Leal, a “fadinha do skate”, conquistou mais uma vitória, o prêmio “Espírito Olímpico”, oferecido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).
A atleta da cidade de Imperatriz no Maranhão, que ganhou a medalha de prata nos jogos olímpicos, na modalidade de Skate, se destacou nas Olimpíadas não apenas pelas manobras feitas durante a competição, mas também pela amizade com as outras atletas do skate que competiram com ela.
Segundo o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), a cena de Rayssa Leal vibrando pelo ouro da japonesa Momiji Nishiya foi um dos momentos mais celebrados de Tóquio 2020, pois mostrou a essência dos jogos.
Leia mais:Oferecida pelo COI e por uma empresa de cartões de crédito, a láurea visa reconhecer o atleta que melhor representou o Espírito Olímpico na edição das olimpíadas.
A escolha da “Fadinha” foi feita pelo volto popular, por meio de uma votação na internet, que encerrou no dia 9 de agosto. O valor do prêmio é US$ 50 mil, o que equivale a mais de R$ 260 mil, para que o atleta possa doar a uma instituição social de sua escolha.
Rayssa Leal afirmou que vai destinar o valor do prêmio para transformar vidas de crianças por meio do Skate. Segundo a atleta, os US$ 50 mil serão doados a uma ONG que incentiva crianças e suas famílias nas práticas educacionais e esportivas, entre elas, o skate.
Por meio das redes sociais, a Rayssa Leal falou da alegria de conquistar o prêmio.
“Hoje fui reconhecida, como a atleta que mais representou os valores Olímpicos durante os jogos! E, como prêmio, iremos ajudar a @ongsocialskate, que transforma a vida de várias crianças através do Skate! Obrigada pelos votos galerinha! Essa conquista é nossa! Juntos somos mais fortes!”, declarou a “Fadinha”.
Quem é a Fadinha
Tímida e de poucas palavras, Jhulia Rayssa Mendes Leal era mais uma criança que gostava de praticar skate em Imperatriz, no sudoeste do Maranhão, quando seu dom para o esporte apareceu para o mundo, em 2015.
Em um 7 de setembro, aos sete anos de idade, em meio aos colegas, ela insistia em acertar uma manobra conhecida como “heelflip”, considerada bem difícil. Após diversas quedas e tentativas, Rayssa enfim teve êxito. O vídeo em que consegue o feito fantasiada de fada azul “viralizou” na internet.
Na época, o vídeo chegou a ser visto mais de 4,8 milhões de vezes e compartilhado por mais de 60,6 mil usuários. Até Tony Hawk, considerado uma lenda do skate, republicou o vídeo. Como Rayssa, o americano também está no Japão. E, desde a última semana, está “tietando” Rayssa e gravando vídeos dos treinos da garota em Tóquio.
“Há 6 anos ele [Tony] me apresentava pro mundo do skate compartilhando meu vídeo vestida de fadinha, hoje me filmou nas Olimpíadas. Isso tudo é muito incrível, estou vivendo um sonho’, publicou Rayssa nas redes sociais após encontrar o ídolo.
Inspiração que virou parceria
A inspiração de Rayssa sempre foi a skatista brasileira Leticia Bufoni, uma das maiores esportistas do mundo na modalidade. Em 2015, mesmo ano em que “viralizou” como fadinha, a menina esteve no “Esporte Espetacular” e chorou no primeiro encontro entre as duas.
Mesmo à distância, já que mora nos EUA, Leticia tem acompanhado a trajetória de Rayssa até aqui. Hoje, as duas são colegas de equipe em Tóquio.
Na abertura das Olimpíadas, em entrevista a Galvão Bueno, a Rayssa falou da relação com sua grande inspiração e sobre como está sendo a convivência nesses dias em Tóquio.
“A Leticia tá sempre me ensinando tudo, está sendo minha companheira aqui. Eu tô super animada, a gente fica brincando na pista, se divertindo bastante e saber que minha ídola está correndo junto comigo é uma emoção muito grande”, afirmou.
Títulos e esperança de medalha
Desde o vídeo em Imperatriz, a vida de criança da Rayssa mudou. Disputando competições pelo Brasil e pelo mundo, já são diversos títulos acumulados, incluindo conquistas nacionais e o mais especial até antes da medalha olímpica: a etapa da SLS (Mundial de Skate Street), em Los Angeles, que venceu aos 11 anos. Com o título, Rayssa se tornou a mais jovem atleta a conseguir a façanha.
Um ano depois, Rayssa também foi indicada ao Prêmio Laureus, considerado o Oscar do Esporte.
Após conseguir a classificação para as Olimpíadas, a skatista chegou a Tóquio como a mais jovem atleta da delegação brasileira.
Em Tóquio, Rayssa competiu na categoria street, que foca em transições em lugares públicos e manobras em mesas, escadas, corrimões de ferro, trilhos e outros objetos urbanos.
A estreia dela nas Olímpiadas de Tóquio aconteceu na madrugada do dia 26 de julho, uma data especial para a menina que nunca imaginou chegar tão longe em tão pouco tempo. E veio com medalhas: aos 13 anos, Rayssa conquistou a prata no skate street, tornando-se a mais jovem medalhista olímpica do Brasil .
(Fonte:G1)