A nova leva de venezuelanos que chegou nas últimas semanas a Marabá chamou atenção e teve grande visibilidade pela quantidade de pessoas que estavam nas ruas da cidade. Com muitas crianças, famílias inteiras estavam dormindo nas calçadas do Núcleo Nova Marabá e mendigando para sobreviver nos arredores do Terminal Rodoviário, na Folha 32. A situação precária dessas pessoas foi alvo de ampla reportagem aqui no CORREIO em 17 de julho, quando o grupo expôs que não aceitaria ir para abrigo, mas queria uma casa para servir de moradia. Eles agora conseguiram e o desafio passa a ser outro.
Na época da reportagem, procurada, a secretária de Assistência Social de Marabá, Nadja Lúcia Lima, respondeu ter conhecimento sobre a chegada de um novo grupo de venezuelanos e que as providências já estavam em andamento. Pontuou, ainda, que não estava sendo fácil lidar, uma vez que os estrangeiros não aceitavam o formato de apoio oferecido pelo Município, que era a de um abrigo público.
A solução saiu nos últimos dias, quando a Prefeitura Municipal de Marabá passou a alugar um imóvel no Bairro Laranjeiras para alojar os mais de 40 venezuelanos que haviam recém chegado na cidade e estavam nas ruas. “São sete famílias, sendo que tem 21 crianças e sete são bebês de colo”, explica ao CORREIO Ladyanne Souza, que faz parte da equipe do Projeto Social Santa Dulce dos Pobres, ligado à Diocese de Marabá.
Leia mais:Na quinta-feira, dia 29, integrantes da igreja Católica se reuniram com Nadja Lúcia para tratar sobre o apoio e acompanhamento social aos venezuelanos enquanto eles estiverem residindo no município. Eles entendem que apenas a moradia não resolve a situação e que há vários pontos a serem amarrados, como o suporte ao grande número de crianças dessas famílias.
Os missionários do projeto trabalham levando alimentação para as pessoas que vivem em situação de rua. Ladyanne conta que assim que tiveram conhecimento dos venezuelanos, que estavam próximo à Rodoviária da Folha 32, entraram em contato com a Seaspac.
Durante a reunião – que contou com a presença do bispo dom Vital Coberlline, dos padres Jorge e Pedro, de Ladyanne Souza e Vanessa Dias – foi destacada a preocupação, principalmente, com as crianças que somam mais da metade das pessoas.
“Solicitamos enxoval para os bebês e acompanhamento do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social). O mais próximo da localidade é o CRAS do Bairro Bela Vista, e ficou acordado que a assistente social irá fazer visitas e acompanhamentos dessas famílias”, explica Ladyanne.
A Diocese de Marabá se comprometeu a continuar dando apoio a essas famílias, além de realizar uma mobilização junto à comunidade para arrecadar alimentos.
“Precisamos que eles vivam de forma digna, uma vez que eles estavam em uma situação difícil quando chegaram semanas atrás. A secretaria está ajudando com fraldas e alimentos, e a igreja também está ajudando”, esclarece dom Vital.
O CORREIO também esteve em visita nesta sexta-feira (30/7) à casa onde os venezuelanos estão morando no Bairro Laranjeiras. Eles se demonstraram satisfeitos em terem saído das ruas para uma condição mais segura, num imóvel. Também se dizem gratos pelo apoio que vêm recebendo em Marabá, do poder público e de populares, mas destacam que seguem precisando de doações de alimentos e fraldas para as crianças.
Quem quiser fazer qualquer tipo de doação às famílias pode procurar a Diocese de Marabá ou a Secretaria de Assistência Social do município, que vão fazer com que os donativos cheguem até os refugiados. (Ana Mangas)