A Corregedoria Geral Penitenciária determinou a abertura de dois procedimentos para investigar a fuga de três internos da Cadeia Pública de Parauapebas, registrada no dia 7 deste mês.
Na ocasião, fugiram Josenildo Leal Vital, acusado por uma tentativa de homicídio em Canaã dos Carajás, Francisco Alexandre de Sousa e Reniuto de Sousa Nobre, condenado a 16 anos de prisão pela morte de Jeovane Batista Belém e tentativa de homicídio contra Thais Félix e Eduardo Machado, durante o show de Réveillon de 2020 de Canaã dos Carajás.
No dia seguinte, menos de 24 horas após a fuga, Josenildo Vital Leal foi recapturado em Canaã dos Carajás, enquanto os outros dois permanecem foragidos. Ao prestar depoimento, ele teria afirmado que um servidor da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, lotado na unidade prisional, recebeu uma quantia em dinheiro para ajudar no processo de fuga.
Leia mais:A portaria que determina ser instaurada Sindicância ou Processo Administrativo Disciplinar para investigar o que foi narrado pelo preso recapturado, publicada na edição desta quarta (21) do Diário Oficial do Estado do Pará, não divulga o nome do servidor apontado por Josenildo.
Além desta, outra portaria foi publicada para investigar responsabilidade administrativa e funcional de três servidores “acerca de conduta desidiosa no que tange às irregularidades procedimentais e circunstanciais da fuga” relacionada a Francisco, Josenildo e Renato. A determinação do corregedor afirma que os servidores incorreram em falta grave.
No dia da fuga, a Polícia Militar foi acionada por volta das 15h30, na VS-10, próximo à Rodovia PA 160, na saída para Canaã dos Carajás, e informada que o trio estava realizando pinturas na área externa do presídio, enquanto era monitorada por um único agente prisional. Durante um descuido do servidor, os três teriam conseguido correr.
CADEIA DE PARAUAPEBAS DÁ TRABALHO
No último mês o Correio de Carajás publicou reportagem demonstrando que uma série de supostas condutas irregulares por parte de servidores da Cadeia Pública de Parauapebas estão sendo investigadas pela Corregedoria-Geral Penitenciária.
Apenas nos primeiros seis meses de 2021 foram instaurados nove processos, uma média de 1,5 ao mês, entre sindicâncias e processos administrativos disciplinares. No ano passado, ao longo dos 12 meses, instaurou-se 10, menos de um por mês. A reportagem teve acesso aos dados via Lei de Acesso à Informação.
Dentre os motivos para a abertura de investigações, há denúncias de desvio de refeições, fugas, falsificação documental, agressão a internos, assédio moral, perseguição, violação de prerrogativas, cárcere privado, calúnia, difamação, acúmulo de cargo, fraude na folha de ponto, falsa comunicação de comparecimento em exames médicos, envolvimento com advogados, familiares de presos e custodiados, disparo de arma de fogo, porte ilegal de arma de fogo dentro do cárcere, gás de pimenta sendo lançado em celas e extravio de notebook doado pelo Tribunal de Justiça. (Luciana Marschall)