Correio de Carajás

Músicos fecham acesso à ponte rodoferroviária com barreira

Manifestantes ameaçam fechar até mesmo Estrada de Ferro Carajás, caso não sejam recebidos pelo prefeito Tião Miranda

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Conforme prometido previamente, a categoria dos músicos da noite de Marabá, que estão sem poder trabalhar há várias semanas, em virtude dos decretos que proíbem shows e funcionamento de bares, fecharam o acesso rodoviário à ponte sobre o Rio Tocantins no final da tarde desta segunda-feira, dia 12 de abril.

A primeira atitude foi fechar a rodovia BR-222, à altura da Folha 1, fazendo barricada com pneus, galhos de árvores, criando uma barreira de fogo, causando um engarrafamento tanto na Nova Marabá quanto no São Félix.

Um dos líderes do movimento é Jader Santos, o qual alegou que a manifestação foi organizada por empresários do segmento, donos de bares, músicos e artistas que atuam na noite em Marabá. Disse que estão reivindicando o repasse de um auxílio emergencial municipal, uma vez que o município deixou de aplicar mais de R$ 3 milhões do ano passado para cá em eventos culturais. “Não somos contra o impedimento para trabalhar, porque sabemos que não podemos ter aglomerações. Todavia, os trabalhadores precisam sobreviver, têm famílias. Há um ano que essas pessoas estão passando fome e queremos uma administração mais solidária, que ouça a situação que estão passando. Conseguimos ser ouvidos pelo governador, mas não conseguimos espaço para apresentar nossas reivindicações ao prefeito de Marabá, que é inacessível. Isso é inadmissível”.

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Esta, segundo Jader Santos, é uma condição para liberação da rodovia: só abrir para o trânsito depois que o prefeito sentar para dialogar com os manifestantes. Eles levaram tentas e barracas e prometem acampar no local até que sejam atendidos. Se até amanhã essa reivindicação não acontecer, disseram que vão fechar a ferrovia.

A Reportagem do CORREIO DE CARAJÁS, que está no local, constatou que há presença de policiais militares e da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

O motorista de prenome Antônio (ele se negou a informar o sobrenome) veio de Nova Ipixuna para realizar compras em Marabá e aguardava no longo congestionamento, próximo à ponte. Disse ser favorável à reivindicação dos manifestantes, mas em frente à Prefeitura, já que o objetivo é pressionar o prefeito local. “Quem pode resolver o problema deles é o prefeito, não a gente aqui”, argumentou.

O agente da PRF Leal Neto informou que os manifestantes foram sensíveis para liberação do trânsito até a passagem de duas ambulâncias que chegavam com pacientes de outros municípios da região com destino a hospitais de Marabá. “Mas eles garantiram que fecharão novamente o acesso de veículos assim que as ambulâncias passarem com os doentes”, disse Leal Neto.

Em nota enviada à Redação do Portal CORREIO, a Prefeitura de Marabá informou o seguinte: “A Prefeitura de Marabá não tem medido esforços para atender a forte demanda provocada pela pandemia. Medidas restritivas são necessárias e ainda assim, em muitos casos, são desrespeitadas por uma parcela da população. Não é momento para ações de vandalismo como esta. Toda a gestão está envolvida no processo de amparo a músicos, ambulantes com auxílios de cestas básicas e, dentro do possível, acelerando o processo de vacinação para que possamos sair o mais rápido possível desta pandemia, abrindo mais leitos para atender a uma demanda cada vez mais crescente de casos confirmados e. Infelizmente, graves.

O diálogo sempre aconteceu. Prova disso, são as diversas reuniões que donos de bares, restaurantes e afins participaram e dialogaram com a equipe técnica da gestão Covid-19. Mas se faz mais que necessário, neste momento, que em nome das mais de 300 vítimas e hospitais lotados em nossa cidade, um esforço ainda maior. A covid ainda é subestimada por muitos e isto é inadmissível. O diálogo neste momento tem que ser a favor da ciência e da vida”. (Ana Mangas e Ulisses Pompeu)

Fotos: Evangelista Rocha