Por intermédio da 2ª promotoria de Justiça Militar, o Ministério Público do Estado do Pará, apresentou denúncia contra os cabos da Polícia Militar André Pinto da Silva, Dionatan João Neves Pantoja, Wagner Braga Almeida e Ismael Noia Vieira. Eles são acusados de tortura e sequestro ou cárcere privado cometido contra Matheus Gabriel da Silva Costa, 18 anos, no município de Xinguara. Ele está desaparecido desde o dia 3 de fevereiro.
De acordo com relato da mãe do rapaz, Zely Aparecida, passava pouco das 21h30 horas quando Matheus Gabriel pegou sua moto Honda CG Start, comprada após poupar quase dois anos de salário como funcionário de um posto de combustíveis, e avisou a mãe que ia jogar bola no setor Jardim Tropical, periferia de Xinguara. Foi a última vez que ela viu o filho. Ele foi abordado por uma guarnição da PM. Parte da abordagem foi filmada por câmeras de vídeo-monitoramento.
Na manhã de 5 de fevereiro, depois de 36 horas sem ver o filho, Zely Silva registrou na Delegacia de Polícia de Xinguara o desaparecimento dele. O boletim de ocorrência foi lavrado pelo delegado José Orimaldo Silva Farias. O amigo de Matheus, que voltou de carona com ele para casa naquele dia, disse em depoimento que, ao fechar o portão, viu o rapaz ser seguido de carro por policiais militares do 17º Batalhão da PM.
Leia mais:Segundo a investigação, na viatura 1703 estavam os quatro policiais militares que agora foram denunciados. No inquérito, testemunhas afirmaram que Matheus teria sido abordado por volta das 23h30, espancado e colocado dentro da viatura. Ouvidos na Delegacia de Polícia Civil, os quatro PMs usaram o direito constitucional de permanecerem calados.
Uma moradora da região enviou dois áudios a uma amiga pelo WhatsApp em que é possível ouvir, ao longe, gritos desesperados. As gravações acompanham a seguinte mensagem: “Aqui do lado nesse beco mesmo. Vai bater no homem de estaca. Parece que roubou a casa de um policial em Rio Maria. O trem tá feio aqui do lado de fora. Misericórdia.” Os áudios e as mensagens foram juntados ao inquérito. Além de Matheus, o paradeiro da moto também é um mistério. (Da Redação)