Excesso de buracos, falta de iluminação, pouca visibilidade e matagal cobrindo as placas de sinalização. Todo esse descaso da Prefeitura de Parauapebas na região conhecida como Complexo da VS-10, estrada que liga o Bairro Guanabara à Rodovia PA-160, tem aumentado a quantidade de acidentes graves na via.
Nesta segunda-feira (29) uma pessoa morreu ao ser atropelada por um caminhão de lixo após se envolver em uma colisão enquanto pilotava uma motocicleta. O acidente foi registrado à altura de uma ladeira que dificulta a visibilidade e onde a vítima teria tentado uma ultrapassagem.
Um dia antes, no domingo (28), outro grave acidente foi registrado na estrada, deixando um homem bastante ferido. A vítima teve parte de uma das pernas amputada, além de outros ferimentos pelo corpo e perfuração em um dos pulmões. O homem colidiu contra um automóvel ao desviar de um buraco na pista. Em janeiro deste ano, quatro pessoas de uma mesma família morreram em acidente registrado na mesma estrada.
Leia mais:Cássio de Menezes e Silva, presidente da Associação de Moradores do Bairro Parque São Luís, localizado às margens da VS 10, reclama da falta de atenção da gestão municipal. “Nos chateia, nos machuca muito. A gente vê graves acidentes levando vítimas, pessoas da nossa região morrendo e ninguém faz nada, ninguém se manifesta. O governo não solta uma nota falando que vai cuidar, que vai mudar, não tem interesse”, desabafa.
De acordo com ele, não é por falta de pedidos de socorro feitos pelas lideranças locais, mas a comunidade acaba sendo ouvida apenas em período de eleições. “A gente tem que estar em cima, tem que estar tentando ver o que consegue buscar deles, a todo custo, porque boa vontade eles não têm. Quando é nas eleições vêm andar dentro da lama, na poeira, subir ladeira, descer ladeira e pedir voto. Isso é o que revolta a nossa comunidade”, diz.
Além de citar os buracos, a escuridão e o matagal, Cássio afirma que a estrada é muito sinuosa e destaca, ainda, a ladeira que atrapalha a visibilidade dos condutores, afirmando que é de conhecimento da gestão o desejo de que ela seja cortada.
Recentemente, o município iniciou obras de duplicação de trechos da estrada, mas o presidente da associação alerta que há residências no caminho das máquinas. “Vai ter que fazer várias indenizações e o governo tem que ter boa vontade, ele não pode chegar e pensar que todo mundo vai dar as coisas de graça. A gente espera que eles realmente venham concluir essa obra, mas eu, Cássio, como líder comunitário, não acredito que a obra será concluída”, critica.
SEMOB
O Correio de Carajás gravou entrevista na tarde desta quarta (31) com o secretário de Obras Wanterlor Bandeira. Conforme ele, há dois contratos assinados para obras que chegam a R$ 50 milhões naquela região.
“Uma parte vai ser de calçada, drenagem e recuperação asfáltica e a outra também de pavimentação e de trechos duplicados, com ciclovias e canteiros centrais”, explica, garantindo que as intervenções deverão trazer mais tranquilidade e diminuir os índices de acidente na via.
Sobre o pedido da comunidade para que a ladeira seja rebaixada, ele diz ser necessária orientação técnica do Departamento Municipal de Transporte e Trânsito (DMTT). “Solicitamos que o órgão nos apresente uma solução e um projeto. Sem essa autorização do DMTT não tem como intervir na via para rebaixar. Havendo possibilidade nós faremos o serviço na terceira etapa de duplicação da VS 10”, promete.
O secretário justifica que o período chuvoso retardou as obras, mas que estas serão reiniciadas “a todo vapor”. Avisa, ainda, que por enquanto não será feita a recuperação asfáltica nos trechos esburacados. “A gente vai rasgar a rua toda, então não adianta entrar com recuperação asfáltica se eu vou rasgar a rua para colocar tubos. Vai ter drenagem naquela rua toda, boca de lobo, ponto de visita, se eu fizer asfalto agora vai ter que quebrar de novo”, diz.
Em relação às indenizações, devido à quantidade de propriedade e à falta de documentação de muitos dos terrenos, ele adianta que a Prefeitura optou pela alternativa de abrir via de acesso para outras ruas, com recuperação e drenagem. “Queremos evitar o máximo de desapropriação possível. Aonde der para duplicar, será duplicado, onde não der, não será e onde tiver alternativas secundárias em ruas secundárias, nós iremos fazer a obra”, explica.
O primeiro lote de obras segue da Escola Municipal Faruk Salmén até a região conhecida como Castanheiras e o segundo deste ponto até o matadouro. (Luciana Marschall e Ronaldo Modesto)