No dia 25 de fevereiro no ano de 1991, portanto há exatos 30 anos”, Marabá presenciava um dos assassinatos mais rumorosos de sua história e que até hoje está envolto em interrogações. O cartorário Antônio de Araújo Santis, de 58 anos de idade, foi rendido por três homens assim que chegava em sua casa, na Avenida do Sororó, que já estava em processo de ser integrada no núcleo Cidade Nova.
Às 18h30 daquele dia, Antonio Santis, titular do Cartório do 1º Ofício de Marabá, chegava em casa e no portão estava Francisco Ferreira de Souza, carpinteiro que fora contratado para construir um pequeno viveiro de pássaros na residência, conforme relatou posteriormente a história para os policiais.
Os dois foram rendidos assim que a empregada da residência, Maria de Jesus, abriu o portão. Os homens começaram a mandar tirar todas as joias que Santis usava. Depois de ser subjugado, Francisco levou uma coronhada de um dos assaltantes por tentar olhar para seu rosto.
Leia mais:O cartorário foi arrastado para dentro do quarto, pois os bandidos suspeitavam que havia joias dentro de um cofre. Mas a vítima se recusou a abrir o cofre e foi golpeado com faca em uma das pernas. Os assaltantes acabaram sequestrando Antônio Santis, levaram outro cofre, um televisor e um aparelho de som. Quarenta horas depois ele foi encontrado morto dentro de seu carro, em um matagal no bairro Belo Horizonte. A perícia afirmou que ele foi executado com cinco tiros a queima roupa.
Respeitado e admirado na cidade, familiares, amigos e autoridades da região lamentaram a sua morte e pediram justiça. A juíza da 4ª Vara Penal e diretora do Fórum, à época, Ezilda Pastana, decretou luto de três dias. “Antonio Santis era o amigo leal, que toda Marabá conhecia, que sempre encontrava, mesmo nos momentos mais difíceis, a maneira correta de amparar e aconselhar a quantos o procuravam, fosse qual fosse o problema” frisou a juíza.
E diante das investigações, sete suspeitos foram levantados, mas só quatro foram presos, dentre deles Manoel Francisco Neto, conhecido como ‘’Papudo’’; Antonio da Cruz Arantes, conhecido por Barbudo.
Muitas teorias foram levantadas sobre esse caso, alguns acharam que foi acerto de contas, ou motivos de vingança. A família cria em assassinato encomendado por donos de terras que não foram beneficiados e o tinha, ameaçados de morte um ano antes do crime.
No entanto, a investigação foi conturbada por muitos motivos, um deles por terem tentado desviar atenção com o sequestro da esposa de um ex-funcionário do cartório, Manoel Nunes da Silva, casado com Sebastiana Augusta Paixão, que foi surpreendida por dois homens na Folha 28, onde caminhava.
A juíza Ezilda Pastana pediu a prisão preventiva dos suspeitos para que o desenrolar da investigação não fosse afetado. Até aquele momento haviam sido detidos Manoel dos Santos Neto “Papudo”; Grênio Lopes dos Santos o “Olho Roxo”; Elesio Ferreira de Queiroz, “Gordo”. Houve, ainda, o pedido para prisão de Edson Rodriguez da Silva, Ezequiel Rodrigues dos Anjos e Roberto Pereira Farias. Esses três últimos foragidos e apontados como participantes do sequestro e morte de Antonio Santis.
Em setembro daquele ano, a juíza começou a liberar os suspeitos que não tinham envolvimento com o caso Santis. Elezio Ferreira Queiroz foi liberado da cadeia onde era mantido preso desde o dia 1º de março de 1991, só tendo ganhado liberdade meses depois.
Assim, um a um eles foram sendo soltos por falta de provas e ninguém sentou no banco dos réus por causa do assassinato de Antônio Santis. A filha da vítima, Neusa Santis, foi confirmada pelo Tribunal de Justiça do Estado com nova cartorária, no lugar do pai. Há menos de cinco anos o serviço foi repassado para outra pessoa, por meio de concurso. O mesmo aconteceu com o Cartório do 2º Ofício, que pertencia historicamente a outra ramificação da família Santis.
(Ulisses Pompeu e Henrique Garcia)