Marabá comemora nesta sexta-feira, dia 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra e o Dia de São Félix de Valois. Ambas as datas constam no calendário de feriados do município e se confundem com a luta pela liberdade em defesa do legado de Zumbi dos Palmares (ícone da resistência negra contra a escravidão) e Félix de Valois (líder da alforria aos cristãos feitos escravos na idade média).
Diferentemente dos anos anteriores – quando o movimento negro realizava as suas atividades no Bairro Cabelo Seco, e a Igreja Católica, o seu tradicional festejo na praça que estampa o nome do padroeiro da cidade -, nenhuma ação alusiva às datas acontecerá de modo presencial em virtude das restrições da pandemia.
Como forma de driblar o impedimento, o canal “Brigadas Populares”, no YouTube, promove um show musical com os artistas Diego Aquino e Negra Melodia. A transmissão ao vivo também contempla um debate em torno do tema racismo com a participação de professoras negras. O mediador será Eric Belém.
Leia mais:Coordenador do Coletivo Consciência Negra em Movimento, Eric avalia que, mesmo com as restrições, o brilho da comemoração não será apagado. “São dez anos de avanços na luta contra o racismo em Marabá. A pandemia não nos impossibilitou de seguir com a programação que pretendíamos germinar no Cabelo Seco, adaptando para as redes sociais. A adesão certamente será alta, com muitas pessoas acompanhando”, estima ele.
Ao falar sobre a “consciência humana”, que sempre irrompe nas mídias sociais quando se aproxima o Dia da Consciência Negra, Eric pondera que, lamentavelmente, se trata de um processo de ignorância, visto que toda situação do negro no Brasil é fruto justamente da ausência de políticas públicas para fomentar essa parcela da sociedade.
“Nós percebemos que, por mais de três séculos, os negros foram explorados e, com o advento da abolição da escravatura, o que se fez foi justamente relegar esses indivíduos à sua própria sorte. Quando se fala da consciência humana, se desconsidera toda uma política que foi desenvolvida para impedir a ascensão desse povo”, explica Eric.
Ele vai ainda mais longe no tema: “O povo negro não teve acesso à terra, ao estudo e a um conjunto de políticas que poderia dignificar a sua vida. Assim, quando alguém fala em consciência humana, se quer diminuir precisamente as reivindicações por todas essas mazelas que foram ocasionadas por mais de três séculos para essa população”.
Eric chama atenção para o fato de que, passados mais de 130 anos de abolição da escravatura no Brasil, até hoje não ocorreu a ascensão dessa parte da sociedade e até mesmo as poucas políticas públicas que começaram a promover um conjunto de benefícios a essa parcela da população estão agora sendo combatidas e esvaziadas.
Neste ano, o movimento negro de Marabá firmou parceria com o Ministério Público Federal (MPF) e a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) para realizar o Fórum de Defesa do Direitos do Povo Negro, sob o argumento de debater a situação do negro na cidade. O fórum será palco de apresentação de denúncias de abusos e injúria racial, bem como de propostas de políticas públicas destinadas a essa parcela da população. (Da Redação)
Consciência Negra Diversidade, Arte e Inclusão
Este mês o projeto “Sábado com Arte” do Núcleo de Arte e Cultura (NAC) terá uma programação diferente. No mês de novembro o NAC e Neabi, do Campus Marabá Industrial, se juntam em função de um momento muito especial: O Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro, nesta sexta-feira. Desta forma, teremos uma sexta com arte, debates e conferências, informações e apresentações sobre esse tema tão importante para o nosso campus e para os brasileiros.
A programação está repleta de coisas boas, confira!
Sexta com Arte Consciência Negra
19h – Abertura Institucional (Elielson, Everaldo, Davyson, Hudson, Natália e Cristiane)
19h30 – Conferência de Abertura: Movimento Negro Unificado (história, conquistas e desafios) Convidado: Profº Ésli Rian Queiroz (membro da Executiva Municipal do Movimento Negro Unificado em Campo Grande-MS e professor da Rede Municipal de Campo Grande)
20h – Debate
20h20 – Apresentação dos vídeos (poema, pintura e performance)
20h50 – Mesa de debate Afrocentrado (Prof. Cristiane, Natália, Rodrigo e Fabiano)
21h30 – Concerto musical (NAC Musical e os Alunos do curso de Licenciatura em Música da UEPA)