Correio de Carajás

O Águia não voa

Fotos: Reprodução/Águia oficial

O Águia é um time retrancado e lento. É a análise que faço desses dois primeiros jogos. Acredito, inclusive, que isso passa mais pelo treinador do que pelos jogadores. Mas passa por eles também. A partida deste domingo (30), em que o Águia foi derrotado, se assemelha muito ao empate na estreia contra a Tuna. O time cria pouco porque fica afundado no seu campo de defesa e sofre poucos ataques também, pelo mesmo motivo.

Acompanhe a análise:

Ao contrário do que vi torcedores e cronistas comentando, para mim, o Águia não entrou com um 4-3-3 e sim com um 4-2-3-1, tendo dois volantes plantados, um trio na faixa central com dois homens abertos e um meio por dentro, atuando por trás do centroavante. E é assim que jogam muitos times no mundo. Mas só que não deu certo. E eu tenho uma teoria pra isso.

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Da movimentação

Os laterais muito raramente passam do meio campo, não se atrevem ao ataque. Quando a bola chega nos homens de lado, eles têm o lateral um pouco atrás e um dos volantes ao lado e só. O meia centralizado, o centroavante e outro homem de beirada geralmente estão longe. Os volantes não sobem muito. Da Silva porque não tem essa característica e Corujinha porque não tem fôlego pra isso; vai “morrer”, se tentar fazer o tal box to box.

Facão cego

O time está engessado. Os homens de lado muito dificilmente fazem o famoso “facão”, que é uma das movimentações mais importantes da fase ofensiva, porque permite ao centroavante ter mais um companheiro dentro da área e também permite ao lateral fazer a ultrapassagem pelo flanco, abrindo o leque de opções para os armadores.

 

Lampejo

O Águia fez isso só uma vez contra o Bragantino, aos 6min do primeiro tempo. Betinho saiu da esquerda pra dentro e recebeu uma bola bem metida por Wendel. Além disso, no início da jogada é possível ver Corujinha (volante), Gabriel (lateral), Ramon (ponta) e Wendel (meia) aproximados, tocando a bola perto um do outro (foto acima). A bola só não entrou porque Betinho não caprichou, mas a jogada mostra que talvez este seja o caminho para o Águia: a movimentação.

 

Recua muito

Uma amostra de que o Águia está recuado demais é o gol do Bragantino. Quando a bola chegou no pé do meia Emerson Bacas, o volante Da Silva recua, ao invés de agredir (foto acima). Isso força o zagueiro Admilton a sair na caça e só aí o volante resolve bloquear o meia, mas já é tarde: ele só rolou para Wesley Barbosa. E aí entra em cena também a desatenção do lateral Rafael Vioto, que marcou Wesley com os olhos.

Prancheta cheia

Certamente, o técnico Samuel Cândido há de ter uma prancheta cheia de anotações para arrumar a casa, afinal, o Águia precisa vencer… e logo.