Correio de Carajás

“Vaquinha” na Internet custeia busca independente por garimpeiro desaparecido

Menos de uma semana depois de o Corpo de Bombeiros anunciar o fim das buscas por Giliard Reis Santos, um marabaense que desapareceu misteriosamente na Reserva Biológica do Tapirapé no dia 10 de abril, a esposa dele, Neidiane Ribeiro dos Santos Reis, se surpreendeu com a disposição de voluntários que se dispuseram a seguir para a região e continuar as buscas sem o auxílio das forças de segurança.

Neidiane revelou que nesta terça-feira, 30 de abril, um grupo de sete voluntários se dispôs a ir para a mata continuar as buscas por Giliard. Ela providenciou alimentos, combustível e o transporte para eles chegarem à Vila Bandinha, de onde seguirão a pé até o local onde o marido foi visto pela última vez, a cerca de 20 quilômetros em linha reta. “Mas os bombeiros, usando GPS, revelaram que, em função da muitas serras naquela região, fizeram um percurso de 50 km até o ponto de início das buscas”.

Além dos voluntários da cidade, alguns mateiros (exploradores de mata que conhecem bastante aquela região e moram na Bandinha) se dispuseram a acompanhar a equipe de voluntários na incursão iniciada nesta terça-feira. Firme nas palavras, Neidine diz que enquanto houver pessoas interessadas em ajudar a procurar Giliard, ela vai prestar toda a ajuda possível. “Não tenho muitos recursos, mas possuo muitos amigos, além de algumas pessoas que levantaram recursos para me ajudar por meio de uma vaquinha pelo Facebook. Quando eu não encontrar mais ninguém que queira ir, caso ele não tenha aparecido, eu vou procurá-lo. Prefiro me perder lá também (na floresta) do que ficar nessa indefinição sem saber o que aconteceu”.

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Neidiane diz estar pronta para receber o corpo do marido, “caso essa seja a vontade de Deus, mas não estou preparada para viver ‘ad eterno’, sem saber se o marido está vivo ou morto”.

A esposa de Giliard diz que a Segurança Pública do Estado disponibilizou um helicóptero para auxiliar nesta segunda fase das buscas, mas a única exigência era que o pessoal de terra deveria ter telefone de comunicação por satélite, mas essa tecnologia é inacessível para eles. “Minha oração, hoje, é que meu marido e esses homens voluntários e de coragem retornem para suas casas bem e com segurança”.

Pela Internet, foi criada uma “vakinha” online em que as pessoas podem fazer doações em dinheiro para ajudar nas buscas por Giliard. De R$ 10.000,00 previstos, até as 10 horas da manhã de hoje, dia 1º de maio, já tinham sido doados R$ 1.600,00. Para quem quiser acessar e ajudar, o endereço é este aqui:

https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajudem-a-encontrar-giliard-reis?utm_campaign=whatsapp&utm_content=558460&utm_medium=website&utm_source=social-shares

RECOMPENSA

O Disque Denúncia divulgou hoje a recompensa no valor de R$ 1.000,00 para quem tiver informações sobre a localização de Giliard. O valor será pago por informações que chegarem a central do Disque Denúncia Sudeste do Pará, através dos números (94) 3312-3350, Whatsapp (94) 98198-3350, ou pelo aplicativo DISQUE DENÚNCIA SUDESTE DO PARÁ.

As denúncias serão recebidas com total garantia do anonimato e o denunciante receberá um código o qual poderá ser utilizado para acrescentar informações, acompanhar o andamento da denuncia e caso seja procedente com resultado, o denunciante retornará o contato fornecendo esse mesmo código para receber a recompensa, a ONG-IBCC (Instituto Brasileiro de Cultura e Cidadania) ficará responsável pelo pagamento.

ENTENDA O CASO

Sob a ótica de Neidiane, seu marido, Giliard Reis Santos, de 36 anos de idade, está desaparecido na Reserva Biológica do Tapirapé desde o dia 10 de abril. No dia 15, às 15h30min, quatro bombeiros, um cão farejador e o Valdeci (companheiro do Giliard que sabia o local onde ele foi visto pela última vez) saíram de Marabá em direção à Vila Bandinha, que dá acesso à Reserva Biológica Tapirapé. Chegaram ao destino tarde da noite, pernoitaram na fazenda do senhor Raimundo.

No dia 16 de abril, os quatro bombeiros e Valdeci entraram na mata seguindo todos juntos por uma trilha até alcançarem, no dia 19 de abril, o pé da Serra Rouxinol, que foi o local onde Giliard desapareceu.

Ali descansaram, pois já estavam bastante debilitados, com os pés machucados e os joelhos inchados. Dois deles iniciaram a caminhada de volta no dia 20, a fim de solicitar que um helicóptero fosse resgatar os dois bombeiros e Valdeci, que permaneceram no acampamento montado ao pé da serra, pois esses últimos não teriam condições físicas de retornar caminhando.

Os três homens que ficaram no acampamento procuraram por Giliard do dia 20 a 22 de abril com a ajuda do cão farejador, embora nesse meio tempo também tenham se ocupado de abrir, a facão, a clareira na mata para que o helicóptero pudesse resgatá-los.

Em paralelo às ações dos bombeiros, uma aeronave da mineradora Vale sobrevoou a reserva biológica para reconhecimento da área, mas a mata é muito densa e a ação não foi exitosa.

O Exército montou uma base de operações na Vila Bandinha na noite do dia 17 de abril, após serem acionados pela Defesa Civil de Marabá. Contudo, o Exército não sabia o local onde Giliard havia se perdido, pois o guia estava com os bombeiros que, por sua vez, não possuíam meio de comunicação para informar a localização. Desta forma, apesar de todos os esforços dos soldados, eles fizeram buscas em uma área muito distante de onde Giliard poderia estar. Logo, a ação do Exército na busca não foi eficiente, mesmo com o quantitativo de mais de 40 homens, rádio de comunicação e todos os outros equipamentos que utilizaram.

No dia 22 de abril, pela manhã, o Exército deixou o local, após o comandante dos bombeiros informar que as buscas estavam encerradas. No dia 23 já não havia ninguém procurando pelo Giliard. No dia 24, seis bombeiros foram deixados na mata pelo helicóptero da Segurança Pública. Eles fizeram buscas durante dois dias e em seguida foram resgatados pela aeronave. Desde então, as buscas estão oficialmente encerradas. (Ulisses Pompeu)