Correio de Carajás

Comerciantes de Marabá querem flexibilização no decreto que fechou comércio

Nem bem se passaram três dias da validade do Decreto n° 26/2020 do gabinete do prefeito Tião Miranda, que estabelece quarentena no comércio de Marabá como prevenção ao alastramento da novo coronavírus (Covid-19), e o empresariado já quer recuo na medida. É o que admitiu nesta sexta-feira (27) o presidente da Associação Comercial (Acim), Raimundo Júnior, em entrevista à TV Correio (SBT). Segundo ele, os lojistas estão preocupados com o impacto econômico e querem que o decreto seja editado para liberar parcialmente o retorno de algumas empresas.

Apesar da certeza nesse sentido e de adiantar que espera ver alguma mudança acontecer até terça-feira, dia 31 de março, Júnior não detalhou que propostas a sua entidade e o Sindicato do Comércio Varejista estão apresentando. Apenas dizendo que já se reuniu com Comitê de Enfrentamento montado pela própria Prefeitura, e com o prefeito e tem a clareza de que há margem para mudanças.

Se seguido por completo o período de quarentena do Município, o comércio em geral só retornaria no dia 7 de abril. O decreto permite a abertura somente de estabelecimentos que ofereçam produtos e serviços essenciais, como os supermercados, panificadoras, açougues, feiras e mercados; postos de combustíveis; transportadoras de alimentos; circulação de ambulâncias; consultórios veterinários e outros.

Leia mais:

Ontem durante a tarde, uma arte sem assinatura de autor era repassada via whatsapp convocando pessoas para uma carreata a partir das 19 horas, saindo das proximidades do Aeroporto para cobrar a reabertura imediata do comércio. No horário marcado, contingente próximo de 15 veículos compareceu, mas ali também estava a Polícia Militar.

Segundo o Ten. Rodrigues, da PM, os policiais conversaram com os pretensos manifestantes e explicaram que não permitiriam tal ação, pois ela desobedece decreto estadual que proíbe aglomerações. Segundo ele, as pessoas entenderam e não demorou até dispersarem.

COMITÊ

A reunião a que o presidente da Acim se referiu, do Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus, aconteceu pela manhã na sede da Prefeitura de Marabá. Entre os assuntos debatidos estava a flexibilização de funcionamento do comércio de Marabá. A reunião contou com a participação da médica cirurgiã vascular intensivista Tatiana Carvalho, que tirou dúvidas relacionadas à proliferação da doença.

Também estiveram presentes, o chefe de gabinete da prefeitura, Valmor Costa, os secretários municipais de saúde, educação, segurança institucional, de comunicação, de planejamento e representantes de outros setores como da Associação Comercial de Marabá.

A médica destacou que o ideal para o país seria a testagem em massa, entretanto não se trata da realidade do Brasil. Em relação a possível flexibilização do isolamento social, ela avalia que o lockdown horizontal deveria durar pelo menos 14 dias.

“Na verdade, a Organização Mundial da Saúde ainda não liberou flexibilizar, a orientação é de isolamento horizontal por 14 dias, que é o tempo máximo de incubação do vírus. Se a gente colocar na nossa cabeça, que a população conscientizou, que não tá chegando muita gente do epicentro, que é São Paulo, e que estão sendo feitas as medidas de higiene, nesses 14 dias, ou a população vai adoecer ou ela já está se imunizando também, então a partir daí a gente flexibilizaria o vertical [volta ao trabalho dos jovens], que é longe do ideal, que seria a testagem em massa, mas é o nosso jeito, eu também não defendo a economia ficar parada tanto tempo, a gente não vai suportar”, reiterou.

A doutora Tatiana destacou que o Estado optou pelo isolamento social na hora certa, já que países como os Estados Unidos e Itália, que desobedeceram o isolamento, tiveram crescimento na taxa de infectados.

A médica intensivista pontuou que com ou sem flexibilização do isolamento é preciso redobrar os cuidados com a higiene, como manter as mãos sempre limpas, lavando com água e sabão, proteger o rosto com os braços ou um lenço ao tossir ou espirrar, manter uma distância de segurança de dois metros das pessoas, e quem estiver chegando de carro na cidade, principalmente do epicentro da covid-19, que é São Paulo, ter consciência de se manter isolado, já que à medida que chegam novas pessoas, os riscos aumentam.

As informações repassadas e discutidas estão sendo debatidas com o prefeito Tião Miranda, para que sejam tomadas as medidas necessárias que contemplem todos os setores social, econômico e, principalmente, de saúde. (Da Redação, com PMM)