Correio de Carajás

10 plantas urbanas comuns que você talvez não saiba que pode comer

✏️ Atualizado em 03/06/2018 11h28

Já pensou em rechear um pastel com as flores do ipê, em preparar uma salada com as folhas da paineira ou um sorvete com os frutos da costela-de-adão?

Muitas plantas comuns nas cidades brasileiras têm partes comestíveis e poderiam enriquecer os nossos cardápios.

Basta tomar algumas precauções ao coletá-las, explica o gestor ambiental Guilherme Ranieri, especialista em plantas alimentícias não convencionais (PANC).

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Primeiro, deve-se certificar de que realmente pertencem às espécies almejadas. Para ter certeza, examine a planta e a compare com imagens da espécie em catálogos botânicos, pesquisando por seu nome científico.

Depois, deve-se higienizá-la para eliminar micro-organismos nocivos. Ranieri sugere mergulhar a planta por 15 minutos numa solução de água e hipoclorito de sódio (item vendido nos mercados como desinfetante ou purificador).

Ipê branco em Brasília
Há várias espécies de ipê com flores comestíveis 

Segundo ele, deve-se ter o mesmo cuidado com todas as verduras e legumes comuns. Plantas em avenidas movimentadas ou em áreas que possam estar contaminadas – como os arredores de zonas industriais, oficinas mecânicas e postos de gasolina – devem ser evitadas.

“Na dúvida, melhor não comer”, diz Ranieri.

A BBC Brasil listou dez espécies de plantas comestíveis bastante comuns em cidades do país:

1. Flores do ipê (Handroanthus chrysotrichus, Handroanthus impetiginosus, Handroanthus heptaphyllus, Tabebuia aurea e Tabebuia roseoalba)

Ipê em Brasília
Flores do ipê têm leve amargor e podem ser servidas em saladas 

Há variedades roxas, amarelas e brancas de ipês com flores comestíveis. Com perfume adocidado e leve amagor – similar ao da alface ou do almeirão -, elas podem ser servidas cruas ou refogadas e salteadas, acompanhando carnes e legumes.

Outra opção é servi-las à milanesa ou à dorê.

2. Brotos e sementes da araucária (Araucaria angustifolia)

Araucária no Parque da Cidade, em Brasília
Araucária é um pinheiro nativo do Brasil 

Além do mais conhecido pinhão (a semente da árvore), são comestíveis seus brotos jovens, retirando-se as folhas externas, mais duras.

Devem ser preparados em conservas com água, sal e vinagre e depois aquecidos em banho-maria por dez minutos.

Brotos da araucária
Brotos jovens da araucária são comestíveis, retirando-se as folhas externas, mais duras 

3. Frutos da costela-de-adão (Monstera deliciosa)

Costela-de-adão
Costela-de-adão é bastante usada no Brasil como planta ornamental 

O fruto da trepadeira é comestível quando está bem maduro e começa a soltar suas plaquetas – tão saboroso que ganhou o termo “deliciosa” em seu nome científico.

Mas cuidado para não confundi-la com plantas parecidas e que podem ser tóxicas. Um detalhe que facilita sua identificação são os furos arredondados nas folhas, normalmente ausentes nas outras espécies.

Fruto da costela-de-adão
Image captionFruto ainda verde da costela-de-adão; é preciso esperar que placas externas se soltem 

4. Flores e folhas do hibisco (Hibiscus rosa-sinensis)

Flor do hibisco
Chá de hibisco é bastante popular na Ásia 

As folhas jovens substitutem o espinafre ou a couve em saladas e pratos quentes. As flores são consumidas cruas, em saladas, ou como decoração de pratos variados.

Também podem ser usadas como corantes de conservas.

5. Folhas e rizomas da taioba-roxa (Xanthosoma violaceum)

Taioba-roxa
Rizomas e folhas da taioba-roxa são comestíveis após preparo adequado 

O rizoma (caule subterrâneo) pode ser cozido e, após descascado, comido frito, assado ou como purê. As folhas bem jovens também são comestíveis, mas devem ser bem cozidas, descartando-se as nervuras mais grossas. As mesmas instruções valem para a taoiba comum, de caule verde.

6. Folhas da paineira (Ceiba speciosa)

Paineira
Paineira é muito usada no paisagismo de cidades brasileiras 

As folhas jovens podem ser consumidas cruas, na salada. Quando cozidas, refogadas ou ensopadas, soltam uma baba (mucilagem) que lembra a do quiabo.

São uma excelente fonte de minerais, como o fósforo.

7. Flores e palmito da pata-de-elefante ou iuca-elefante (Yucca guatemalensis)

Iuca-elefante
Iuca-elefante é bastante consumida na América Central 

As flores são consumidas empanadas e fritas, ou salteadas para recheios de tortas e panquecas.

O miolo dos brotos terminais (palmitos) são comidos crus ou em conservas. A espécie é bastante consumida em El Salvador.

Palmito da iuca-elefante
Detalhe do palmito da iuca-elefante 

8. Flores e sementes verdes do flamboianzinho (Caesalpinia pulcherrima)

Flamboianzinho em Brasília
Flamboianzinho pode ter folhas amarelas ou alaranjadas 

Após fervidas, as sementes imaturas (verdes) podem ser consumidas como o grão-de-bico, quentes ou frias, ou transformadas em patês. Preferencialmente, deve-se descascar os grãos.

As flores cozidas também são comestíveis.

Sementes verdes do flamboianzinho
Sementes do flamboianzinho podem ser consumidas como o grão-de-bico 

9. Sementes da castanha-do-maranhão (Bombacopsis glabra)

Castanha-do-maranhão
Tronco verde e frutos lenhosos ajudam a identificar pés de castanha-do-maranhão 

As sementes, obtidas quando as frutas maduras caem e se abrem, podem ser comidas cruas ou assadas – nesse caso, deve-se perfurá-las para que não estourem. Aconselha-se retirar a casquinha fibrosa que envolve as sementes. O sabor lembra o do amendoim, porém mais suave.

Sementes da castanha-do-maranhão

10. Palma (Cactus cochenillifer, Nopala cocifera, Opuntia cochenillifera)

Palma
Palma é bastante consumida no México 

As palmas jovens podem ser grelhadas, salteadas, ensopadas ou usadas para fazer pães e bolos. Os frutos rendem sucos, geleias, licores e sorvetes.

Deve-se tomar cuidado com os espinhos ao extraí-las. É bastante usada na culinária do México.

Deve-se ter cuidado com os espinhos da palma
Flores da palma, planta usada como forrageira na região do Semiárido 

Fontes: Livro “Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil”, de Valdely Ferreira Kinupp e Harri Lorenzi, e o blog Come-se , da nutricionista Neide Rigo.

(BBC Brasil)