Correio de Carajás

Wellina, o atletismo e a superação de barreiras pelo esporte

O atletismo criou na professora de educação física um legado de resiliência, empoderamento e esperança, ajudando a redefinir sua identidade

Grávida de 8 meses, Wellina não apenas abraça o esporte, mas também se empodera através dele

O atletismo emerge como um terreno crucial para examinar a interseção entre a mulher no esporte, maternidade e negritude. Ao longo da história, as mulheres negras têm enfrentado barreiras sistêmicas e sociais para participar plenamente do atletismo de elite, muitas vezes tendo que equilibrar a maternidade com suas carreiras esportivas. Wellina Barroso Meireles é uma dessas protagonistas que não apenas corre pelas ruas, mas também deixa sua marca como um símbolo de identidade, superação e empoderamento.

Apesar dos obstáculos, mulheres negras atletas têm desafiado as expectativas e se destacado em diversas disciplinas do atletismo, inspirando gerações futuras e promovendo uma mudança de paradigma em relação à presença e reconhecimento das mulheres negras no esporte de alto rendimento. Entrevistando a professora de educação física apaixonada pelo atletismo, é possível mergulhar em sua trajetória marcada por conquistas e desafios.

Com mais de oito anos dedicados a essa modalidade, sua história é tão inspiradora quanto impactante. Ela conta ter iniciado seu relacionamento com o esporte aos 12 anos, se inserindo, primeiramente, no mundo do futebol.

Leia mais:

Mas, foi aos 14 anos que o atletismo entrou em sua vida como uma verdadeira ferramenta de transformação: “Me instigou a querer muito mais da vida”, conta, acrescentando que, após ser apresentada à modalidade por meio de um projeto, hoje, ela aposta todas as suas cartas nessa forma de educação e atua como professora engajada no mesmo contexto.

Wellina não apenas abraça a causa do esporte, mas também se empodera através dele. Como mulher negra, enfrentou desafios e estereótipos, mas encontrou no atletismo uma plataforma para redefinir sua identidade e quebrar barreiras.

“Eu fui pegando mais visibilidade. Fui ganhando mais o meu espaço e fui mostrando que o esporte, sim, é um espaço para todos”, diz.

Grávida de oito meses, Wellina expressa o desejo de que o esporte seja uma herança para sua família. Para ela, o esporte não é apenas uma atividade física, mas uma fonte de valores como ética, moral e crescimento pessoal. Ela aspira transmitir esses valores para seu filho, independentemente da modalidade que ele escolha. O importante é cultivar o amor pelo esporte e seus ensinamentos.

A professora também faz questão de refletir sobre o papel da mulher no esporte, destacando como elas estão quebrando recordes e conquistando espaços historicamente dominados por homens.

Seu testemunho serve como um lembrete poderoso de que o atletismo não é apenas sobre competir, mas também sobre capacitar, inspirar e quebrar limites. Wellina personifica a força e a determinação das mulheres que encontram no esporte não apenas uma paixão, mas uma voz para redefinir seus destinos.

Em meio às pistas, nas ruas e nos corações daqueles que a conhecem, a marabaense deixa um legado de resiliência, empoderamento e esperança. Sua história é um testemunho vivo de que, com determinação e amor pelo esporte, as mulheres podem conquistar o impossível e trilhar caminhos de grandeza, dentro e fora das pistas. (Thays Araujo)