Correio de Carajás

‘Vírus da violência’ assusta moradores da Folha 33

Uma praça pública deveria ser local de entretenimento e circulação de crianças em uma situação normal, ou deveria estar deserta em tempos de pandemia, como agora. Na Folha 33, nem uma coisa nem outra. O cenário do entorno da praça foi palco de morte na noite da última segunda-feira, dia 11. Seis dias antes, ali perto, um tiroteio também causou aglomeração na mesma área.

Não para por aí: na noite desta terça-feira (12), outra pessoa foi baleada também na mesma área do bairro, que aliás é uma região central da Folha 33. Como se vê, não é só o vírus da covid-19 que assola a população do bairro. O vírus da violência também está entranhado na atmosfera da “33”, causando apreensão entre a gente de bem que vive no local. E contra esse vírus não há máscara nem álcool em gel que os proteja.

Um dos moradores do bairro, Wagner Costa Silva acredita que a juventude da Folha 33 deveria receber algum tipo de acompanhamento social, pois vive à mercê da contaminação do vírus do crime, notadamente do tráfico de drogas, que acaba sendo dispositivo mobilizador de outras formas de violência, que costumam resultar em um corpo sem vida estendido no chão, mergulhado em uma poça de sangue, sob o olhar atento e cada vez mais natural dos curiosos.

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Por outro lado, José Pereira da Silva, que também vive na Folha 33, observa que um trailer da Polícia Militar seria bem-vindo para manter um pouco mais da segurança no local. Para ele, talvez essa medida funcionasse como uma barreira de isolamento para proteger as famílias de toda a violência que contamina o bairro.

Por telefone, o comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar (4º BPM), coronel Dayvid Lima, confirmou ter mandado mais duas viaturas fazer rondas no bairro justamente na noite de terça e garantiu que olha com especial atenção para o bairro, embora tenha uma área bem abrangente para tomar conta.

De fato, nos últimos acontecimentos violentos registrados na “33”, a Polícia Militar apareceu rapidamente e fez as diligências necessárias. Mas, na velocidade que o vírus da violência circula pelas ruas do bairro, nem mesmo todo o esforço das autoridades parece ser o bastante. Haverá vacina para esse vírus? (Chagas Filho)