Depois de vencer a Inglaterra, a Seleção Brasileira volta suas atenções para o amistoso diante da Espanha, nesta terça-feira (26/3), às 17h30 (de Brasília). Destaque do Real Madrid, Vini Jr. esbanja talento dentro de campo, mas também representa uma luta bem maior fora dele. Em coletiva, o atacante se emocionou ao falar sobre o racismo que tem enfrentado atuando pelo time merengue e o papel de líder pela causa.
“Cada vez estou mais triste, tenho menos vontade de jogar. Mas vou seguir lutando”, disse o atacante, de 23 anos, antes de completar: “Por todas as pessoas que torcem por mim, me acompanham, e me mandam mais mensagens para lutar com eles. Tenho força grande dentro de mim, na família, em casa. Nem todos têm o apoio que eu tenho em casa. Que podem falar por tantas pessoas. Quero jogar futebol, seguir por eles, que sabem do que realmente passo e passei. E que é muito difícil”, completou.
Impunidade na Espanha
O atacante foi vítima de insultos e discriminação racial em mais de uma ocasião com a camisa do Real Madrid. Em fevereiro, aliás, a La Liga denunciou mais um caso de racismo contra o jogador, em um duelo contra o Getafe e enviou à Comissão Antiviolência da federação espanhola. No entanto, a impunidade devido ao ato não ser racismo na Espanha incomoda o jogador.
Leia mais:“Falta de punições. Se a gente começar a punir todas as pessoas que cometem crime, e aqui não consideram crime, vamos evoluir e vai ficar melhor para todos. Faço muitas denúncias, chegam cartas para eu assinar. No fim, acontece como aconteceu com meu amigo em Barcelona e arquivam o processo e não sabem de nada”, disse:
“Se punirmos, não vão mudar o pensamento, mas vão ficar com medo de falar e assim vamos diminuir isso e colocar medo naquelas pessoas. Que possam educar seus filhos. Tem criança me xingando e eu não culpo, eu também não entendia o racismo nessa idade. E isso é muito complicado”, explicou.
“No futebol tem muitas pessoas e jogadores melhores que eu que passaram por aqui. Quero que as pessoas evoluam, melhorem, e que possamos ter igualdade no futuro próximo. Menos casos de racismo e que os negros tenham vida normal como todas as outras. Luto por isso. Se fosse por mim, teria desistido e ninguém me xingaria em casa. Vou para o jogo centrado no jogo, nem sempre é possível fazer o melhor para a minha equipe. Assim, preciso me concentrar muito todos os dias. Só quero jogar futebol e fazer o melhor para a minha família”, concluiu.
(Correio Braziliense)