A Polícia Civil está investigando o assassinato de Reginaldo Pereira de Oliveira, de 46 anos. Ele foi morto com um tiro, na tarde do último dia 14, nas margens da Estrada de Ferro Carajás (EFC), no Núcleo São Félix, em Marabá. O vigilante de uma empresa que faz segurança da ferrovia para a mineradora confirmou que atirou em Reginaldo, a quem acusou de estar furtando ferragens no local. O vigilante foi preso em flagrante.
De acordo com o Boletim de Ocorrência Policial (BO) registrado a respeito do fato, a Polícia Militar foi acionada exatamente às 15h33 do dia 14, pelo NIOP-190, com a informação de que um disparo de arma de fogo teria sido dado embaixo de um viaduto no São Félix, na área que dá acesso ao Bacabalzinho. Diante disso, uma guarnição da PM foi a local, mas chegando lá nada foi encontrado.
Às 16h14, outro telefonema foi dado ao NIOP, desta vez por vigilantes que trabalham em empresa que presta serviço para a Vale, que pediram apoio da PM, pois havia uma vítima de arma de fogo a cerca de 4 km do mesmo viaduto.
Leia mais:Quando a guarnição chegou ao local indicado, os policiais já se depararam com uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) deixando o local, pois os socorristas tinham sido acionados, mas quando chegaram lá Reginaldo já estava sem vida.
No local, os PMs se depararam com um amontoado de ferro. Segundo os vigilantes Jonathas de Oliveira Soares e Diogo da Silva Melo, a ferragem estava sendo furtada por duas pessoas, que foram flagradas pelos vigilantes, por volta de meio-dia. Ainda de acordo com a mesma versão, uma das pessoas, antes de correr, colocou a mão na cintura, momento em que o vigilante Jonathas Soares deu um tiro na direção desta pessoa e mais tarde a encontrou sem vida dentro do mato.
Os policiais encontraram as chinelas da vítima ao lado do corpo e também não havia rastro de sangue até o local onde o corpo foi encontrado. Reginaldo foi atingido com um tiro na perna esquerda, na altura do joelho, que pode ter atingido a femural, o que provocou sua morte.
Diante dos fatos, os policiais apreenderam a arma usada para matar Reginaldo e conduziram os dois vigilantes para a Polícia Civil, onde o delegado William Lopes Crispim autuou Jonathas por homicídio e o encaminhou ao Poder Judiciário.
Na audiência de custódia, o juízo da 1ª Vara Criminal de Marabá concedeu Alvará de Soltura para que Jonathas tenha o direito de responder ao crime em liberdade.
Reginaldo tinha deficiência na perna direita (justamente a que levou o tiro), era pensionista do INSS e pai de oito filhos, sendo seis registrados. Inclusive, o corpo dele foi liberado apenas para o único irmão de Reginaldo, que mora no município de Eldorado, pois os únicos filhos maiores de idade que ele tinha são justamente os não registrados.
A família constituiu os advogados José Rodrigues e Eran Solon Rodrigues para acompanhar o andamento das investigações. Nossa equipe de reportagem entrou em contato com os profissionais, mas eles preferiram não falar sobre o assunto neste momento.
Mas já adiantaram que Reginaldo não estava furtando nada, que ele era passarinheiro e tampouco tinha forças para carregar pesadas ferragens, devido sua deficiência física na perna direita e também nas mãos.
Segurpro responde
Nós enviamos um pedido de nota para a empresa na qual os vigilantes trabalhavam, perguntando sobre quais providências foram tomadas a respeito do ocorrido. Em resposta, a Segurpro informou que está colaborando com as autoridades policiais para apuração dos fatos ocorridos naquele dia, quando equipe da empresa foi acionada para verificar suspeitos de furto de material na Estrada de Ferro Carajás, em Marabá.
“A Segurpro reforça que seus vigilantes são profissionais formados em escolas reconhecidas e controladas pela Polícia Federal, além de serem capacitados e treinados especificamente para operações”, diz trecho final da nota.
Vale também responde
Também instada a falar sobre o caso, a Vale enviou nota de esclarecimento informando que acompanha o caso e o andamento das investigações, prestando total apoio à autoridade policial. A mineradora diz também que já acionou, administrativamente, a empresa de segurança contratada para apuração rigorosa do fato.
“A Vale reforça que atua conforme Código de Ética e Conduta e Política de Direitos Humanos, e que exige o mesmo de suas empresas contratadas, assim como o cumprimento da legislação e contínua capacitação de suas equipes terceirizadas”, finaliza.
(Chagas Filho)