Correio de Carajás

Vigilante é condenado só por ocultação de cadáver

No dia de ontem (26), aconteceu o julgamento dos dois acusados de assassinar e ocultar o cadáver da adolescente Dara Vitoria Alves da Silva, morta no dia 27 de agosto de 2017. Os dois réus foram, de certa forma, absolvidos, pois no caso do principal acusado, o ex-vigilante Albert Pereira Mousinho, ele teve uma pena de 2 anos e 6 meses em regime aberto, sendo substituída a pena por duas penas restritivas de direitos. Foi determinada a expedição do Alvará de Soltura e a revogação da preventiva pelo crime de homicídio.

O outro réu, Redimar Sousa Leite, que ajudou Albert Mousinho a se livrar do corpo da adolescente e respondia apenas pelo crime de ocultação de cadáver, foi absolvido da acusação. A defesa dos dois acusados foi feita pelo defensor público Allyson de Castro.

Para quem não se se recorda, esse caso teve ampla repercussão, não apenas pela forma como a vítima foi encontrada: completamente nua na beira do Rio Itacaiúnas, no Bairro Amapá, mas também pela forma como Alberto Mousinho foi preso: ele trabalhava como vigilante na agência do Banco do Brasil do Amapá e tentou sair de lá com certa quantia em dinheiro para fugir, mas o plano deu errado e ele acabou fazendo clientes e funcionários do banco como refém.

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Aliás, é somente por causa desse crime do banco que o ex-vigilante continua cumprindo pena no Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (CRAMA) e ainda assim em regime semiaberto.

Foto: reprodução

O CASO

Segundo a denúncia, no dia 27 de agosto de 2017, Albert trafegava de motocicleta pelas ruas do Bairro Amapá, em Marabá, quando a vítima, de 16 anos, acenou para que ele parasse, ocasião em que subiu na garupa, disse se chamar Luana e sugeriu que fossem comprar drogas para juntos consumirem.

A acusação afirma que Albert comprou seis papelotes de maconha e seguiram para a residência dele, onde passaram a consumir o entorpecente. A vítima então teria se despido e ambos mantiveram relações sexuais. Em determinado momento, houve uma confusão e, segundo o acusado, foi surpreendido pela vítima que tentava atingi-lo com uma faca.

Ele afirma ter segurado a adolescente pelo braço fazendo-a soltar a faca. Em seguida ele a deitou na cama e colocou uma das mãos no pescoço dela, apertando. Depois, colocou a outra mão e continuou a apertar até que a vítima morreu.

Após Dara ser assassinada, Albert retirou o corpo da cama, enrolou em um lençol, colocou embaixo da cama, deitou-se e esperou o amanhecer. No mesmo dia, em companhia de Redimar, utilizando o veículo deste, os dois levaram o corpo no porta-malas até as margens do Rio Itacaiunas, onde o atiram na ribanceira.

A investigação apontou que o vigilante Albert teria oferecido um lote de terras a Redimar caso este o auxiliasse na ocultação. A defesa de Albert alegou legítima defesa.

SAIBA MAIS

Logo que o corpo de Dara foi encontrado, a Polícia Civil acabou prendendo o namorado dela como suspeito do crime. Albert, entretanto, acabou preso quando rendeu cinco funcionários da agência do Banco do Brasil do Bairro Amapá, onde trabalhava como vigilante. De acordo com a Polícia Civil, ele tentava roubar dinheiro do banco ao descobrir que era investigado pela morte da adolescente, inclusive ele havia coletado material genético no Instituto Médico Legal (IML), que apontaria sua culpa no crime. O caso teve grande repercussão em Marabá, inclusive mobilizando manifestações pelos direitos das mulheres e contra violência.

(Chagas Filho)