Na sessão desta terça-feira (8), na Câmara Municipal de Marabá, o assunto mais comentado do dia foi a qualidade da assistência em saúde prestada pelo município às mulheres, principalmente agora, durante a campanha do Outubro Rosa, que visa à prevenção do câncer de mama e de colo do útero.
A vereadora Priscila Veloso, que é presidente da Comissão da Mulher, foi a primeira a se pronunciar na tribuna e afirmou apoio a uma campanha que está circulando nas redes sociais, que critica a ação de vários prédios públicos e pontos turísticos estarem iluminados na cor rosa, mas que na prática falta atendimento médico de qualidade para as mulheres.
“No ano passado foi ofertado o serviço de mamografia, só que se passou um ano e não teve os laudos. Então, em 2019, nós estamos acompanhando. Foi aberto o sistema da regulação para mim e a gente verificou que está tendo atendimento. O Crismu (Centro de Referência Integrada à Saúde da Mulher) vai fazer atendimento de 18 horas até meia-noite para receber as demandas da mamografia e a gente orienta as mulheres que têm encaminhamentos de mamografia que procurem as unidades de saúde, que vão receber a data do dia em que farão o seu exame. O Crismu contratou um médico que está dando laudo todos os dias às mamografias que estão sendo feitas, mas é preciso a gente acompanhar”, observou a vereadora.
Leia mais:Logo em seguida, também usando a tribuna, o vereador Gilson Dias contestou as afirmações da colega parlamentar. “Eu acho que é interessante a gente não querer maquiar as coisas, vereadora Priscila. Você sabe que a saúde das mulheres no nosso município está um descaso. Há mulheres morrendo no HMI, no HMM por falta de cirurgias eletivas. Nós tivemos ontem (segunda) um médico [que] saiu do HMI às pressas para o HMM para prestar socorro a uma mulher que estava morrendo por falta de uma cirurgia. Então, nós não temos de maquiar, mas falar a verdade, vereadora Priscila!”, desafiou Gilson.
O vereador ainda fez uma comparação da gravidade de cada situação. Segundo ele, a realização de cirurgias é algo muito mais urgente do que a oferta de exames como, por exemplo, mamografias e ultrassonografias (na visão dele). “Nós estamos aí num processo de contratação de uma empresa para acelerar as cirurgias eletivas e não está tendo encaminhamento, o prefeito não decide se vai contratar ou não o serviço. Vereadora Priscila, vamos defender as mulheres, igual você é uma mulher guerreira. Mamografia, vereadora Priscila? É uma brincadeira! Nós precisamos é de cirurgias eletivas para salvar as vidas. Mamografia você sabe como é que está funcionando. Então, vamos jogar a coisa mais real para a sociedade”, alfinetou o vereador.
Durante o pronunciamento acalorado de Gilson Dias, a vereadora Priscila exigiu ter o direito de resposta, ao que o colega parlamentar disse: “Eu vou lhe ceder o tempo vereadora, não esquente, não! Fique tranquila! Você é mulher, eu tenho que lhe dar o direito para você também me ajudar nessa defesa, tá? Eu vou lhe dar o tempo”.
Quando lhe foi passada a palavra, a vereadora respondeu que concorda que é necessário avançar na execução das políticas públicas voltadas para as mulheres, mas pontuou que sua fala foi direcionada para a questão da demora na emissão dos laudos de mamografias realizadas pelo município. “A gente não está maquiando dados, ano passado nós tivemos mais de mil mamografias que não foram laudadas e, inclusive, a minha manifestação foi em torno disso porque eu concordo com a política e com a defesa das redes sociais quando diz que só colocar o prédio rosa não quer dizer que nós estamos na campanha do Outubro Rosa”, rebateu.
Sobre os problemas da área ginecológica, Priscila alegou que em nenhum momento se furtou de discutir e que junto com Gilson acompanhando os problemas que existiam e que foram melhorados. Há um médico contratado no HMM para fazer as cirurgias. É pouco? É insuficiente? É! Precisamos avançar? Precisamos! E aí o senhor conte comigo para os avanços na política, não só voltadas para a mulher, mas no que a cidade de Marabá precisar. Muito obrigada!”, finalizou.
Em seguida, Gilson, que permanecia na Tribuna, fez tréplica mais uma vez à fala de Priscila e, para justificar o próprio pronunciamento, usou uma notícia que foi veiculada na coluna Ronda Política, do Jornal CORREIO, a qual reproduziu um comentário em rede social postado pelo médico Charles Namara, que trabalha com diagnóstico por imagem em Marabá.
Na mesma fala, o vereador levantou a necessidade de construção de um novo hospital na cidade. “As duas casas de saúde (HMI e HMM) precisam urgentemente de ampliação. O Hospital Municipal é de 1980 e de lá para cá só vêm fazendo remendo. Precisamos é de um hospital com estrutura suficiente para esta cidade, nós temos mais de 300 mil habitantes. É uma vergonha mulheres morrendo dentro de hospital por falta de atendimento. Então eu não queria bater nesse tema, mas você tocou e eu achei importante”, finalizou Gilson Dias. (Fabiane Barbosa)