Correio de Carajás

Vereadores cobram contratação de médicos especialistas para o HMI

Comissão da Câmara Municipal foi à maternidade após morte de um bebê na hora do parto, ocorrida na quarta-feira (15)

Direção do Hospital Materno Infantil reconheceu o problema e revelou falta de médicos especialistas

Na tarde desta quinta-feira, dia 16 de janeiro, uma comissão de vereadores foi ao Hospital Materno Infantil para tomar ciência dos fatos que levaram à morte de um bebê durante o parto de Vitória Gabriele Santos Dias, fato ocorrido naquela maternidade na tarde de quarta-feira, dia 15.

Estiveram presentes os vereadores Ilker Moares (presidente), Cristina Mutran, Dean Guimarães, Orlando Elias, Marcelo Alves, Jocenilson Silva, Priscila Veloso, Miterran Feitosa, Maiana Stringari e Vanda Américo. Também acompanhou o diálogo Monalisa Miranda, representando o Conselho Municipal de Saúde.

O grupo de parlamentares foi ouvido pelo médico Fábio Farias, diretor do HMI. O presidente Ilker Moraes disse que os vereadores querem entender o que aconteceu, que nos últimos dias ocorreram três óbitos relacionados à maternidade em Marabá. “Nós queremos a melhoria do serviço público e atendimento da nossa população. Parece que aqui há falta de profissionais especializados para atendimento à população”, analisou Ilker.

Leia mais:
Presidente Ilker Moraes e demais vereadores foram ao HMI para cobrar fim de mortes de mães e bebês

Os demais vereadores fizeram várias ponderações, pediram apuração rigorosa do caso ocorrido nesta quarta-feira. Como encaminhamento, ficou agendada uma reunião entre a atual gestão do município, a OS Madre Tereza e os vereadores da Câmara Municipal de Marabá para discutir melhorias no atendimento no HMI.

O vereador Jocenilson qual o plano de trabalho para acabar com mortes na maternidade e pediu esforço coletivo para que a situação seja resolvida na esfera administrativa para que a comunidade tenha segurança no serviço de saúde do município.

Marcelo Alves disse que os vereadores ficaram preocupados com esse início de ano, com três mortes em 15 dias, com uma mãe e dois bebês. “Há relatos de que as mães vêm e são mandadas para casa, mesmo já estando em estágio final de gestação, passando das 40 semanas. Para ele, é preciso ter especialistas atendendo para que possam dar diagnóstico preciso.

O vereador Orlando Elias disse que é preciso saber que a coisa mais importante é a vida e as mães não podem sofrer como vêm sofrendo. “A saúde é um problema crônico em Marabá. Temos uma má fama por onde se andar no Brasil inteiro. Às vezes, as famílias levam suas grávidas para ter filhos fora, em cidades como Imperatriz e Araguaína, mesmo Marabá sendo uma cidade bilionária”, lamentou.

O vereador Miterran disse que as mortes não podem virar rotina. “É preciso identificar o erro e tomar as providências. “É necessário uma avaliação desde o primeiro atendimento até o procedimento cirúrgico e quando a mamãe retorna para casa. Devemos avaliar o processo da empresa e realizar uma apuração sobre a empresa que presta serviço médico no HMI”, pontuou.

Médica de formação, a vereadora Cristina Mutran disse que a empresa Madre Tereza já está há mais de quatro anos atuando em Marabá e que a falta de especialistas ginecologistas e obstetras precisa ser superada. Disse que ficou preocupada por colocarem na linha de frente médicos recém-formados, alertando que eles precisam primeiro realizar residência ou especialização. “Essa rotina de clínico geral atendendo no HMI precisa ser superada. É preciso contratar especialistas. Além disso, é necessário investir em uma humanização neste atendimento e capacitação para os servidores”, notificou.

A vereadora Priscila Veloso reconheceu que é preciso fiscalizar e convocar a Organização Social Madre Tereza, o secretário de saúde e o diretor do HMI pelo descumprimento contratual. “Acho que precisando fiscalizar de perto e não aceitar como está sendo feito. É preciso que a OS disponibilize especialistas como diz o contrato”, destacou.

A vereadora Vanda Américo disse que tem percebido isso e que não é de agora. Sobre a gestão da OS Madre Tereza, a gestão deve notificar para tirar a empresa. A direção do hospital e o secretário de saúde devem tomar atitude para que se cumpra o contrato e entregar o que diz nele. A menina chegou ontem de manhã e houve negligência no atendimento da mãe, e com isso o filho veio a óbito”, lamentou.

A vereadora Maiana Stringari ratificou o posicionamento dos colegas, apontando a necessidade de contratar médicos especialistas. “Aqui é um hospital de especialidade e não de clínico geral. Claro, o pré-natal bom precisa ser muito bom, e isso a paciente tem que aprender na atenção básica. Por isso é importante uma ligação entre atenção básica e média e alta complexidade. Também vejo que falta investimento numa qualificação para o servidor.  Nossa primeira missão é cobrar da empresa para que contrate especialistas para o HMI”.

O diretor do HMI, Fábio Farias, qual reconheceu que a nova gestão precisa dar uma resposta à sociedade, não apenas com palavras, mas com ações efetivas. Ele considerou o óbito como uma tragédia e que é preciso implementar um atendimento humanizado até o final da ponta para os pacientes. “Temos uma equipe que vai nos ajudar neste trabalho de capacitação. Diagnóstico de equipamentos, qualidade de recepção, atendimento médico, prevenção de mortalidade materna, dignidade do paciente e dos servidores. Muitos funcionários estavam com pressão por falta de dignidade no trabalho. Mas a estrutura da casa de saúde também carece de ampliação”, disse ele.

Em relação à paciente que perdeu o bebê nesta quarta-feira, ele explicou que ela tem 21 anos de idade e que foi atendida por dois dias, 11 e 14 de janeiro. Foi avaliada e encaminhada para casa, uma vez que se viu que o pré-natal foram realizado adequadamente e a situação estava bem. Segundo ele, o último atendimento foi quarta, 15 de janeiro às 7h da manhã. Ela se queixou que estava com dores e sangrando. Então, ficou em observação médica pela manhã e foi internada. Foi levada para a mesa de cirurgia e foi visto que havia um descolamento de placenta.

Farias revelou que o contrato da Prefeitura de Marabá com a OS (Organização Social) precisa garantir a cobertura de especialistas, mas que lamentavelmente a maternidade não dispõe de alguns profissionais que seriam vitais para atuar em situações delicadas.

Ele considerou que já passaram ótimos profissionais pelo HMI nos anos anteriores, mas que foram embora. “Um ambiente ruim de trabalho atrai funcionário ruim. É preciso uma melhora na condição, a reputação e gestão técnica no HMI, desde a portaria até quando a paciente sai do hospital. Precisamos ter protocolo de atendimento, para o profissional ter um caminho a seguir. Assim teremos melhor resultado. Não temos profissional para a cobertura completa”, reiterou.