A sessão desta terça-feira (29) da Câmara Municipal de Marabá, foi marcada pelas críticas de alguns vereadores da base aliada ao governo, em relação à postura do prefeito Toni Cunha ao lidar com o movimento de servidores da educação, principalmente professores, que pedem, entre outras coisas, o pagamento do piso salarial. Fernando Henrique (PL), nome forte entre os parlamentares da base do governo, expôs de maneira contundente sua insatisfação com a gestão.
Na tribuna, ele fez um discurso firme e lembrou que esteve ao lado do prefeito nas ruas durante a campanha eleitoral, mas agora cobra que as promessas feitas naquele período sejam cumpridas. “Sou base do governo, mas tenho posição. E minha posição é ao lado dos professores”, apontou com veemência.
Sem poupar críticas à postura do Executivo, ele afirmou que a promessa de pagar o piso salarial não pode ser ignorada e rememorou um dos slogans que Toni Cunha usou durante a campanha: “Piso não se discute, se paga”. Fernando Henrique também deixou claro que, por ser aliado, é ainda mais cobrado, e que não aceitará ver a população sendo enganada depois de ter ajudado a construir a confiança que elegeu o atual prefeito. “Quero continuar acreditando no governo, mas para isso ele precisa fazer sua parte”, alfinetou.
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A fala do vereador expôs uma possível rachadura dentro da própria base de apoio ao governo, uma vez que, ao confrontar diretamente Toni Cunha, Fernando Henrique impôs um desafio político à gestão: manter o apoio da base sem abrir mão dos compromissos firmados com a população.
Seu posicionamento foi reverberado pelos vereadores Marcos Andrade (PSD) e Dean Guimarães (PSD), também da base aliada. Ambos, além de parabenizar a mobilização dos professores, declararam apoio ao movimento.

Dean foi o mais incisivo entre os dois, colocando que o seu dever é a defesa dos direitos do povo. “Quero deixar aqui garantido pra vocês que eu faço, sim, parte da base, mas entendo que direito é direito e nós estaremos nessa luta também”, dispara.
Marcos Andrade, por sua vez, foi firme ao defender que haja diálogo entre professores e prefeito. “O meu papel, enquanto vereador e representante do povo, é ser uma ponte entre os servidores e o governo. Estou à disposição para o diálogo, buscando sempre uma solução que valorize a educação e respeite os direitos da categoria. A greve é um direito, mas o diálogo é um dever de todos nós”, encerrou.

A fala de Fernando Henrique foi bem recebida entre os vereadores da oposição. Aerton Grande (União Brasil) e Orlando Elias (PSB) verbalizaram o apoio à fala do colega.
Aerton chegou a reforçar que ser base do governo não significa ser submisso. “Promessa cria expectativa, e esse pessoal está aqui hoje por causa disso”, declara, apontando a frustração popular com a gestão atual.
Na oportunidade, Aerton também elogiou a coragem dos vereadores da base que decidiram romper o silêncio e assinar um anteprojeto que aumenta o vale-alimentação para R$ 1 mil, cobrando coerência entre o discurso de campanha e a prática administrativa. “Quando você senta na cadeira, o problema passa a ser seu”, afirma, referindo-se ao prefeito. Para ele, é inadmissível que, mesmo diante de situações críticas como filas imensas nos postos de saúde, a prefeitura continue se esquivando da responsabilidade.
Orlando Elias, juntando-se ao coro, não poupou palavras ao dizer que, diante de uma gestão que não escuta, os professores só conseguem avançar “na porrada, na briga, na manifestação”. Ele parabenizou a classe pela luta e reforçou que os vereadores devem lealdade ao povo, e não ao prefeito. “Cada um de nós está aqui com o voto direto da população, e não para servir a interesses de governo”, declarou.