Correio de Carajás

Venda de consórcios dispara em Marabá

Procura por cotas para cirurgia plástica ajuda a turbinar o mercado, que está aquecido, mesmo em cenário adverso

“Venda de consórcio para cirurgia plástica aumentou cerca de 25% no 1º quadrimestre de 2021”

A venda de consórcios registrou um forte crescimento em 2020, e segue em ritmo acelerado nos primeiros meses de 2021, apesar do recrudescimento da pandemia provocada pelo novo coronavírus. Em Marabá, o segmento também se fortalece e aponta para um fator surpresa: a procura surpreendente por cotas para cirurgia plástica.

Segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio (ABAC), o balanço do primeiro trimestre de 2021 do Sistema de Consórcios apresentou crescimento de 34% no volume de negócios realizados. O total alcançou R$ 47,93 bilhões, o maior dos últimos dez anos. O crescente interesse do consumidor, aliado a alta de quase 17,0% do tíquete médio, foram os principais fatores do cenário positivo.

Paralelamente, o total de 7,93 milhões de participantes ativos em março, ao superar o recorde histórico de 7,92 milhões de consorciados registrado em fevereiro, contou com aumentos em todos os segmentos: veículos leves, veículos pesados, motocicletas, imóveis, serviços e eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis – onde a modalidade está presente, ficou 7,0% maior que os 7,41 milhões anteriores.

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Em Marabá, segundo Gleidson dos Santos Brito, a comercialização de cotas de consórcio também experimenta crescimento dentro do padrão nacional. Ele observa que o produto campeão de venda é o consórcio de motocicleta, que abocanha cerca de 40% do mercado. Depois, vem o de veículos em geral.

Natural de Irituia-PA, Gleidson teve a primeira experiência exitosa com consórcio aos 14 anos, com ajudinha do pai de um colega seu, que era médico e lhe arranjou emprego na jardinagem de sua residência. “Mesmo não tendo CPF ainda, fiz o primeiro consórcio no nome da minha mãe. Eu fazia pequenos serviços na casa desse médico, depois pegava minha graninha e dava para minha mãe pagar. Depois, comprei várias outras cotas e vendia, ganhando um bom dinheiro”, recorda.

Mais tarde, Gleidson passou a estagiar no BASA, mas continuou com o negócio de compra e venda de consórcios. Ele chegou a Marabá em 2003 para trabalhar na Sulpará Caminhões. Posteriormente, atuou na loja local da Rodobens, em ambas com vendas de caminhões e consórcios.

Mas em junho de 2015 decidiu empreender e fazer carreira solo. Gleidson abriu uma empresa própria neste segmento, a Atlanta Consórcios, que rapidamente formou uma carteira de clientes bastante representativa, já que ele era bastante conhecido no mercado regional. “Em apenas sete anos de existência, nossa empresa já conquistou cinco premiações, sendo duas internacionais (Dubai e Argentina) e três nacionais”, revela.

CIRURGIA ESTÉTICA

Gleidson ressalta que o consórcio de serviços já existe no mercado há aproximadamente dez anos, mas nos últimos dois anos ele cresceu bastante, e isso engloba cirurgia plástica, implante dentário, tratamento estético, viagens, reforma de apartamento, compra de móveis planejados e até mesmo a elaboração de projeto arquitetônico.

Cirurgia estética é um dos serviços que estão em alta na contratação por consórcio
Cirurgia estética é um dos serviços que estão em alta na contratação por consórcio

No caso das cirurgias plásticas, o consórcio funciona mais ou menos como o de um carro ou de um imóvel. Fora os consórcios para aquisição de imóveis e veículos, reformas e viagens, os procedimentos estéticos contribuíram significativamente para o aumento do volume de crédito comercializado via consórcio de serviços. “O número de vendas de consórcio para cirurgia plástica aumentou cerca de 25% no 1º quadrimestre de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado. Isso é muito interessante, porque a gente vê que mesmo dentro de casa, no isolamento social, as pessoas estão preocupadas com sua aparência”, destaca Gleidson.

Ele ressalta que quem quiser fazer uma cirurgia plástica para corrigir alguma coisa que precisa, ou até mesmo por uma questão estética, pode se programar por meio de consórcio. “É a mesma modalidade dos outros, você pode ser contemplado por sorteio, por lance livre ou por lance fixo”.

Ainda segundo Gleidson, o consórcio de imóveis ainda não é devidamente explorado em Marabá porque a grande maioria de casas ou terrenos não está regularizada junto aos órgãos competentes, como SDU (Superintendência de Desenvolvimento Urbano) e cartório. “Por aqui, os consórcios para quem pretende construir chegam a 3% do total porque há um problema cultural histórico; e depois, outro que esbarra na regularização fundiária urbana. Agora estamos vendo um movimento muito interessante nos loteamentos e condomínios, e cremos que podemos avançar muito ainda neste segmento”, analisa.

MICROFORMATO

“Em apenas sete anos de existência, nossa empresa já conquistou cinco premiações, sendo duas internacionais (Dubai e Argentina) e três nacionais”. Isso nos impulsiona a trabalhar ainda mais”.

 

 

 

Entenda a diferença entre

consórcio e financiamento

Basicamente, a principal diferença entre o consórcio e o financiamento é que o consórcio tem taxa de administração, enquanto que o financiamento tem juros. Logo, a taxa de administração gira em torno de 18% do valor do bem, sendo diluída nas parcelas e ficando em menos de 0,3% ao mês, ao passo que os juros do financiamento oscilam em torno de 1,50% ao mês.

Mas Gleidson Brito ressalva que algumas administradoras têm fundo de reserva e outras não. Então, qual que é a melhor opção? O ideal, segundo ele, é escolher a que não possui fundo de reserva, porque é ele quem banca o prejuízo do lucro. Ou seja, banca aqueles clientes que estão com atrasos nas prestações, que não pagaram e o grupo precisa fazer caixa. Se sobrar dinheiro no final, pega uma parte dessa grana de volta.

- Gleidson adverte que é preciso escolher uma administradora que esteja regulamentada e autorizada pelo Banco Central
Gleidson adverte que é preciso escolher uma administradora que esteja regulamentada e autorizada pelo Banco Central

“O segundo passo é fazer consórcio por meio de uma administradora que esteja regulamentada e autorizada pelo Banco Central. Em Marabá, temos cerca de oito empresas credenciadas. Hoje, muita gente está querendo comprar consórcio, mas é preciso observar se determinada administradora tem histórico de clientes que receberam os produtos prometidos. Tem gente que promete a mãe, mas na hora quer entregar a sogra. Por isso, em qualquer negócio que você vai fazer precisa checar as informações”, alerta.

Para atender os clientes durante a pandemia, a Atlanta Consórcios precisou se reinventar, passando a oferecer atendimento de forma híbrida: remoto e presencial, dependendo do perfil e necessidades do cliente. “Ser hibrido nesse momento é poder atender no digital e no modelo convencional. Nos adaptamos a esse novo momento que o mundo e o Brasil vivem. Creio que essa modalidade vai permanecer pós-pandemia”, prevê.(Ulisses Pompeu)