Correio de Carajás

Vamos falar sobre o BBB?

Quando os europeus invadiram a África, roubaram suas riquezas, mataram e escravizaram seu povo, eles exerceram a chamada dominação direta, aquela que se dá pela força, pela imposição bélica sobre os corpos.

Mas manter toda essa gente confinada em fazendas e engenhos, por décadas, como ocorreu no Brasil, requeria outro tipo de dominação. Requeria algo mais sofisticado. Era precisa massificar um discurso de que essas pessoas eram subumanas, portanto mereciam ser escravizadas. Era preciso dizer a elas que sua religião era errada, que suas tradições eram erradas, que sua cor era ruim, que seu cabelo era ruim. Era preciso diminuir essas pessoas e assim se fez.

E, mesmo depois da tal “abolição da escravatura no Brasil”, o negro ficou invisibilizado na sociedade, relegado, subalternizado.

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Nesse cenário, nunca houve algo mais irritante e perigoso para as chamadas “elites” do que um negro que não abaixava a cabeça, que não se curvava.

Então quando eu vejo duas mulheres brancas e ricas, em um reality, se abraçando e dizendo que não gostam de determinado participante desde o primeiro dia, e quando este participante é negro, para mim, não resta dúvida sobre o que está acontecendo.

Eu não acompanho muito esse tipo de programa, mas Davi é claramente alvo de racismo.

Não sei se ele é boa gente, se merece ganhar o prêmio milionário. Até porque, quando a gente acompanha os participantes desse tipo de jogo mais de perto, a gente percebe que ninguém merece.

 

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.