Enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem ocuparam a entrada da Câmara Municipal de Marabá (CMM) na manhã desta terça-feira (14). A categoria, em várias cidades e Estados do País, realizou uma mobilização nacional, com protestos e paralisações em alguns serviços de saúde. O objetivo é cobrar a União, Estados e municípios, para concretizar o piso salarial da enfermagem, que foi aprovado, sancionado, mas suspenso por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).
Os manifestantes, apoiados pelo Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública do Pará (Sintesp), não adentraram na Casa, pois a primeira sessão do ano só começará nesta quarta-feira (15). Mas, com cartazes e carro de som, a categoria decidiu adiantar a movimentação no município como uma forma de buscar o quanto antes a intercessão dos vereadores junto ao Executivo Municipal visando alcançar suas reinvindicações e, também, fortalecer o ato nacional.
Flávia Varela, responsável pelo sindicato da categoria, contou à reportagem da TV Correio que existem enfermeiros que recebem somente um salário mínimo, mesmo com uma sobrecarga de 36 a 48h de trabalho. “Precisamos também que a população entenda a grande importância da Enfermagem para a saúde da sociedade. Nós acompanhamos as pessoas desde seus nascimentos até seu último suspiro, portanto, precisamos ser valorizados”, pontua.
Leia mais:Outro ponto sensível tocado pela representante é a situação caótica do Hospital Municipal de Marabá (HMM). Flávia faz questão de enfatizar que cada técnico ou enfermeiro, além de atender a urgência e emergência que recebe, por dia, cerca de 40 a 60 pacientes, ficam responsáveis também por outros 10 pacientes, cada.
“O profissional que assume essa responsabilidade, assume também um peso de gestor ao manter tudo isso, e como o papel da categoria é assistência, nós procuramos cumprir nosso dever da melhor forma possível, nos equilibrando nessa corda bamba”, relata a profissional.
Raimundo Gomes de Bezerra, diretor do Sintesp, também marcou presença no ato. Segundo ele, a categoria espera visibilidade e intui somar a outros movimentos que se unem neste dia no país inteiro, além da sensibilidade do governo federal diante a sanção do piso salarial de enfermeiros, técnicos e auxiliares.
“Aqui em Marabá a situação se agrava em relação à categoria, as condições de trabalho são muito ruins e falta valorização. Para se ter uma ideia, os plantões, atualmente, possuem um valor menor do que a hora normal trabalhada. Há uma certa falta de preocupação da gestão pública com os servidores municipais”, cita.
Ainda de cordo com ele, atualmente são aproximadamente 700 profissionais da área de Enfermagem que sustentam toda a problemática de saúde de Marabá e região, diariamente, por comportar também os moradores vizinhos.
Denise Ferreira da Silva, que esteve presente e também faz parte do Sintesp, fez questão de frisar que além de estar ali para reivindicar salário digno, clama por saúde de qualidade. Ela diz que, atualmente, a população marabaense não possui uma saúde pública e particular dignas.
“Nosso hospital parece hospital de guerra, superlotado. E diante disso, iremos onde a gestão do município nos ouvir, para transformar a realidade com a qual convivemos e tentamos sobreviver”, desabafa, explicando a movimentação desesperada da categoria.
Em nota, a Secretaria Municipal de Comunicação explicou que a prefeitura vem mantendo diálogo com os representantes da categoria e não há motivos para protestos ou paralisações. (Thays Araujo)