Durante reunião na tarde desta terça-feira, 21, na Câmara Municipal de Marabá, executivos da Vale apresentaram à Comissão Especial de Desenvolvimento Socioeconômico o cronograma de obras do Projeto Tecnored e das obras de construção de duas novas pontes sobre o Rio Tocantins.
Durante a reunião, O engenheiro Paulo Carreira, da Vale, informou que a próxima etapa de construção das pontes será feita pelas empresas Engetec e Barbosa Melo, que assinaram o contrato para execução do Pacote 2. A primeira será responsável por 70% das obras e a segunda por 30%.
Ele revelou que em 2022, um total de 494 pessoas foram contratadas no pico de obras da ponte, e que em 2023 serão 1.500 trabalhadores no pico de obra. “Essas contratações, assim como ocorreu ano passado, serão em parceria com o Sine. Além disso, buscamos uma aproximação com a ACIM para fomentar a contratação de empresas da cidade”, disse Carreira.
Leia mais:Ainda segundo ele, mais de 80% de mão de obra local foram utilizadas pela contratada Aterpa e que há compromisso junto à Engetec e Barbosa Melo de fazer o mesmo com as novas contratações. Por outro lado, das 176 empresas fornecedoras para a obra do Pacote 1, um total de 116 eram de Marabá. “Buscamos ao máximo contratar mão de obra e fornecedores daqui. Nem sempre é possível. Mas buscamos sempre ampliar”, afirmou Paulo Carreira.
Ele também apresentou detalhes sobre a construção da ponte, principalmente relacionados aos dois acessos, no São Félix e na Nova Marabá, tirando a dúvida de vereadores sobre possíveis gargalos no trânsito. Informou, por exemplo, que serão construídos 5,4 km de acessos rodoviários, além dos 2,3 km de ponte.
Carreira mostrou que os pedestres vão passar por túnel iluminado para entrar e sair do Bairro Nossa Senhora Aparecida. No lado do São Félix haverá túnel e passarela e garantiu que todo sistema de sinalização da região será readequado.
A Vale, segundo Carreira, contratou uma empresa portuguesa para acompanhar as obras da ponte e que durante os trabalhos dentro do rio, haverá rotas de fugas para garantir a segurança operacional dos trabalhadores.
Ezequiel da Silva, coordenador de implantação do Tecnored, fez apresentação da primeira etapa já realizada no Distrito Industrial de Marabá, com desmobilização da estrutura que havia no local, supressão vegetal e terraplanagem, que iniciaram em junho de 2022 e terminaram em dezembro. Segundo ele, 180 colaboradores trabalharam no pico da obra no ano passado.
A próxima fase, de 2023, compreende obras civis e infraestrutura. Até o final de abril próximo a Vale contratará a empresa que apresentar a melhor proposta e as obras iniciam em maio, com construções periféricas do projeto. A mão de obra prevista para este ano é de 200 colaboradores e em setembro e outubro deve ocorrer o pico de obra.
O vice-prefeito Luciano Dias fez algumas ponderações e mostrou-se preocupado com a evasão alta em relação aos alunos que participam de cursos do Senai para formação de mão de obra para o Tecnored. Ele avalia que a grande quantidade de desistência prejudica o número de pessoas formadas em breve e propôs que a Vale assegure antecipadamente vaga de emprego ou percentual para contratação futura. “Há grande desmotivação, porque quem participar dos cursos não vai ficar esperando dois anos para ser contratado”, advertiu.
INVESTIMENTOS A CONTA GOTAS
Sobre o volume de investimentos da Vale em 2023 no Tecnored, o vice-prefeito questionou quanto será aplicado pela empresa e considera que as obras previstas para este ano – segundo relatório apresentado pelos técnicos na referida reunião – vão comportar apenas guaritas e prédios administrativos, o que ele considera muito pouco.
Respondendo a Luciano Dias, Ezequiel da Silva disse que este ano a Vale vai aplicar R$ 100 milhões no Projeto Tecnored e prevê que até 2025 deverá concluir o projeto. “Há desafios de engenharia, por isso esse prazo para a obra. Estamos antecipando as etapas que são possíveis. O período de chuva de seis meses atrapalha um pouco a implantação”, argumentou.
Sobre a evasão no Senai, disse que todos os alunos estarão preparados para disputar vagas no Tecnored e nas outras siderúrgicas que estão retornando ao Distrito Industrial. “Quando a gente for iniciar a produção, tenho certeza que boa parte dos formados já terá sido absorvida no mercado de trabalho local”, prevê Ezequiel.
ALERTA DE ÍTALO
Italo Ipojucan Costa reconheceu o estreitamento da relação entre Vale e sociedade marabaense, por meio de seus representantes. Para ele, é preciso que pequenos modelos minerários tenham vida própria para ajudar na geração de emprego e renda no município.
O empresário relembrou o momento de tensão que o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, passou em Marabá em 2022, com queixas do prefeito Tião Miranda e do governador Helder Barbalho, por ocasião da assinatura da ordem de serviço para início das obras do Tecnored. Para ele, serviu de exemplo para a mineradora se tornar mais sensível com o município.
“Precisamos diversificar a base de produção e a Vale é importante para atuar na indução do modelo de desenvolvimento do Distrito Industrial. Na escala de produção, o Tecnored sempre deixou dúvidas. Para mim, o Tecnored, a Sinobras e a fabricação de tarugos são três pilares para uma nova fase de desenvolvimento de nosso município. Serão respostas para aquilo que lutamos. Nos bastidores, já nos deparamos com o desacreditamento do documento assinado pelo presidente da Vale, governador e prefeito de Marabá”, alertou.
Por fim, Saulo Lobo, gerente de relações institucionais da Vale em Marabá, reafirmou o compromisso da empresa com o termo de compromisso assinado com Marabá e disse que foram sete meses e meio de tratativas antes de ser assinado. “Tudo isso foi discutido em um fórum em que o relator, Mancipor Lopes, emitiu parecer dando atenção em relação à obra da ponte. Afirmo que 100% do que está no termo são políticas públicas municipais”.
VANDA FAZ COBRANÇA
A vereadora licenciada Vanda Américo também elogiou a aproximação da Vale com segmentos locais do comércio e poder público, mas ainda considera que há setores da Vale extremamente fechados e preconceituosos, como o de suprimentos. “Não mudou nada, continua sendo horrível o relacionamento com a Fundação Casa da Cultura de Marabá. Os contratos técnicos têm sido dados para empresas de Minas, a despeito de termos aqui profissionais qualificados”.
Para Vanda, é preciso mudar o relacionamento com profissionais graduados da região. Segundo ela, a FCCM presta serviço qualificado, tem excelentes profissionais de espeleologia, por exemplo, mas a Vale não contrata. “Não queremos só o Tecnored, mas outra fatia do mercado, que é nobre”.
Em relação às obras da ponte, disse que o projeto está encaminhando bem, mas não pode permitir que várias vias do São Félix não sejam contempladas com asfalto. “A comunidade do São Félix não pode ficar no pé da ponte sem nenhum benefício. Neste momento, estão só com a lama”, lamentou.
VALE APONTA NOVOS INVESTIMENTOS
Saulo lembrou que o termo de compromisso inicial para construção da ponte previa um aporte de R$ 75 milhões ao município, sendo R$ 65 milhões para pavimentação de vias públicas; R$ 5 milhões para aquisição de coletores de lixo; e outros R$ 5 milhões para investimento na área de saúde.
Mas, após os pedidos de vários vereadores, a Vale se comprometeu em garantir mais R$ 10 milhões para construção de um Pronto Socorro Municipal, totalizando R$ 85 milhões.
Ele elencou outros investimentos da Vale em Marabá em 2023, como construção de um Batalhão Rural para a Polícia Militar; Feira Coberta para o núcleo São Félix, entre outros que serão anunciados em breve. “Garanto para vocês que Marabá recebe hoje os maiores investimentos privados no Brasil. Estamos protagonizando momentos importantes”, finalizou.