Correio de Carajás

Vale fecha passagens no muro da EFC e moradores da Fanta reclamam

Moradores do Bairro Araguaia, conhecido também como Invasão da Fanta, que residem próximo aos trilhos por onde passam os trens da Mineradora Vale, estão inconformados com o fechamento das últimas passagens que restam nos muros que separam a ferrovia das residências. A empresa está fechando as passagens, como medida de segurança, para que a população evite atravessar os trilhos, arriscando a vida, e utilize a passarela construída.

Moradores alegam que passarela fica distante / Foto: Zeus Bandeira

Porém, a população alega que a distância da passarela para as residências é grande, quase 600 metros, fazendo com que eles precisem fazer uma volta maior apenas para atravessá-la.

Raira Oliveira é moradora da Rua dos Trilhos e tem uma filha de 11 anos que estuda na Escola Dr. Inácio de Sousa Moita. Ela precisa atravessar os trilhos para ter acesso à escola e agora terá que fazer um trajeto mais longo, devido ao fechamento das passagens.

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Raira fala da situação dos moradores / Foto: TV Correio

“Eu sempre orientava minha filha, antes da pandemia, quando ela tinha aula, sobre ter cuidado ao atravessar os trilhos. Agora, tanto ela quanto eu e outros moradores teremos que andar mais para termos acesso ao outro lado”, reclama Raira.

Ata da reunião feita entre a Vale e a comunidade / Foto: Zeus Bandeira

A autônoma explica que houve uma reunião da equipe de relacionamento com a comunidade da Vale, onde foi explicado aos moradores que seria construído o viaduto para a travessia dos trilhos, porém, segundo ela, não foi avisado que as passagens nos muros seriam fechadas.

“Gostaríamos que fosse feito um viaduto, pois há um trafego muito grande de pessoas aqui. A passarela fica distante das residências e muitos acabam desistindo de utilizá-la por conta disso. Se fosse construído um viaduto, facilitaria muito a nossa vida”, explica Raira.

Maria Martins é dona de casa e também reside na Rua dos Trilhos. Ela conta que na reunião com o representante da Vale o combinado foi a construção de uma passagem para os moradores e não o bloqueio dos acessos nos muros.

Maria conta que não está sendo cumprido o combinado na reunião com a Vale / Foto: TV Correio

“Já tem um ano que essa reunião foi feita e agora eles [a Vale] estão querendo bloquear os acessos dos muros. Vamos ficar presos, pois a passarela é longe e há pessoas que precisam atravessar os trilhos para irem ao supermercado, ao Posto de Saúde, etc. Como fica nossa situação?”, questiona Maria.

Ainda segundo os moradores, antes da equipe do Portal Correio chegar ao local o representante da Vale esteve e havia agentes da empresa de segurança, terceirizada pela mineradora, fortemente armados. “Eles estavam tentando nos intimidar, mas resistimos e chamamos a imprensa para ver essa situação”, conta Raira.

As equipes da construção dos bloqueios nas passagens sumiram após a chegada da Reportagem / Foto: Evangelista Rocha

VALE ESCLARECE

O Portal Correio procurou a mineradora para apresentar as queixas dos moradores e questionar sobre a necessidade da escolta armada no local. A Assessoria de Comunicação da Vale encaminhou a seguinte nota:

“A Vale informa que, com o objetivo de aumentar a proteção nas áreas de atuação da Estrada de Ferro Carajás, está concluindo serviços de construção do muro de proteção na faixa de domínio da ferrovia em Marabá. A estrutura irá garantir ainda maior segurança às comunidades e à operação ferroviária especialmente nas áreas urbanas, onde há a circulação dos trens. O trânsito seguro de pedestres e veículos no local permanece sendo assegurado por meio das três passagens oficiais criadas em diálogo com as comunidades: uma passagem inferior, uma passarela e um viaduto rodoviário. 

A Vale reforça que o trânsito mais seguro é responsabilidade de todos e ressalta a importância dos cuidados ao atravessar a ferrovia e para se se evitar acidentes na via.  Este cuidado merece ainda mais atenção porque um trem, diferente de um carro leve, pode percorrer até 1,5 km antes de parar completamente”.

Sobre a presença da escolta armada, mencionada pela população, a Ascom da Vale informou apenas que “sua atuação é pautada no diálogo com a comunidade e que, inclusive, mantém analista dedicado a esse relacionamento permanente com os moradores”. (Zeus Bandeira)