A vacina da chikungunya desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica franco-austríaca Valneva manteve resposta imune em 98,3% dos jovens vacinados após um ano da aplicação. Os dados obtidos no ensaio clínico de fase 3 (que avalia a eficácia e a segurança do imunizante) foram divulgados na segunda-feira (20) na revista científica The Lancet Infectious Diseases.
O estudo foi conduzido pelo Butantan com 750 adolescentes de 12 a 17 anos que vivem em áreas endêmicas da chikungunya no Brasil: São Paulo (SP), São José do Rio Preto (SP), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Laranjeiras (SE), Recife (PE), Manaus (AM), Campo Grande (MS) e Boa Vista (RR).
Em setembro do ano passado, o instituto publicou os primeiros resultados do ensaio em adolescentes, que detectou a produção de anticorpos em 100% dos voluntários com infecção prévia após 28 dias da vacinação, e em 98,8% daqueles sem contato anterior com o vírus. Após seis meses, a proteção se manteve em 99,1% dos pacientes.
Leia mais:Os resultados encontrados em adolescentes corrobora os resultados do ensaio clínico de fase 3 em adultos feito nos Estados Unidos, que incluiu 4 mil voluntários de 18 a 65 anos. Nele, a resposta imune foi de 98,9%, sustentada por, pelo menos, seis meses.
O Butantan e a Valneva solicitaram à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a autorização de uso definitivo no Brasil do imunizante, que é o primeiro do mundo para prevenir a chikungunya, com base nos resultados obtidos em adultos. A vacina já foi aprovada para utilização a partir dos 18 anos pela Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador dos Estados Unidos, e pela European Medicines Agency (EMA), da Europa.
Os dados do ensaio clínico realizado em adolescentes devem, agora, sustentar um novo pedido para que a aprovação seja ampliada para a faixa etária de 12 a 17 anos.
Assim como a dengue, o vírus chikungunya é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Segundo o Ministério da Saúde, os principais sintomas da infecção são o edema (inchaço) e a dor articular incapacitante, mas também podem ocorrer febre alta, dor de cabeça, dor muscular e manchas vermelhas na pele.
De acordo com a pasta, o vírus chikungunya também pode causar doença neuroinvasiva, que é caracterizada por agravos neurológicos, tais como: encefalite, mielite, meningoencefalite, síndrome de Guillain-Barré, síndrome cerebelar, paresias, paralisias e neuropatias.
Embora alguns dos sintomas possam ser confundidos com manifestações de outras doenças, como a dengue e a infecção pelo zika vírus, a chikungunya se difere das outras condições principalmente por causar dor e inchaço nas articulações.
(Fonte:CNN Brasil/Gabriela Maraccini)