Correio de Carajás

Uruará: Depois de operação do Ibama, clima fica tenso

Manifestantes cobraram a saída dos agentes do Ibama, que fiscalizam crimes ambientais / Fotos: Divulgação

Depois de permanecer 30 horas fechada por manifestantes contrários a uma operação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), a Rodovia Transamazônica (BR-230) finalmente foi desobstruída por decisão da Justiça. O protesto ocorreu na altura do quilômetro 180, município de Uruará. O grupo composto por madeireiros e pequenos produtores rurais reivindicava a saída dos agentes federais da área. A desobstrução aconteceu por volta das 17h30 de ontem (8).

Ainda na terça-feira (5), os agentes do Ibama apreenderam um caminhão carregado com toras de madeiras. Antes disso, segundo os manifestantes, a operação realizada pelo órgão deixou prejuízos orçados em R$ 700 mil, após queimar três caminhões, dois tratores e uma motocicleta em uma fazenda na estrada do Chapadão (vicinal 180 Norte), zona rural de Uruará, na região sudoeste do Pará.

Uma enorme fila se formou na Transamazônica por mais de 30 horas de protesto

À noite, o grupo de manifestantes cercou os agentes. No bate-boca acalorado um servidor do Ibama foi atingido com uma garrafa de vidro. O objeto causou ferimento na cabeça da vítima, que foi encaminhada a uma unidade de saúde pública. O agente passa bem.

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A Polícia Federal investiga esse caso, que também pretende apurar ação de madeireiros na região. Em nota, a Associação dos Servidores do Ibama informou que os agentes ambientais foram emboscados por um grupo de pessoas contrárias à fiscalização na noite de terça-feira. O MPF considera urgente a necessidade de investigação da agressão a fiscal do Ibama. O alerta consta em documentação enviada pelo MPF à Polícia Federal acompanhada de requisição de instauração de inquérito policial.

A pista foi interditada e o clima ficou bastante tenso na área

Inconformados com a operação do Ibama, os manifestantes interditaram a Rodovia BR-230, na entrada de Uruará, na manhã de quinta-feira, 7. O grupo ateou fogo em pneus e pedaços de madeira para impedir a passagem de veículos. Eles exigiam a presença de representantes do órgão. Uma longa fila de veículos se formou na estrada.

Segundo o prefeito de Uruará, Gilsinho Brandão, encaminhou à Justiça Federal o pedido de suspensão da operação. Segundo ele, o “Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) mantém uma base localizada na vicinal 140 Sul, Rodovia Transamazônica e na quarta-feira, dia 15 de abril de 2020, seus agentes iniciaram uma operação na área da T. I. Cachoeira Seca de combate a supostos crimes ambientais, notadamente supressão vegetal ocorrida nos últimos 4 anos segundo imagens de satélites, na ocasião inutilizaram (atearam fogo) numa máquina tipo trator de esteira D50 e visitaram lotes informando que as propriedades posteriores ao ano de 2011 teriam 10 (dez) dias para desocupar a área e que somente poderiam permanecer aquelas anteriores a 2011, que segundo os agentes seriam as únicas a serem indenizadas. Sob pena de se atear fogo nas casas e outras medidas administrativas”.

Para o MPF, a ação defende interesses escusos de infratores ambientais, os mesmos que atacaram violentamente os fiscais do Ibama na semana passada, e deve ser considerada improcedente, pelos riscos ambientais e também por favorecer a disseminação da covid-19 na região. (Antonio Barroso/freelancer)