A Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) completou, na última sexta-feira (5), sete anos de criação. Como forma de celebrar a data, o reitor Maurílio Monteiro convocou entrevista com a imprensa para anunciar as ações desempenhadas pela Unifesspa nos últimos anos, bem como projetar os próximos passos da respeitada instituição de ensino superior em meio à pandemia da covid-19.
Uma das ações previstas pela universidade para os próximos dias é a elaboração de um quadro epidemiológico, aos moldes dos divulgados pelo estado e pela prefeitura, que precise os números da virose do novo coronavírus em Marabá. “Queremos apresentar à sociedade, toda semana, um boletim com esse modelo epidemiológico, com pelo menos algum nível de precisão”, revela Maurílio.
De acordo com o reitor, os informes devem lançar previsões a respeito do comportamento da curva de contágio no município ao longo dos dez dias subsequentes, a contar da atualização epidemiológica. “Queremos mostrar quantas pessoas estarão infectadas em Marabá daqui a dez dias, a partir dos números que temos. Nós apresentaremos um modelo matemático, que pode ou não traduzir a realidade no período previsto”, argumenta ele.
Leia mais:Além do painel epidemiológico, Maurílio adianta, no mesmo pacote de medidas da universidade neste período, que profissionais da imprensa devem ser assistidos por uma nova fase do consagrado projeto “Circula Palavra”, da Faculdade de Psicologia da Unifesspa. “Nós queremos ampliar esse projeto. Queremos oferecer escuta psicológica e carinho, sendo esta uma forma de pronunciarmos que estamos juntos nesse enfrentamento”, sustenta o reitor.
Até então, apenas alunos da universidade eram atendidos pelo serviço de escuta psicológica. O Circula Palavra, esclarece Maurílio, não é psicoterapia, e sim acolhimento. Para a imprensa, não será diferente. “É um compromisso para que os profissionais da área recebam escuta, desenhos e insumos para informar a sociedade”, penhora ele.
VOLTA ÀS AULAS
Questionado pelo CORREIO quanto a uma possível articulação da reitoria para o retorno das atividades presenciais, o reitor expressou que nada foi decidido ainda. “Só que quando voltarmos, não teremos o mesmo público nas salas de aula. Nesse sentido, nós estamos realizando um debate de como retomar as atividades, visto que esse é um tema que interessa só à universidade, mas também à população”, salienta Maurílio.
Conforme o reitor, três grupos de trabalho foram montados como forma de estudar possibilidades de retorno das aulas. Há um primeiro grupo responsável pela biossegurança, outro para discussão da dinâmica didático-pedagógica no pós-pandemia e um último para abordar as atividades de extensão com vistas ao novo cenário. “Inclusive, eu estou querendo criar um quarto grupo para elaboração das atividades remotas emergenciais. Assim, nós manteremos a universidade viva e engajada”, sinaliza.
Para Maurílio, não basta discutir as medidas de prevenção ao contágio no retorno das atividades sem se avaliar os impactos da biossegurança nas práticas didático-pedagógicas que marcaram a Unifesspa ao longo dos últimos sete anos e que a fez formar milhares de profissionais. “Toda decisão tem de ser estudada, e os seus impactos, calculados previamente. Não adianta discutir medidas no campo da biossegurança sem se debater se essas resoluções são positivas ou negativas do ponto de vista didático-pedagógico. Temos que ter segurança, mas também ensino de qualidade”, analisa ele.
Mostrando-se atento aos acontecimentos de Marabá, Maurílio também falou — dentro do mesmo tema — que reuniu com o secretário de Infraestrutura da Unifesspa para que o plano de transporte dos alunos, com vistas à contratação da nova empresa concessionária de ônibus, fosse mensurado. “Eu pedi para ele [secretário de Infraestrutura] entrar em contato com a prefeitura para saber com quantos ônibus a linha Cidade Jardim contará para também discutirmos esse tema [o retorno das aulas]”, narra.
No início da pandemia, o Ministério da Educação (MEC) decidiu que as universidades públicas e particulares poderiam aderir ao ensino remoto como forma de dar sequência ao cronograma de conteúdos. Indagado pelo veículo sobre o porquê de a Unifesspa não ter concordado com essa alternativa, Maurílio manifestou que a realidade dos alunos não é a mesma para que a instituição adotasse o sistema. “Muitos alunos não têm acesso à internet, por isso decidimos não deixar ninguém para trás”, justifica o reitor.
HISTÓRIA DA UNIFESSPA
A Lei Federal nº 12.824, sancionada em 2013 pela então presidente Dilma Rousseff, criou a Unifesspa a partir do desmembramento do antigo Campus Marabá da Universidade Federal do Pará (UFPA), que já contava com maturidade acadêmica para recepcionar a nova instituição, tornando-se o campus sede da mais nova universidade federal da Amazônia.
Para a comunidade universitária, o momento é de destacar os importantes avanços da Unifesspa, mas também de rememorar uma história anterior de mais de 20 anos de construção do conhecimento, que serviu de base para que a região pudesse conquistar esse importante patrimônio.
O antigo campus universitário em Marabá, criado em 1987, como parte do projeto de interiorização da UFPA, teve como primeira coordenadora a professora Nilsa Ribeiro Brito. Os primeiros cursos ofertados foram Licenciatura Plena em História, Letras, Matemática, Geografia e Pedagogia. Até 2013, ano de criação da Unifesspa, o campus ofertava 16 cursos de graduação.
Na atualidade, a Unifesspa, com sua estrutura multicampi, contribui para a redução das assimetrias regionais e vem permitindo que centenas de pessoas possam ter acesso ao ensino superior de qualidade sem precisar se deslocar para os grandes centros urbanos.
Assim, milhares de jovens de baixa renda, negros, indígenas, quilombolas, camponeses e pessoas com deficiência passam a vislumbrar novas oportunidades de vida, a partir da formação e qualificação profissional.
Com a participação de alunos, professores, técnicos e membros da Administração Superior, de todos os campi, a solenidade de sete anos da Unifesspa foi marcada pelo sentimento de gratidão, celebração das conquistas já alcançadas e de reflexão acerca dos desafios pela frente.
Ao longo do dia, foram várias as manifestações de carinho e homenagens à instituição divulgadas pelas redes sociais. Com vídeos feitos de casa, os estudantes celebraram o dia agradecendo as oportunidades e desejando novos avanços. Em algumas das mensagens, foram destacadas a pluralidade e a diversidade que formam a Unifesspa.
Nesta quarta-feira (10), ainda durante as comemorações, será lançada a campanha “Retribuir Amor”. A iniciativa reunirá desenhos feitos por crianças entre 4 e 12 anos que demonstrem apoio aos profissionais que estão na linha de frente no combate à covid-19. (Vinícius Soares)