Na manhã do último sábado, 22 de junho, pesquisadores da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), autoridades políticas de São Geraldo do Araguaia e Xambioá (TO), acompanhados de líderes comunitários dos dois municípios identificaram dois sítios arqueológicos em um arquipélago que fica em frente à Vila Ilha de Campo, no município paraense. O achado impactou positivamente a rotina da Vila. A Reportagem acompanhou a expedição.
A comunidade da vila está curiosa com a descoberta e já questiona sobre quando as gravuras foram feitas, quem as fizeram, quais suas intenções, como elas foram grafadas na rocha e, consequentemente, o que elas significam do ponto de vista antropológico.
Uma das ilhas onde foi localizada as imagens, que ainda não tinha nome definido, foi batizada de Ilha das Gravuras, em referência à quantidade de grifos encontrados no sítio arqueológico. As maiores imagens observadas na ilha assemelham a corpos celestes, enquanto outras lembram machados, bigornas, entre outros elementos místicos.
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Encantados com as gravuras encontradas, os pesquisadores prometem iniciar estudos de catalogação das imagens e sugerem criação de um geoparque com fins a fomentar pesquisas e, consequentemente, incentivar a prática de turismo acadêmico, cultural e ecológico na vila, que fica localizada no interior da APA Araguaia.
O professor-pesquisador, doutor em geologia regional, Leonardo Brasil diz que a Unifesspa pode contribuir e tem interesse em realizar pesquisas científicas sobre os petróglifos encontrados na ilha.
“Estamos diante de dois importantes sítios arqueológicos. Encontramos várias gravuras que ainda não foram estudadas e nem catalogadas. Elas devem ser estudas e protegidas. Essas gravuras serão juntadas aos registros existentes nessa área e compor mais um sítio arqueológico no Araguaia. A Unifesspa pode contribuir com pesquisas e também na criação de um geoparque nessa localidade”, certificou Leonardo Brasil. Ele explica ainda que as gravuras estão cravadas em rochas de quartzito e de ardósia.
UNIFESSPA
Em nome da Unifesspa, o professor-mestre, Edson dos Anjos, falou em concentrar esforços para que os resultados das pesquisas realizadas sobre as gravuras se convertam em políticas públicas e material de divulgação e valorização patrimonial.
“Vamos articular esforços para obter suporte no desenvolvimento de conteúdos audiovisuais, livros infantis e exposições sobre esse grafismo rupestre que encontramos nessa ilha e assim tornar a universidade mais próxima da comunidade no sentido de fortalecer a pesquisa de extensão acadêmica alinhada ao turismo e cultura local”, destacou Edson.
SERRA DAS ANDORINHAS
A expedição contou também com o professor-pesquisador, Doutor em geografia, Eudes Leopoldo, que desenvolve uma pesquisa na região da Serra das Andorinhas sobre o patrimônio natural e cultural de São Geraldo do Araguaia. Para Eudes “os dois sítios arqueológicos identificados nessa ilha se juntam ao legado da Guerrilha do Araguaia ocorrida na região e aos outros atrativos turísticos locais proporcionando uma densidade ainda maior de valorização do patrimônio histórico, natural e cultural local”, destaca.
TURISMO
Para o secretário municipal de turismo, Jurandir Montenegro, os dois novos sítios arqueológicos abrem uma nova rota turística em São Geraldo do Araguaia. “A identificação dessas gravuras é de grande importância para alavancar ainda mais o turismo em nosso município. Estamos bastantes contentes com esse achado nessa região do Araguaia. Nossa gestão está empenhada em contribuir com mais esse benefício em favor das comunidades tradicionais de São Geraldo do Araguaia. Vamos potencializar essa rota turística”, detalhou.
ILHA DE CAMPO
Ouvida pela Reportagem, a moradora Jardeane da Silva e Silva, 23 anos, disse que as pessoas da vila já buscam capacitação para receber grupos de pessoas que desejam visitar a localidade interessadas em conhecer as gravuras. “O achado dessas gravuras representa muito pra gente aqui da vila. Estamos curiosos pra saber mais sobre elas. Vejo uma oportunidade incrível de a gente ter uma renda com turismo em nossa comunidade. Vamos nos organizar e nos preparar para receber bem as pessoas que pretendem visitar esse tesouro arqueológico que Deus nos presenteou”, exaltou.
XAMBIOÁ
O Secretário de Cultura e Turismo de Xambioá, Joaman de Assunção Alves, também presente na expedição, falou em nome do município tocantinense. “Estamos felizes por mais esse achado aqui na região do Araguaia. Essa descoberta abrilhanta ainda mais o projeto turístico de Xambioá. Com certeza vamos fazer articulação política necessária para criação de um geoparque nessa área e assim potencializar ainda mais o turismo nessa região do Araguaia. Enfim, estamos juntos organizando um banquete arqueológico para, posteriormente, deliciármos dos frutos produzidos a partir dessa expedição”, enfatiza.
DESCOBRIDOR DAS GRAVURAS
As gravuras foram achadas por Samuel Barroso, militar aposentado que tem o Rio Araguaia como a extensão de sua casa. Ele contou aos pesquisadores que se deparou com as imagens durante uma de suas pescarias no Araguaia.
“Estava pescando por aqui e enquanto procurava local para montar o acampamento encontrei essas imagens. Fiquei encantado com o que vi. Na hora me lembrei do meu pai, Dico Barroso, que sempre contava histórias sobre a existência de desenhos nas pedras do Araguaia. Fico feliz em saber que estou podendo contribuir com a comunidade local e também com a ciência”, ressaltou Samuel.
CÂMARA DE VEREADORES
O vereador Romulo Assunção foi um dos articuladores políticos para a expedição acontecer com mais celeridade. “Acompanho essa expedição, na condição de vereador, com objetivo de poder contribuir com o crescimento integral das pessoas dessa comunidade. Vamos reunir esforços políticos para iniciar o processo de criação de um geoparque objetivando valorizar ainda mais o turismo nessa comunidade e adjacência”, adiantou. (Nilson Amaral – freelancer)