Correio de Carajás

Uma voz que ecoa em favor da mata ciliar de Marabá

Vitória Barros conquista espaço em cenário nacional de arte enquanto prepara sua 1ª exposição individual após hiato de 10 anos

Vitória Barros está de volta à produção artística. Ao fundo, a mata ciliar sobre a qual ela pinta e ajuda a proteger

Ao mesmo tempo em que faz os últimos preparativos para uma de suas exposições individuais mais esperadas – agora em setembro – a experiente artista marabaense Vitória Barros participa de uma jornada com alguns de seus trabalhos por exposições de prestígio e em publicações especializadas em artes plásticas por várias partes do País.

Vitória passou por um hiato de pouco mais de uma década sem entrar em seu ateliê para produção em função da dedicação exclusiva aos cuidados com seu marido, Silvio Castanheira, que faleceu no início de 2020. Ela ainda demorou para pegar no pincel novamente e, agora, nos brinda com trabalhos belíssimos e que fazem sucesso Brasil afora e até no exterior (França e Espanha).

Primeiro, Vitória participou, há pouco mais de um mês, da Expo Brasil Expressões, onde recebeu expressiva votação online e ainda ganhou Menção Honrosa no evento.

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Angélica Frabbri, diretora do museu (E), Lícia Vallim e Carla Portinari na exposição em que Vitória está participando

Mais recentemente, a artista marabaense recebeu Menção Honrosa por um de seus trabalhos que está em exposição no Museu Casa de Portinari, como parte das comemorações da 48ª Semana de Portinari, para celebrar os 110 anos de Brodowski, cidade natal do pintor Cândido Portinari, em São Paulo.

Entre os cerca de 200 artistas participantes, Vitória ficou entre os seis prestigiados com Menção Honrosa. “Estou muito feliz com essa notícia, porque o cenário brasileiro de arte, com tantos nomes de expressão no Sul e Sudeste, tem muitos artistas de renome”, comemora Vitória Barros.

O trabalho dela que foi à exposição vai compor sua individual “Labirintos da Fauna”, na Galeria que leva seu nome, no bairro Novo Horizonte, em Marabá. Nela, a artista mostra sua sensibilidade depois de mais de quatro décadas vivendo de frente para uma floresta encantada na área de proteção permanente do Rio Tocantins, próximo à foz do Rio Itacaiunas, onde mora até hoje.

A pintura, segundo ela, revela sua busca em dar voz aos animais dessa mesma mata ciliar, em uma narrativa que desperta olhares sensíveis para a riqueza da biodiversidade e para os desafios dramáticos que muitas vezes passam despercebidos no cotidiano e nos interesses urbanos. Através de uma rica composição repleta de elementos, a obra mergulha no contexto estético das regiões do Tocantins e Amazônia, explorando o delicado equilíbrio do habitat ciliar, que é insubstituível nessa região de fronteira aquífera.

Com um apelo visual que transmite aconchego e bem-estar, Vitória não apela para imagens de destruição, mas sim expressa seu testemunho ocular de dor diante dos dramas contemporâneos presentes nesses trechos da mata ciliar.

Cris Marcos (Esquerda) e a artista Lícia Vallim ao lado de uma das obras de Vitória Barros, em São Paulo

“É um convite à reflexão sobre a constante disputa entre a natureza e a construção dos espaços da cultura social, com um apelo por proteção e preservação dos ambientes naturais. A obra, inserida no complexo sistema ecológico da região sudeste do Pará, na margem dos rios Tocantins e Itacaiunas, carrega consigo não apenas uma preocupação ambiental, mas também uma expressão artística que visa transmitir o testemunho visual e emocional da artista sobre esses desafios contemporâneos”, diz a artista.

Quem já teve o privilégio de bisbilhotar os quadros e algumas esculturas-instalações que vão compor a exposição “Labirintos da Fauna”, conta que é uma das mais vibrantes e reflexivas que já viu da artista.

Outros trabalhos de Vitória, da mesma lavra de “Labirintos da Fauna” foram selecionados – e muito elogiados – para duas publicações. A Revista “284 Gallery” também fez sua seleção para a exposição “Identidade Brasileira”, com 30 artistas contemporâneos.

Mas as obras de Vitória estão, também, em espaço privilegiado na revista Arte & Estilo, edição bilingue número 12. A jornalista Thaysa Carreiro, que edita a revista, ficou impressionada com a sensibilidade da artista marabaense. “Quando a gente olha para os trabalhos de Vitória Barros, a gente já enxerga uma identidade peculiar, que pode ser reconhecida em qualquer lugar. As cores e temas que ela utiliza dão essa identidade incomum. Ela fala da biodiversidade, da fauna, da flora, baseada em um testemunho pessoal. Tem também amor envolvido. Vitória é uma artista brilhante, que enalteceu o trabalho de nossa revista”, elogiou.

SAIBA MAIS

O Clube de Artistas, com 30 artistas e curadoria de Adriana Scartaris, Galerista de Lisboa/Portugal e Licia Vallim de Ribeirão Preto SP/Brasil, está presente na exposição da 48ª semana de Portinari, em Brodowski SP/Brasil.

A sobrinha neta do artista Cândido Portinari, Carla Portinari, esteve presente na exposição com sua banda, no dia da premiação dos artistas.

A exposição termina no dia 10 de setembro e segue a itinerância para o Centro Cultural Chafi Miguel Salomão, de Cravinhos SP, Galeria de Artes CHFaria no Ribeirão Shopping, em Ribeirão Preto (SP) e Museu da Cidade, em Sertãozinho (SP). (Ulisses Pompeu)