Nem bem a Desmonte deixou de lado a ideia inicial de focar no dream pop de bandas como o Terno Rei e migrar para o estilo psicodélico e os integrantes perceberam que, com tantas referências que carregavam, não conseguiriam permanecer presos a um estilo único.
Decidiram, então, deixar o som fluir após serem contemplados pelo edital Cultura em Movimento, da Lei Aldir Blanc de Marabá, e entraram no estúdio com R$ 7.500 para produção de um disco que está saindo do forno com oito músicas inéditas de rock com pegada pop, mas que também passeiam pelo blues, pela MPB e por um pouco de tudo o que forma os integrantes enquanto artistas.
“Decidimos fazer o que viesse na cabeça e pretendemos passar muito das nossas vivências, principalmente minhas e do Luiz (Farias, guitarrista), porque a gente compõe. Ele escreve muito sobre situações que viveu, momentos específicos que passou, e eu sobre coisas que vejo, sobre pessoas e amores de outras pessoas, escrevo muito sobre isso, mas a faixa Talvez é sobre mim, algo que vivi. São registros de momentos e histórias nossas, cantadas de maneira poética. A gente também passa muitas referências que temos, de Boogarins, de Clube da Esquina…”, explica o vocalista Felipe Ramos, em entrevista ao Correio de Carajás.
Leia mais:A primeira parte de Holothuria, álbum de estreia da Desmonte, foi lançada nas plataformas de streaming neste final de semana e apresenta um terço do trabalho mais denso da banda até então.
O título faz referência ao nome científico do pepino-do-mar e, apesar de não sabermos se ele gosta de um bom rock, os membros da Desmonte se identificam com o invertebrado, que inspirou o poema Autotomia, da escritora polaca Wisława Szymborska e, consequentemente, a forma como a banda vê as próprias composições.
“Quando a holothuria se sente ameaçada ela se divide em duas. Uma parte deixa para trás e foge com a outra para sobreviver. É uma metáfora sobre recomeço, sobre a importância de se bifurcar, de deixar o eu antigo morrer e sobreviver com o novo, seguir em frente como uma nova pessoa, se renovar diante de situações”, explica o vocalista.
O músico ressalta que as letras do álbum tratam intensamente deste assunto. “Como, por exemplo, Refazer, Hoje Aprendi a Ser Só e Fim, que é uma música sobre suicídio, mas com uma mensagem sobre medo e sobre a gente precisar encarar ele. Nossas músicas têm muito sobre lidar com os problemas do passado, mas sem viver neles”, esclarece.
Dentre as canções citadas por ele, Refazer foi lançada como single no ano passado, mas constará no álbum. Hoje Aprendi a Ser Só e Fim foram lançadas agora, junto de Talvez. “É um projeto de um álbum que a gente decidiu lançar em três partes. A primeira lançamos agora, a segunda será no mês que vem e a última no final do ano, para então juntarmos tudo”, adianta o vocalista.
A obra é um trabalho 100% marabaense, tendo sido iniciado em março deste ano, quando a banda começou a gravar no Legacy Studio Marabá, aos cuidados de Carlos Nava. Em seguida, o álbum foi mixado e masterizado na Subsoundprod, com Mario Serrano. Além da primeira parte do álbum, nesta semana ocorre o lançamento do clipe de Talvez, previsto para 19 horas desta quarta (20), com divulgação nas redes sociais da banda.
“É o nosso projeto mais ambicioso e a expectativa é boa. A gente sente um pouco de medo de saber se as pessoas vão gostar ou não, aquela insegurança de todo artista sobre seu trabalho, mas até agora está sendo bom. As pessoas deram feedbacks bacanas, disseram que gostaram, disseram que há potencial para chegar a nível nacional e essas coisas nos dão um gás, amenizam um pouco da insegurança que a gente tem sobre nosso trabalho”, finaliza Felipe Ramos. (Luciana Marschall)
Para dar o play:
Ficha Técnica:
Composições: Felipe Ramos e Luiz Farias
Vocal: Felipe Ramos
Baixo: Lucas Athaydes
Guitarra: Luiz Farias
Teclados e controladores: Wille Galvão
Bateria: Giordano Bruno
Capa: Felipe Ramos
Produção musical: Legacy Studio Marabá (Carlos Nava) e Subsoundprod (Mario Serrano)