A “Princesinha do Sul do Pará”, como é conhecida Curionópolis, virou plebeia na gestão de Adonei Aguiar durante quatro longos anos. O último ato de seu governo desastroso foi mandar deletar todos os arquivos que haviam nos computadores das secretarias municipais, numa tentativa de apagar os rastros do que fez de errado e, ainda, dificultar ao máximo o início da gestão de Mariana Chamon.
Adonei entregou a cidade sucateada, endividada e suja como uma plebeia mal cuidada. Quando se pensava que suas maldades haviam terminado, no dia 31 de dezembro, à tarde, ele mandou deletar todos os arquivos dos computadores das secretarias.
Nesta quarta-feira, 6 de janeiro, a prefeita Mariana recebeu um relatório preliminar de grande parte dos problemas herdados da gestão anterior. Ela explicou convidou uma equipe de peritos para avaliar as condições dos bens móveis e imóveis da Prefeitura e o que se viu até agora espantou a todos. “Como todos sabem, a gestão passada não contribuiu em nada com o processo de transição. Recebemos o município da pior forma possível. Não nos entregaram patrimônio público e nenhuma documentação importante”.
Leia mais:Até a tarde de ontem, 15 computadores tinham sido periciados e pertencem à Licitação, Compras, Secretaria de Meio Ambiente, Procuradoria, Contabilidade e Finanças. “Em todos eles tivemos o mesmo modus operandi, ou seja, formataram, reinstalaram o sistema, mas os arquivos foram deletados e não há informações sobre Folha de Pagamento, contabilidade da Prefeitura, fornecedores”, explicou o engenheiro civil Jesus Castanheira, membro do IAPEP – Instituto de Avaliações e Perícias do Estado do Pará.
Com ajuda dos peritos, a prefeita Mariana Chamon mostrou o computador da Secretaria de Finanças, por exemplo, que teve todo seu conteúdo apagado às 14h37 do dia 31 de dezembro de 2020, ou seja, no último dia da gestão de Adonei Aguiar.
Ela fez questão de convidar para acompanhar o trabalho dos peritos, um representante do Cartório de Notas do município de Curionópolis, e ainda procuradores concursados do município.
Muitos outros computadores e impressora sem condições de uso (sucata) foram encontrados nos prédios das secretarias, sem que tenham sido substituídos no momento adequado.
O perito revelou à prefeita Mariana Chamon que o prédio da Secretaria de Saúde apresenta a pior situação, inclusive para os profissionais desenvolverem as suas atividades.
“Vamos, ao final, emitir um laudo de produção antecipada de provas com dados de todas as secretarias, escolas, centros de saúde, o qual será entregue ao setor jurídico do município, que por sua vez dará encaminhamento aos órgãos de Justiça”, disse.
Na Secretaria de Terras do município, caixas de documentos, como escrituras e certidões de propriedades privadas, estavam espalhadas pelo chão e sem nenhuma organização.
No Hospital Municipal Elcione Barbalho, inaugurado recentemente, a situação é ainda pior. Lá, o lixo hospitalar estava sendo descartado na porta da casa de saúde, junto com o lixo comum. Luvas, seringas estavam jogando praticamente no meio da rua, desafiando a saúde pública. “Também não havia nenhuma ambulância no patrimônio do município”, revela a prefeita.
Merenda escolar estava vencida há cinco meses
A perícia também mostrou à prefeita Mariana Chamon, de Curionópolis, que no Departamento de Merenda Escolar da Secretaria Municipal de Educação encontraram muita carne moída com vencimento em 7 de agosto de 2020, portanto há cinco meses.
Também havia estoque de farinha de puba armazenada de forma irregular e sem data de validade na embalagem.
Aliás, quando a Reportagem do CORREIO chegou ao prédio do Departamento de Merenda Escolar, mais parecia uma casa abandonada e mal-assombrada. O mato cresceu tanto em torno do imóvel que parecia que ninguém andava por ali há vários meses.
Mariana Chamon lamentou que os produtos não tenham sido entregues aos estudantes durante o período de pandemia, como havia orientação do Ministério da Educação. “Isso nos dá ideia do descaso com a educação e os estudantes deste município. Carteiras escolares estavam em condições inadequadas para utilização e permaneciam em sala de aula”, lamenta.
Um caminhão seminovo, com apenas 16.000 quilômetros rodados, foi encontrado no pátio da Prefeitura sem motor e sem caixa de marcha, assim como ônibus escolar doado pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
As condições de alguns desses ônibus que operam no transporte escolar na zona rural são preocupantes e todos passarão por avaliação técnica, segundo a prefeita.
Álcool em gel e até máscaras doados pela Vale “mofando”
Outro fato lamentável nos primeiros dias de gestão de Mariana Chamon e identificado pela perícia foi a grande quantidade de álcool em gel e máscara doados pela mineradora Vale há vários meses e que estavam “mofando” nos fundos de um depósito da Secretaria Municipal de Obras.
Os produtos foram doados para serem repassados à população e aos profissionais de saúde, como forma de proteção ao novo coronavírus. “Dói o coração em saber que a comunidade tem carências de insumos que o município dispunha mas escondia”, disse a nova gestora.
Mariana deixou claro que o cenário de terra arrasada encontrado em Curionópolis não será motivo para decretação de Situação de Emergência para efetuar compras sem licitação. “Estamos mostrando como estamos encontrando cada setor da Prefeitura para nos respaldar juridicamente. Mesmo diante de todas as adversidades, vamos realizar licitações para aquisição de produtos e serviços necessários para atender a nossa comunidade”, garantiu Mariana Chamon.