Marabá e região vão ganhar 17 novos médicos a partir da semana que vem. Isso porque os alunos da Universidade do Estado do Pará (Uepa), que formam a primeira turma de Medicina da cidade, receberão o diploma de bacharel durante a colação de grau, que será realizada na próxima quarta-feira, dia 19, a partir das 18 horas, no Carajás Centro de Convenções.
Iniciada em 2013, a turma serviu como modelo para melhorias e aperfeiçoamentos na instituição, além de ter travado uma luta por vários anos pela construção do prédio próprio dentro do campus para benefício da comunidade acadêmica. O curso de período integral teve a duração de 12 semestres na modalidade bacharelado e hoje tem a coordenação do Prof. Dr. David José Oliveira Tozetto.
De acordo com Danielle Monteiro, coordenadora geral da unidade Uepa, Marabá e região serão beneficiadas com a formatura dos novos profissionais. “É um marco para a educação formarmos médicos para a região sudeste do estado. É muito gratificante para todos nós que trabalhamos com o ensino superior. Nos reorganizamos enquanto campus para poder ofertar esse curso aqui”, afirma.
Leia mais:Segundo a coordenadora, vários órgãos públicos e privados colaboraram para que o curso fosse ofertado. Diversos profissionais e servidores foram qualificados para atenderem a demanda. “A primeira turma é sensacional, pessoas que eu tenho orgulho porque foram profissionais que se dedicaram às atividades do curso”, conta.
LEGADO
Para Danielle, a turma de 2013 deixa um legado para as turmas em andamento e as próximas que entrarão. De acordo com ela, graças aos formandos foram criadas entidades e organizações desportivas que seguem atuantes no campus, como: o Centro Acadêmico de Medicina, as ligas acadêmicas e a atlética do curso.
Com orgulho, a coordenadora contou à Reportagem do CORREIO que os alunos estagiaram em Marabá, Belém, outros estados e até fora do Brasil. “Temos casos de alunos que fizeram estágio no Chile. Para quem não conhece a atuação do aluno, ela tem sido de forma muito intensa. A construção do conhecimento não fica só a nível de sala de aula, não tem como. Temos espaços de estágios em órgãos públicos e privados”, explica.
PRÉDIO FOI CONQUISTA
O anexo, entregue em 2017, foi resultado de incansáveis manifestações por parte dos alunos e reportagens na Imprensa, muitas delas aqui nas páginas do Jornal CORREIO. A nova ala, hoje pronta, possui três pavimentos, 12 salas de aulas gerais e mais seis para tutoria, além de espaço para as coordenações dos cursos de graduação; professores, reunião, informática e laboratório. O local também possui elevador e estrutura adaptada para pessoas com deficiência.
O estudante Samuel Cardoso Sá relembra a peleja dos colegas para conseguirem a conclusão do prédio. Segundo ele, que é o representante da turma de 2013, requerimentos foram feitos e houve muita conversa com a reitoria e pressão ao então governador do Estado, Simão Jatene, para que o espaço fosse conquistado. “Nós utilizamos nossos instrumentos como estudantes. O movimento estudantil começou quando fundamos o Centro Acadêmico. Fazíamos nossas reuniões para ter nossos direitos e sempre melhorar”, explicou.
Na comparação com as novas turmas de Medicina, Samuel faz uma comparação ao contar como foi a experiência do grupo. “A estrutura mínima existia, mas não era ideal. Hoje, essa estrutura já existe e isso possibilitou uma melhor organização. Isso não quer dizer que éramos jogados, não existe isso. Tinham adaptações que foram feitas e úteis, que serviram para o que tinham de servir”, contemporiza.
Entenda
A primeira turma de médicos formada pela Uepa em Marabá terá sua colação de grau na próxima quarta-feira, dia 19, a partir das 18 horas, no Carajás Centro de Convenções.
Novas turmas recebem novo método de ensino
Durante a formação dos alunos, os professores da Uepa utilizam o método de ensino aprendizagem diferenciado (PBL – Problem Based Learning) que é centrado no estudante, permitindo a abordagem interdisciplinar e integral das situações de saúde da população. E enfatizando a postura humanista e ética diante da profissão e do paciente, de acordo com as recentes diretrizes de Ensino para os cursos médicos.
De acordo com a professora Ivete Ribeiro, a mudança do ensino tradicional para o PBL é fundamental porque focaliza no aluno. “No método tradicional, o professor é o foco, então, só ele fala, os alunos escutam e eventualmente tiram dúvidas, e o estilo de sala é com muito alunos. No PBL é o contrário, onde o foco é o aluno, as salas são menores, comportam em média 10 alunos. Desse modo eles participam mais, estimulamos eles a pensar, criticar, gerar hipóteses. Assim eles não ficam esperando somente o professor falar, por exemplo”, explica.
Para o estudante do segundo período de medicina, Pedro Stermer (18), no início foi difícil se adaptar ao método, mas hoje ele já se considera um defensor da metodologia. “Prefiro um estudo ativo, apesar de ter alguns pontos negativos porque muitas vezes parece que os professores não estão muito preparados para atuarem com o método e acaba que fica muito pesado para o aluno”, esclarece.
Outro estudante que defende a metodologia é Otávio Queiroz. Segundo ele, os alunos são estimulados a buscar problemas e estudar sozinhos. “O professor não está ali para te ensinar, mas sim para orientar. Dentro disso temos vários eixos, como a tutoria, que é uma forma de debate, o morfofuncional, que é a prática de estudo, onde a gente já recebe um roteiro do professor mais direcionado, mas aí nós temos que fazer nosso próprio estudo. Temos a parte de habilidade, que é onde nós mais temos a intervenção dos professores, mas porque realmente precisa já que é a prática mais voltada para o lado profissional”, detalha. (Karine Sued)